Como as fake news podem afetar as eleições 2020
A disseminação de notícias falsas pode prejudicar o pleito. Entenda como ajudar a combatê-las
As eleições de 2018 foram marcadas pela grande disseminação de fake news (notícias falsas) na internet. Por isso, desde o ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mantém o Programa de Enfrentamento à Desinformação com Foco nas Eleições 2020. A iniciativa conta com a parceria de 49 instituições, entre partidos políticos, entidades públicas e privadas, associações de imprensa, plataformas de mídias sociais, serviços de mensagens e agências de checagem, que estão comprometidas em trabalhar com a Justiça Eleitoral para minimizar os efeitos negativos das fake news.
Outra estratégia adotada pela instituição é a campanha Se for fake news, não transmita, que será veiculada no rádio, na televisão e na internet em data a ser definida. Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do TSE, enfatizou, em notícia no site oficial do TSE, o papel da Justiça Eleitoral em assegurar a democracia brasileira e a preocupação da Corte com campanhas de desinformação: “as mídias sociais, as plataformas de internet, os veículos de imprensa e a sociedade são os principais atores no enfrentamento da desinformação.”
Contudo as notícias falsas estão presentes no dia a dia das pessoas e muitas delas não sabem como combatê-las. Para Isabela Pimentel, consultora de comunicação e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing e da Fundação Getulio Vargas (FGV), o primeiro passo é diferenciar a fake news do boato. “O boato faz parte da história da Humanidade e sempre existiu, muito antes da internet. É uma informação não necessariamente falsa, mas que ainda não foi esclarecida. Ele não é criado para gerar desinformação, ao contrário das fake news.”
Ela explica que no Brasil existe uma indústria de notícias falsas: “inclusive chamamos isso de economia do clique. São títulos sensacionalistas que atraem cliques para um site e existem sites que vivem disso, com informações que simulam o formato jornalístico para gerar danos a pessoas, reputações, entidades e instituições”.
Nesse período de pandemia da Covid-19, houve um crescimento do compartilhamento de notícias falsas, especialmente sobre a cura da doença. “O fato de uma pessoa compartilhar um boato ou uma fake news não tem a ver com o grau de escolaridade dela. Pessoas com curso superior já compartilharam fake news. Esse tipo de informação sensacionalista encontra terreno fértil quando há um contexto de dúvida e medo, quando se tem uma crise e você vê uma solução rápida ou uma promessa de solução para um problema”, analisa Isabela.
Portanto, para ficar alerta contra as notícias falsas nas próximas eleições, é preciso verificar as informações recebidas sobre um candidato (veja as dicas ao lado) e analisar se os princípios e os valores dele condizem com os seus. “É importante não acreditar simplesmente em um vídeo, mas buscar mais informações sobre o seu candidato, os projetos que ele já fez e se esteve envolvido em escândalo de corrupção, antes de depositar sua confiança nele. É preciso fazer isso não só em época de eleição, quando estamos decidindo o futuro do nosso país, mas todos os dias”, dispara a consultora.