Como lidar com a menopausa?

O período é cercado por mitos que precisam ser esclarecidos para devolver a qualidade de vida das mulheres nesta fase

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Desde cedo, as mulheres começam a sentir o impacto que os hormônios geram em seu corpo. O ciclo menstrual é uma verdadeira roda-gigante, ora está tudo bem, ora é possível perceber alterações de humor, aumento da irritabilidade, sensibilidade nos seios e inchaço, sintomas característicos da tensão pré-menstrual (TPM). E, quando a fase reprodutiva feminina termina, começa uma nova etapa com mais mudanças: a menopausa.

A característica mais evidente da menopausa é o fim da menstruação, mas, antes de chegar a esse ponto, a mulher passa pelo climatério, que é um período de transição marcado por uma série de sintomas, como “irregularidade menstrual, fogachos, ressecamento vaginal, dor ao urinar, perda da libido, indisposição, fraqueza, fadiga, queda de cabelo, oscilação de humor e do sono”, explica Juliana Fontes, médica ginecologista do Hospital Moriah.

Essa fase dura de um a quatro anos até que a menopausa chega e traz os mesmos sintomas, porém com ainda mais intensidade. Segundo dados de um estudo brasileiro publicado na revista científica Climateric, cerca de 73,1% das mulheres sentem as mudanças entre o climatério e a menopausa, enquanto 78,4% sentem sintomas no período que compreende a menopausa. Apesar de tantas mulheres serem afetadas, muitas não buscam apoio médico e isso coloca em risco sua qualidade de vida. “É muito importante a mulher ficar atenta a esses sinais porque quanto antes se identifica tanto o climatério quanto a menopausa e se inicia o tratamento, melhor. Isso porque sem o tratamento adequado a mulher perde qualidade de vida e aumentam os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares e maior perda óssea, que pode levar à osteopenia e à osteoporose”, afirma.

Vale destacar que, além das alterações físicas, a mente também pode ser impactada. Uma pesquisa da PlenaPausa ouviu cerca de 17 mil mulheres e revelou que cerca de 82% delas enfrentam sintomas de depressão no climatério, além de ansiedade. Já 44% das brasileiras apontaram que se sentem menos produtivas no trabalho nesse período. “O corpo feminino também perde hormônios importantes e pouco mencionados, como oxitocina, dopamina e adrenalina, que são os hormônios da felicidade. Essa queda hormonal pode desencadear uma oscilação de humor, em que a mulher vai se sentir mais triste ou mais indisposta, sintomas que, quando negligenciados, podem levar a uma depressão profunda.”

Mitos e verdades

Não tem como fugir desse período natural a todas as mulheres, mas entendê-lo é essencial para evitar sofrimento. Por isso, a recomendação é que o médico seja procurado logo que surgirem os primeiros sinais. “Quando falamos em tratamento, isso não quer dizer reposição hormonal, mas o tratamento dos sintomas para devolver qualidade de vida para a paciente”, orienta Juliana.

Ela explica que os cuidados nesse período devem envolver “atividade física, uma nutrição adequada e uma mudança de estilo de vida”. Em alguns casos, quando a mulher é extremamente sintomática e não tem contraindicação absoluta, é recomendada a reposição hormonal.

Diferentemente do que se propaga, Juliana assegura que essa linha de tratamento é segura e não aumenta o risco de desenvolvimento de outras enfermidades, como o câncer. Ela explica que esse mito surgiu em razão de um estudo da década de 1990 feito com mulheres de idades diferentes, com problemas de saúde distintos e estilos de vida variados, o que comprometeu sua conclusão.

“A terapia de reposição hormonal administrada de forma correta, pela via correta e no prazo e período corretos não causa nenhum risco para as pacientes, pelo contrário, traz benefício de saúde, de proteção óssea e de riscos cardiovasculares e de qualidade de vida. Por isso, o tratamento é individualizado com base no histórico da mulher”, pontua.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece apenas o tratamento de reposição hormonal por via oral, que não é indicado para quem tem pressão alta, problemas cardiovasculares ou histórico de trombose, derrame, AVC e câncer. Nesses casos, a linha de tratamento deve ser mais conservadora. Confira outras dicas no boxe da página ao lado.

Menopausa não é sinônimo de fim

Ao longo dos anos, a sociedade ampliou sua visão em relação à fase da menopausa, mas é sempre bom lembrar que ela não representa o fim da vida ativa de uma mulher. “Hoje, aos 50 anos, as mulheres estão querendo cada dia mais estar mais ativas, belas e presentes no mercado de trabalho. Passar pela menopausa é fisiológico, todas as mulheres passarão por ela, mas não é fisiológico não tratá-la”, conclui.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: Vesnaandjic e NIKOLA ILIC PR AGENCIJA ZA DIZAJN STUDIOTRIPOD SURCIN/GettyImages