Cerca de 90 pessoas, a maioria idosos, participaram da aula sobre golpes financeiros e taxações indevidas realizada no sábado, 29 de março, na central do programa social Calebe Universal na capital paulista.

A ação é realizada sempre no último fim de semana do mês e não ocorre por acaso. Só nos três primeiros meses de 2024, foram registradas 42.995 denúncias de violações contra pessoas de 60 anos ou mais na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) e de acordo com a última pesquisa da Serasa Experian, o Brasil registrou no ano passado mais de 11,5 milhões de tentativas de fraudes contra o consumidor, ou seja, uma tentativa a cada 2,8 segundos. A faixa etária acima de 60 anos foi a que apresentou o maior aumento nas investidas dos criminosos, chegando a 11,9% do total.

Ferramenta contra os golpes

Durante a aula, o palestrante Janderson Menezes da Silva, educador financeiro e especialista em direito do consumidor, destacou que a palestra é uma ferramenta para combater as artimanhas dos criminosos. “Tais encontros são importantes, porque a terceira idade é mais vulnerável. Há um índice muito alto de idosos que, devido às novas tecnologia e ao crescimento da internet no mundo, não conseguem acompanhar a evolução. Então, é essencial oferecer oportunidades de prevenção, para que eles não caiam em golpes financeiros”, apontou.

Conforme o especialista, os exemplos mais comuns de golpes envolvem pessoas se passando por funcionários de banco, pedindo confirmação de empréstimo bancário consignado à aposentaria, oferecendo juros baixíssimos; mensagens de WhatsApp de um suposto amigo, ou parente pedindo ajuda, ou ainda e-mails da companhia de energia elétrica solicitando uma suposta atualização de dados cadastrais.

Maria Aparecida Pataka, de 79 anos, está entre as vítimas. Um motoboy contratado para levar um documento da aposentada do hospital onde fora submetida a exames até a casa dela, clonou o cartão de débito utilizado para pagar a corrida, e desviou cerca de R$ 15 mil que havia na conta. “O valor do serviço do entregador era de R$ 6, mas ele não aceitou em dinheiro, e eu, muito inocentemente, entreguei o cartão. O motoboy disse que estava com dificuldades, que o sinal estava ruim, e pegou outra maquininha. Então, ele clonou o meu cartão. Roubou todo o meu dinheiro que estava no banco. Levou tudo o que eu tinha”, lembra a aposentada.

Depois do prejuízo e de participar das palestras de orientação financeira, Maria Aparecida se sente mais preparada diante de novas ameaças. “As apresentações ajudam bastante, abrem muito a mente da pessoa. É muito importante”, reflete.

Margarida Neves Pereira, de 75 anos, é voluntária do Calebe, mas fez questão de assistir à aula como se fosse convidada. “A palestra é importante, porque as ameaças se renovam. Hoje, há golpes que são diferentes de três, quatro anos atrás. À medida que a sociedade vai se desenvolvendo, eles também evoluem. A palestra nos ajuda a ficar mais espertos. Depois que passei a acompanhar, não caio mais em truque”, disse Margarida, satisfeita.

A escrevente Cleusdete Ferreira Maia também saiu da palestra mais confiante: disse que “fica mais alerta” a todas as situações trazidas: “Depois que passei a vir nas palestras, nunca mais caí em artimanha. Estou muito mais atenta”, revela.

Apesar de ter 25 anos, Tomas de Oliveira também estava na palestra de educação financeira para idosos. O jovem estava atento ao conteúdo — tanto por si mesmo, quanto por sua mãe, que tem quase 60 anos, mas não pôde comparecer. “O que achei mais importante foi chamarem a atenção para quando tentam acelerar uma vítima no depósito de dinheiro. Vai ser importante contar essa parte para minha mãe”, pontuou o ajudante-geral.

O responsável pelo Calebe Universal, Valter Pereira, lembra que as vítimas dos golpistas além de perder suas aposentadorias e economias, perdem também a perspectiva de um futuro melhor na área econômica. “Percebemos que eles (criminosos) visam mais os idosos e, por isso, decidimos realizar todos os meses a palestra de prevenção contra fraudes financeiras e golpes, para que os membros do Calebe e as demais pessoas que vêm participar também sejam orientadas e fiquem mais atentos para não cair nas mãos de golpistas”, explicou.

UNIcom — Departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da Universal