Ataque a Tarcísio Meira, Mauro Cezar e a disseminação gratuita do ódio

Ofensas, xingamentos e comentários maldosos estão cada vez mais comuns na web e são feitos por pessoas que se escondem atrás de telas

Imagem de capa - Ataque a Tarcísio Meira, Mauro Cezar e a disseminação gratuita do ódio

A internet hoje em dia se tornou um ringue de luta, só que sem juiz, e os golpes baixos acontecem por meio de posts ou comentários agressivos.

Mais uma vez, os haters colocaram suas manguinhas de fora e buscaram chamar atenção. Dessa vez, o alvo foi o ator Tarcísio Meira, de 85 anos. A publicação de uma foto antiga, ao lado da esposa, Glória Menezes, de 86 anos, virou motivo de tristeza.

O artista recebeu mensagens de ataque que diziam: “Velho Miserável”. “Está com o pé no caixão”. Ou seja, foi atacado por pessoas que não tiveram o menor pudor em destilar raiva. Diante dessas ofensas, Tarcísio questionou: “Por que tanto ódio? Isso é de entristecer”.

“É block e vá cuidar da sua vida”

Além dele, recentemente, um dos jornalistas esportivos mais famosos do Brasil, Mauro Cezar Pereira, afirmou que suas opiniões nem sempre agradam a todos, por isso, é alvo constante de ofensas.

Aos 57 anos, Mauro observou em entrevista ao LANCE! que o fato de ser uma pessoa pública não significa ter que aceitar ser humilhado.

“Já bloqueei muita gente no Twitter porque me ofendem. Aí perguntam: ‘Ah, mas você bloqueia por qualquer coisa’. Os caras me chamam de mau caráter pra baixo e eu tenho que ficar lendo isso? Não. Eu não quero ter contato com esse tipo de pessoa. É block e vá cuidar da sua vida. Agora, quer discordar numa boa, vamos debater e fazer isso de uma forma civilizada, acho até muito saudável.”

Como o ódio viralizou no Brasil

Esse tipo de ataque maldoso e sem sentido começou muito antes da internet existir. Em escolas, faculdade e até mesmo em empresas, conheci pessoas que tinham raiva de outras sem qualquer motivo aparente para isso.

Dominadas por um sentimento de ódio, falavam mal, denegriam a imagem e, até mesmo, espalhavam informações inverídicas a respeito da vítima.

É claro que com a propagação da internet, o comportamento viralizou. O maior problema, talvez, seja que a inserção no online se deu apenas pela compra de smartphones e notebooks, não houve qualquer tipo de instrução educacional para que as pessoas aprendessem a ter bom senso nas redes.

Assim, quando tiveram acesso a web, boa parte dos brasileiros viu uma oportunidade de expor “seus pensamentos ofensivos”. Oportunidade porque os haters fazem uma agressão “invisível”, porque são incapazes de criticar, xingar e ofender outras pessoas pessoalmente e se escondem atrás das telas.

Por outro lado, os traumas para as vítimas podem ser bem reais, uma vez que podem atingir injustamente a imagem pública e influenciar outras pessoas a respeito. Assim, é comum aumentar casos de depressão, pensamentos suicidas entre outros transtornos emocionais.

Respeito que vem pela lei

Os crimes de discurso de ódio estão cada vez mais presentes nas redes sociais e até mesmo nos meios de comunicação jornalísticos. O número crescente de denúncias chamam atenção do Estado e da sociedade.

No que diz respeito a punição, a legislação brasileira está defasada, ao passo que a comunidade internacional já elaborou medidas eficientes de combate para tal.

A Alemanha, por exemplo, tem uma política de tolerância zero às publicações de discursos de ódio. Na legislação apelidada de “lei Facebook”, as redes sociais devem punir com expulsão ou bloqueio qualquer usuário que manifeste algum tipo de ofensa que tenha origem em determinado discurso de ódio.

Se as plataformas não tirarem publicações com conteúdo criminoso em até 24 horas após a notificação, as redes podem sofrer punição com multas que vão até 50 milhões de euros (mais de 335 milhões de reais).

Aprendendo a ter bom senso

A internet pode ser usada para o bem e para o mal. Como vimos, muitos preferem utilizá-la para o mal, atacando outras pessoas. Tenho dó de quem age dessa forma, porque deve viver angustiado, amargurado.

Por isso, caso você se encaixe nesse perfil, gostaria de deixar uma reflexão: “e se fizessem o mesmo com você ou com alguém que você ama? Como você se sentiria”?

Não devemos fazer com as pessoas o que não gostaríamos que fizessem conosco ou com quem apreciamos. É uma frase clichê, mas pouco colocada em prática nos dias atuais.

E, para as vítimas desses ataques frequentes, é importante saber que qualquer pessoa que esteja no caminho do sucesso se depara com os haters. Nesse caso, a melhor arma para combater o ódio é reunir provas e denunciar. É possível fazer a denúncia no 190, pelo Disque Denúncia,181, ou em uma delegacia especializada em crimes virtuais.

Por último, e não menos importante, é essencial não entrar na mesma sintonia dos agressores, porque alguém que precisa agredir o outro para se sentir melhor e forte não merece nada, além de pena.

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Colaborador

Refletindo sobre a notícia por Ana Carolina Cury | Do R7 / Foto: Getty Images