Como são definidos os candidatos de cada partido?
Além de critérios legais, os partidos seguem estratégias para conquistar o maior número de votos possível. Entenda como é esse processo na prática
O cenário nas eleições municipais deste ano é curioso. Segundo um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 49% das cidades do País contam apenas com dois candidatos a prefeito. O órgão aponta ainda que 214 municípios terão apenas um nome concorrendo para ocupar a gestão municipal.
A tendência de um número reduzido de pessoas dispostas a assumir o cargo público é mais comum nas cidades pequenas, com até 20 mil habitantes. Já nas maiores, os partidos têm investido em mais nomes. Mas você sabe qual é o caminho que um cidadão precisa percorrer até chegar à candidatura? Conhecer essa trajetória é importante para entender o peso de um voto e os fatores que devem ser avaliados na hora de decidir por um nome.
A origem de um candidato
Em termos legais, para se candidatar, o cidadão precisa cumprir alguns requisitos básicos: “para concorrer a vereador é necessário ter no mínimo 18 anos, já os candidatos a prefeito devem ter, no mínimo, 21 anos. Além disso, é preciso ser brasileiro ou naturalizado, estar em pleno exercício de seus direitos políticos, estar em dia com a Justiça Eleitoral, ter domicílio eleitoral na cidade onde deseja concorrer ao cargo por pelo menos um ano e ser filiado a um partido político por no mínimo seis meses”, explica o analista político e econômico Caio Mastrodomênico.
Além de cumprir essas exigências, outros fatores são considerados antes de um partido lançar uma candidatura. Afinal, os candidatos representarão a legenda diante da população. Os partidos políticos realizam convenções com seus filiados e nelas são avaliados os nomes dos membros que se dispuseram a concorrer e há eleições para aprovar quem representará o partido.
Uma vez que, teoricamente, os partidos são formados pela própria população para representar as ideologias existentes no Brasil, é a população quem, indiretamente, escolhe os candidatos que concorrerão aos cargos públicos.
Candidatos e alianças
No caso da eleição para o Poder Legislativo, o número de cadeiras na Câmara dos Vereadores é limitado e a eleição acontece por meio do sistema proporcional, ou seja, as vagas são distribuídas de acordo com a quantidade de votos que o partido recebe e não necessariamente com a quantidade de votos individuais dos candidatos.
“Como recentemente houve uma redução no número de candidaturas que cada partido pode lançar, o gestor partidário não pode arriscar. Então, ele tende a colocar pessoas que possam ajudá-lo a conquistar uma cadeira. Senão, todo o projeto político daquela agremiação vai por água abaixo. Então, a decisão [de lançar um candidato] também considera o fato de ter pessoas politicamente viáveis, ou seja, que têm possibilidade de alcançar um bom número de votos”, explica o cientista político Fábio Vidal.
Com relação à disputa para a prefeitura não é muito diferente. Cada vez mais são considerados os cidadãos com grande popularidade e potencial para alcançar sucesso no pleito. Segundo Mastrodomênico, também é considerado o envolvimento do candidato com o partido e sua capacidade de mobilização de eleitores e recursos. “Acredito que um dos principais pontos analisados também seja a fidelidade do alinhamento que determinado candidato vai ter com os programas e a ideologia daquele partido”, destaca.
No caso dos candidatos a prefeito é muito comum observar ainda alianças partidárias, que são formadas por um grupo de partidos “que pensam de forma semelhante ou que possuem algum interesse em comum naquela eleição. Na disputa pela prefeitura, essa união muitas vezes é necessária porque demanda mais recursos e depende da mobilização de uma cidade inteira, o que é difícil para um partido fazer sozinho”, detalha Mastrodomênico.
De olho nos partidos
Nesse período eleitoral se fala muito dos candidatos e se debate pouco a respeito do partido político que ele representa. Mas os dois aspectos devem ser avaliados pelo eleitor antes de ir às urnas e fazer sua escolha. As propostas apresentadas pelos candidatos nos debates, em seu projeto e ao longo de sua campanha devem ser pesadas, assim como “é importante pesquisar sobre a vida desse candidato, se ele já foi processado ou se está ou não envolvido em crimes”, pontua Mastrodomênico.
Em relação ao partido, é importante verificar se há histórico de corrupção e, claro, se a ideologia defendida por ele corresponde às suas ideias e seus valores. “É preciso conhecer a ideologia do partido ao qual o candidato está filiado porque, de certo modo, ele aderiu à ideia da legenda. Ele pode mudar com o tempo, mas o partido representa sim a visão de mundo ideológico desse candidato. Além disso, o mandato pertence ao partido e, se acontecer alguma coisa fora do normal, é o partido que vai definir o rumo daquela vaga. Então, não tem como desvincular um do outro. O candidato está submetido à doutrina partidária e tem que prestar contas ao partido sim”, conclui Vidal.
Vale lembrar que nesse processo de pesquisa é importante buscar fontes oficiais para não cair nas armadilhas das fake news, como o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem uma aba voltada à divulgação de candidaturas e contas eleitorais. Basta acessar divulgacandcontas.tse.jus.br.