Cobrança da “taxa das blusinhas” já está valendo. Será que ainda vale a pena comprar?

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A polêmica em torno da taxação sobre importações de até US$ 50 finalmente chegou ao fim. Durante meses, fomos expostos a todo tipo de informação falsa, como a afirmação de que a cobrança da taxa não passava de mentira, até que o governo se viu obrigado a confessar que ela era real, com outra narrativa: a de que o imposto seria pago pelas empresas e não pelo consumidor.

Mas eis que, depois da enxurrada de desinformação, a verdade veio à tona: a taxa não só existe, como começou a ser cobrada desde do dia 27 de julho pela AliExpress e pela Shopee, e desde 1º de agosto, pela Shein. Quem está pagando a conta? Obviamente o consumidor, incluindo os que acreditaram em fake news e brigaram com parentes e amigos defendendo seus políticos de estimação.

O brasileiro deveria deixar de lado suas paixões políticas e fazer sua lição de casa, pesquisando quais veículos informaram a população corretamente e aqueles que só desinformaram por interesse próprio. Em vez de baixar a cabeça e dizer “vida que segue”, as pessoas deveriam buscar quais foram os políticos que mentiram descaradamente. Não só nesta questão, mas em várias outras. Esse seria um ótimo exercício de “aquecimento” para escolher melhor os candidatos que disputarão a eleição deste ano.

Outra questão é que a maioria da população desconhece de onde surgiu toda discussão que culminou na “taxação das blusinhas”. Tudo começou – como sempre – bem longe de onde se queria chegar para não criar nenhum mal-estar entre a população e aqueles que fazem as leis para decidir quanto dinheiro tirarão dos bolsos dos cidadãos.

A suspensão da isenção dos impostos sobre as “comprinhas” se deu por meio do Projeto Mover (PL 914/24), que visa incentivar a produção de itens menos poluentes. Quem seria contra uma coisa dessas, não é mesmo? Mas como a iniciativa requer um investimento superior a R$ 19 bilhões, em cinco anos, o dinheiro teria de vir de algum lugar. E, como a opção de cortar as gastanças do governo está fora de cogitação, a ideia foi mandar a conta para o consumidor pagar. A cobrança dessa alíquota de 20% trará um impacto grande principalmente para o consumidor de baixa renda, que via nos sites chineses a oportunidade de adquirir produtos aos quais não tinha acesso.

Para saber se ainda vale a pena comprar em sites internacionais é preciso colocar todos os custos na ponta do lápis e fazer uma boa pesquisa de preços, comparando não só o valor de cada produto, mas incluindo o frete, pois o imposto é calculado sobre o valor total da compra (produto mais frete). Também é importante avaliar a reputação de cada vendedor, visto que muitos sites são market places, ou seja, locais onde praticamente qualquer pessoa pode colocar produtos à venda. Com isso, produtos iguais ou similares podem ter formas de pagamento, taxas e prazos de entrega diferentes, além de fotos que não correspondem ao produto real.

O que a “taxação das blusinhas” deixa como lição é que aquilo que os políticos decidem impacta direta ou indiretamente em suas vidas. E que colocar suas paixões políticas acima do raciocínio é uma péssima escolha. Falando mais claramente: se os políticos que as pessoas passaram a defender com unhas e dentes estivessem preocupados com a população, cortariam os gastos do governo, em vez de colocarem uma carga ainda mais pesada sobre os ombros do povo. Defenda-se a si mesmo, pois é o seu bolso que está sob ataque.

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Colaborador

Patrícia Lages, Jornalista / Foto: Vadym Pastukh / GettyImages