Casal quase foi linchado por causa de boatos no WhatsApp
Caso serve de alerta em relação ao que propagamos na internet
Há cerca de uma semana uma história perturbadora tomou conta dos noticiários brasileiros. O caso aconteceu no dia 5 de abril, quando o comerciante Luiz Aurélio de Paula, de 60 anos, e a vendedora Pâmela Martins, de 20, foram agredidos por uma multidão após serem vítimas de um boato espalhado via WhatsApp.
A fofoca dizia que Luiz Aurélio estaria sequestrando crianças de Araruama, no Rio de Janeiro. Fotos dele e de seu carro circularam pelo aplicativo de mensagens e, em pouco tempo, dezenas de pessoas já as tinham recebido. Junto às fotos, o áudio de um homem relatando que Luiz Aurélio teria tentado roubar a sua filha.
Em pouco tempo o carro do comerciante foi encontrado e cercado pela população enfurecida. Pâmela, que acabara de aceitar o emprego de gerente do comércio de Luiz Aurélio, estava com o homem no veículo, e os dois foram agredidos. Se a polícia não chegasse a tempo, poderiam estar mortos hoje. O carro de Luiz Aurélio foi incendiado.
Mal que não se desfaz
Tudo começou quando uma mulher disse ao seu marido que Luiz Aurélio tentara raptar o filho do casal, de 1 ano de idade. A criança estava com a mãe quando encontraram o comerciante na rua. Ele elogiou a criança e ofereceu um emprego para a mulher. Ela recusou e, assustada, entrou em uma loja de roupas, onde esperou pelo marido.
O casal procurou a polícia, mas não foi registrado um boletim de ocorrência porque, de acordo com o delegado, não foi praticado crime algum.
A população que recebeu o áudio pelo WhatsApp e tentou matar Luiz Aurélio e Pâmela não procurou saber a versão dele ou da polícia, nem sequer se importou com o fato de a moça, moradora do bairro há anos, não estar em companhia de Luiz mais cedo.
Após o atentado, Luiz desistiu da ideia de abrir a filial de sua loja na cidade e Pâmela se refugiou em um local afastado, com o marido. Em sua conta no Facebook ela declarou:
“Um mal-entendido, uma informação sem saber a veracidade do ato, quase custou a vida de dois inocentes. Hoje estamos com medo de sair às ruas, sem saber da reação das pessoas. Eu agradeço aos rapazes da Guarda que chegaram lá e me tiraram de lá, senão agora eu não estaria nem aqui relatando o que aconteceu. Como fica a minha dignidade agora? Como fica a minha vida? Sendo ameaçada de todos os lados. Espero que todos fiquem atentos antes de sair divulgando e publicando algo, vejam a veracidade da história. Ontem aconteceu comigo e amanhã pode acontecer com outras pessoas. Fiquem atentos ao que vocês divulgam. Obrigada pela atenção de todos. E espero mesmo, de coração, que Deus venha a me ajudar a passar por cima disso, e devolva a minha dignidade um dia. Pois as dores do meu corpo, os meus hematomas e os meus ferimentos, um dia passam, mas e minha dignidade, será que volta?”
O que aprender
Menos de uma semana após os fatos, poucos noticiários se lembram do assunto. Dos agressores, apenas uma foi presa, por ter incendiado o carro. Por enquanto, apenas as vítimas se lembrarão para sempre do ocorrido. Mas os envolvidos com certeza sofrerão as consequências de seus atos.
“Quem comete injustiça conscientemente semeia as lágrimas que chorará quando for injustiçado amanhã”, afirma o bispo Renato Cardoso. “Essa é uma lei universal da vida. Tudo que vai, vem. O que você faz a outros, volta para você.”
E uma das piores coisas que o homem pode fazer é espalhar boatos. O próprio bispo explica que fofoca, calúnia, difamação e mentira são todas da mesma família. “Tão nocivas que, quando Deus definiu os Dez Mandamentos, decidiu incluir um que lida diretamente com elas: ‘Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.’”
E a pessoa que repassa a história é tão responsável pelo mal causado quanto a pessoa que a inventa. Por isso, quando ouvir um boato, notícia, rumor ou história carregado de maldade contra alguém, cuidado. “Talvez o mensageiro ou autor da mensagem tenha interesse que você acredite.” Procure se informar antes de acreditar em qualquer pessoa ou espalhar o que ouve ou recebe.
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