Muitas questões passam pela cabeça de um jovem quando ele tem que trabalhar e estudar ao mesmo tempo. As duas atividades podem ter tarefas cansativas e que exigem esforço e energia, algo que muitos têm de sobra. Mas será que somente essas características bastam para garantir o sucesso deles nessas áreas? Muitos não conseguem conciliá-las por motivos variados e, por isso, a Folha Universal conversou com especialistas para entender como esse processo funciona e o que os jovens podem fazer para otimizar seu tempo ao estudar e trabalhar.

Para Vania de Moraes Salles, psicóloga e CEO da Lavorion RH, consultoria de recursos humanos, uma das dificuldades para os jovens na hora de equilibrar trabalho e estudo é administrar o próprio tempo. “Ter uma rotina de trabalho e de estudo é pesado. Quando se fala em administrar, é observar tudo aquilo que naquele momento não deveria ser utilizado, como, por exemplo, celulares, computadores e games, porque eles tiram o foco, o que acaba comprometendo a própria produtividade tanto no trabalho como nos estudos”, orienta.

De acordo com ela, os jovens precisam eleger prioridades: “eu sempre oriento que eles devem estabelecer o que é mais importante no dia deles. Já que vão trabalhar e depois estudar, eles devem enumerar em uma agenda on-line ou física as principais atividades e, no final do dia, rever o que foi executado. O que não pôde ser realizado ficará como prioridade para jogar para o dia seguinte. Mas, caso não estejam cumprindo essas atividades no tempo certo, é porque realmente têm que parar e rever o que está acontecendo”, recomenda.

A psicóloga Luana Couto, formada pelo Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Horizonte (MG), concorda que toda a conciliação entre estudo e trabalho passa pela organização. “Ela é primordial para tudo na vida e gera vários benefícios, desde construir a visão de médio e longo prazo, de priorização, de negociação, de análise de risco até a capacidade de encadear atividades. Além de evitar estresse, ela potencializa a produção de neurotransmissores associados ao prazer, relacionados ao dever cumprido, de ter tudo em ordem e de se sentir organizado”, diz.

Segundo Luana, o tempo deve ser visto com um aliado e não um inimigo. “O tempo é limitado e a organização ajuda muito para que ele seja bem aproveitado e não se torne um vilão. Por exemplo, é possível agregar atividades similares e, assim, reduzir o tempo de execução, de idas e vindas ou de retrabalho. Vale estabelecer horários para estudar porque, dentro de um planejamento, a previsibilidade é uma parceira para o sucesso. Além disso, também ajuda para que a pessoa avalie momentos do dia em que consegue conciliar ambiente e horário que sejam mais produtivos”, esclarece.

Outro entrave enfrentado pelos jovens é o cansaço. “Há situações em que o trabalho, é óbvio, vai consumir a energia do jovem, principalmente para quem está começando e já tem uma carga que não é leve. Eu sempre lembro que temos que vencer o cansaço, seja descansando de fato, seja relaxando, ouvindo uma boa música ou indo para a academia para desestressar, como os jovens gostam, seja fazendo tudo aquilo que gera prazer como, por exemplo, encontrar os amigos para conversar ou jogar futebol”, sugere Vania.

Luana acrescenta que se o volume de demandas for elevado demais é preciso saber dizer não. “Primeiramente, vale refletir o seguinte: quem diz sim para tudo acaba dizendo não para si mesmo e normalmente fica devendo algo. É importante estabelecer limites saudáveis e buscar alternativas quando precisar deixar de fazer algo, para reduzir impactos nas entregas e nos prazos. Quando tiver de dizer não, é importante demonstrar que o faz em nome do comprometimento e tentar oferecer alternativas. Esses fatores são cruciais para não ‘se queimar’”, aponta.

Luana lembra ainda da necessidade de cuidar da saúde física e mental: “considerando que corpo e mente saudáveis são alicerces para a realização de qualquer tipo de atividade, posso afirmar que cuidar de ambos não é uma opção, mas uma obrigação. As dores físicas e psíquicas são normalmente os gatilhos para que as pessoas busquem ajuda. E, se observarmos bem, elas são, na maioria das vezes, alertas de esgotamento. Nesse sentido, o autoconhecimento é a chave principal para o sucesso”.

Segundo Vania, a organização e o planejamento não são as únicas estratégias para conseguir o equilíbrio entre estudo e trabalho. “Ter persistência para obter bons resultados e alcançar objetivos é necessário. Se o jovem não está conseguindo se organizar, às vezes, é um quadro emocional que pode estar afetando a produtividade dele. Por isso, vale buscar ajuda especializada de um psicoterapeuta”, conclui.

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