Como será sua vida se vocês fizer o que a maioria faz?

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Seis em cada dez profissionais estão insatisfeitos com seu emprego atual, segundo um levantamento do LinkedIn. Dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) mostram que 74,6% dos brasileiros não se interessam por cursos de qualificação profissional. Esse é o retrato de um ciclo vicioso em que a falta de interesse pela solução alimenta e perpetua o problema.

Por falar em alimentação, o percentual de brasileiros com sobrepeso chegou a 61,4%, segundo o Ministério da Saúde e, de acordo com o IBGE, 90% da população não se alimenta de forma saudável. No primeiro trimestre de 2023, mais de 13,7 milhões de brasileiros optaram pelo fast-food – quase 4 milhões de pessoas a mais em relação ao mesmo período de 2022. As informações são do estudo Consumer Insights 2023, que indica como uma das possíveis causas o retorno ao trabalho presencial. Se relacionarmos as duas situações, veremos pessoas infelizes com seus empregos buscando recompensas em algo que só faz mal.

Uma pesquisa conduzida pela Sophia Mind, empresa especializada em mercado feminino, aponta que 54% das mulheres brasileiras estão descontentes com o próprio corpo. Entre as insatisfações, 55% afirmam estar acima do peso e 58% querem perder a barriga. Mais um contrassenso na história: querer perder peso e medidas, mas optar por alimentos que causam o efeito contrário e ainda geram culpa.

Aliás, culpa e mãe parece que sempre caminham lado a lado e temos outra conta que não fecha: mulheres que precisam trabalhar como se não tivessem filhos, enquanto tentam ser mães como se não trabalhassem fora. Elas gostariam de estar mais presentes na vida dos filhos, mas o tempo gasto no trabalho e em deslocamentos as deixam fora de casa a maior parte do dia. Uma das grandes dificuldades é acompanhar os estudos dos filhos.

Um levantamento do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) fez uma varredura nas notas dos alunos e concluiu que o ambiente familiar tem forte influência sobre o aprendizado, sendo responsável por 70% do desempenho dos estudantes. Com a redução do tempo de convivência entre pais e filhos dentro de casa, contudo, a performance dos alunos fica comprometida.

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) avalia o conhecimento de alunos de 15 anos, de 81 países, em três disciplinas: leitura, matemática e ciências. Desde sua criação, no ano 2000, os estudantes brasileiros têm ocupado as últimas posições do ranking em todas as edições. Um estudo do Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) revelou que o livro mais extenso já lido por 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos tinha menos de dez páginas. Apenas 9,5% dos alunos leram pelo menos um livro com mais de 100 páginas no período de um ano.

Diante de dados e fatos, o que se conclui é que as pessoas que não quebrarem esse ciclo e continuarem fazendo o que a maioria faz permanecerão como a maioria: infeliz na carreira profissional, com sua saúde e com a própria aparência, almejando uma performance praticamente impossível de ser alcançada, convivendo diariamente com a culpa e criando filhos sem grandes perspectivas de futuro. Esse ciclo precisa ser quebrado urgentemente para tentarmos recuperar um pouco do muito que a sociedade já perdeu.

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Colaborador

Por Patricia Lages, Jornalista / Fotos: VioletStoimenova, Chirayu.Dusan, Stankovic/GettyImages