Ataque a torcedores israelenses em Amsterdã expõe crescimento alarmante do antissemitismo

Torcida do Maccabi Tel Aviv sofre agressões em um cenário preocupante

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Amsterdã. Foi lá, na Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial, que mais de seis milhões de judeus foram perseguidos e exterminados simplesmente por serem judeus. A cidade e o continente carregam marcas profundas dos horrores do Holocausto, um período em que o preconceito e o ódio atingiram proporções genocidas que nossa inteligência não é capaz de entender.

Embora o mundo tenha prometido “nunca mais” permitir tal atrocidade, eventos recentes reabrem essa ferida, revivendo o trauma de muitos que sobreviveram ou perderam familiares nesse horror.

Ontem era para ter sido um dia de diversão. Amir e seus colegas saíram para assistir ao jogo de seu time, o Maccabi Tel Aviv, em Amsterdã. No entanto, o que deveria ser um passeio rapidamente se transformou em pesadelo. No meio das tensões e manifestações pró-palestinas, 200 torcedores se viram cercados e foram brutalmente atacados.

Após a partida contra o Ajax, válida pela Liga Europa, os agressores, em número superior, cercaram os israelenses, lançando objetos e proferindo insultos antissemitas. Em meio ao caos, alguns tentaram fugir pelos canais da cidade para escapar das agressões.

“Parecia uma armadilha”, contou Amir ao jornal The Jerusalem Post. A polícia local interveio, resultando na prisão de 62 pessoas, mas o jovem disse que os policiais deixaram os torcedores sozinhos e não providenciaram escolta desde que eles embarcaram nos trens até chegarem aos hotéis.

“A polícia holandesa nos entregou para que fossemos linchados”, contou um torcedor ao escapar do ataque e chegar ao aeroporto de Amsterdã ferido e ensanguentado.

Os israelenses foram orientados a não saírem nas ruas após os ataques, aumentando a sensação de tensão e insegurança entre a comunidade. O clima de medo se espalhou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou o ocorrido, classificando-o como um “ataque antissemita premeditado” e anunciou o envio de aviões para resgatar os israelenses.

O preconceito mora ao lado

A situação deixou um rastro de medo e incertezas. Um rastro que tem nome: antissemitismo. A violência em Amsterdã só mostra que atrocidades condenadas outrora podem se repetir num piscar de olhos, mesmo em locais historicamente marcados pelo sofrimento de comunidades perseguidas.

O aumento do antissemitismo não é apenas um reflexo do passado, mas também uma prova de que a intolerância encontra novas formas de se manifestar, especialmente em tempos de tensão política.

guerra no Oriente Médio, com todas as suas complexidades, desperta paixões e divergências. No entanto, independentemente de opiniões políticas sobre o conflito, jamais deveria haver espaço para crimes como esse.

Segundo o cientista político especialista em Israel, Oriente Médio e Segurança Nacional, André Lajst, esse ataque brutal deve alarmar a todos.

“Há de haver tolerância zero para a agressão de um grupo de pessoas motivada apenas por sua identidade. É assustador que isso esteja acontecendo nas vésperas do aniversário da Noite dos Cristais, onda de violência antissemita na Alemanha em 1938, que deu início ao genocídio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Como afirmou o Yad Vashem, no museu do Holocausto de Jerusalém, o que aconteceu ontem foi um verdadeiro pogrom (ataque violento em massa contra uma comunidade específica, geralmente minoritária, motivado por ódio étnico ou religioso) e demonstra o crescimento alarmante do antissemitismo no mundo, sobretudo após o massacre realizado pelo Hamas no dia 7 de outubro”.

Realidade distorcida?

Toda vez que Israel age contra os ataques terroristas em seu território, protestos violentos acontecem e a comunidade judaica acaba sendo vítima.

Porém, o que pouco se fala é que os grupos terroristas que dedicam suas vidas à destruição do estado de Israel são especialistas em marketing. Eles conseguem transformar quase tudo a seu favor e muitos ‘compram a ideia’ de tudo que sai na internet, sem verificar os fatos.

Afirmar que o embate é entre Israel e o mundo árabe inflama ódio e gera reações diferentes na população. Israel defende que o conflito é entre o país e os grupos terroristas. Por isso, todos aqueles que prezam pela paz, pela liberdade, pela democracia e que são solidários a Israel e à Palestina precisam se atentar a isso.

Ou apoiamos a democracia, ou compactuamos com ações terroristas. Uma pessoa pode mostrar solidariedade ao povo palestino, por exemplo, e, ainda assim, se opor ao terrorismo desses grupos.

A violência sofrida pelos torcedores levanta uma questão crucial: não é correto atacar um povo por causa de uma guerra. O episódio em Amsterdã serve como um alerta para a necessidade de combater o antissemitismo e todas as formas de discriminação e reforçar que decisões políticas não podem resultar em perseguições ou agressões a inocentes.

A sociedade deve se lembrar de que a dignidade humana não é um argumento, mas uma verdade inegociável. Promover o diálogo é um passo essencial para evitar que as tragédias do passado se repitam.

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Colaborador

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury