Todos os anos, grandes empresas abrem processos seletivos para cargos de trainee. Para estudantes que estão terminando suas graduações ou que se formaram há três anos, no máximo, essa pode ser a oportunidade de iniciar uma carreira em locais como Unilever, PepsiCo, Russell Bedford Brasil, Enforce, lojas Renner e Ambev, por exemplo. Dependendo da empresa, os salários podem variar entre R$ 4 mil e R$ 6 mil ou até ficar acima desses valores. Além disso, depois de cumprir o ciclo na função, que dura, geralmente, entre 12 e 24 meses, o trainee pode ocupar cargos de coordenação ou gerência.

Lisandra Araujo Goulart, consultora de carreira e de recursos humanos, ex-head de RH na Trustly, e profissional com passagem por empresas como Ambev, LG Electronics, Electrolux e General Motors, explica que ser trainee é diferente de ser estagiário: “como o foco é acelerar o conhecimento e o crescimento do profissional para funções de gestão (ou de técnico-especialista), é necessário que o profissional já tenha pelo menos uma boa base de toda parte técnica do curso. O trainee em geral terá funções mais estratégicas dentro de uma empresa, enquanto os programas de estágio abrangem universitários desde o início da formação”.

Muitos programas de trainee acontecem no começo de cada semestre. “Em algumas instituições, eles ocorrem duas vezes ao ano. Os programas não têm uma regulamentação própria como os de estágio e, por isso, quem decide o perfil a contratar são as próprias empresas que, muitas vezes, consideram apenas candidatos das melhores universidades, pois entendem que os estudantes dessas instituições já passaram por um filtro e que, provavelmente, têm se dedicado e priorizado os estudos e o crescimento profissional”, afirma.

Diversas empresas valorizam o chamado “fit cultural”, destaca a especialista. “É um ponto fortemente analisado. Mostrar que você trabalha bem em equipe, entende e se identifica com os valores e visão da empresa é fundamental para o seu sucesso na instituição. Não adianta ser um gênio, se você não gosta de ensinar, trocar experiências, pensar junto e agregar para o time ou se as pessoas não gostam de trabalhar com você”, aponta.

Embora a escolha seja particular para cada empresa, ter boa formação e conhecimentos técnicos é a base e o mínimo necessário para que uma pessoa participe desses processos. “Basicamente, todos os candidatos que seguirem no processo terão esses skills. Para se diferenciar são necessárias outras habilidades como inglês (dependendo da empresa), inteligência emocional, proatividade, habilidade de comunicação e paixão pela resolução de problemas, apenas para citar algumas”, exemplifica.

Profissionais que tenham autoconhecimento também estão em vantagem. “Se você tem familiares ou conhecidos que possam auxiliar nesta tarefa e discutir estratégias de carreira, aproveite esta oportunidade. Se você não tem no seu círculo de conhecidos este tipo de profissional, sugiro investir em cinco a dez sessões com um profissional especializado em orientação de carreira. Este investimento pode ajudar você a ‘saltar’ de três a cinco anos à frente na carreira”, avalia.

Alguns programas de trainee mais bem estruturados contam com job rotation: “é a oportunidade profissional de conhecer diversas áreas da empresa, o que dá uma visão mais abrangente do negócio, assim como cursos e treinamentos específicos durante o programa, geralmente voltados para uma visão mais estratégica no negócio principal da empresa. A função de trainee em si varia muito de empresa para empresa”, explica.

Ela alerta que muitas empresas têm programas que são mais parecidos com os de estágio e não são necessariamente “aceleradores de carreira”. “Os melhores programas de trainee têm processos seletivos complexos, com testes técnicos, painéis de discussão e entrevistas individuais com gestores. O regime de contratação, em geral, é o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o trainee tem direito a todos os benefícios oferecidos aos demais colaboradores”, esclarece.

Para quem almeja ser trainee, Lisandra recomenda o seguinte (veja mais nos textos abaixo): “invista no autoconhecimento. Pergunte-se se o que você realmente gosta e faz bem pode ser um diferencial no mundo corporativo. Entenda o mercado no segmento em que está buscando e se ele vai crescer futuramente. Existem mudanças significativas ocorrendo neste setor? Quais novos conhecimentos são necessários para ter sucesso na área? Invista no seu aprendizado e faça sempre o seu melhor, mesmo que a tarefa pareça simples e pouco relevante. Os profissionais de sucesso buscam excelência sempre”, conclui.

Trainee espiritual
Se você quer formar uma boa base para a sua carreira e crescer cada vez mais, participe das reuniões Prosperidade com Deus. Elas acontecem todas as segundas-feiras na Universal.