Covidão: um governador já foi afastado

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Desde que a pandemia do novo coronavírus foi decretada, o que temos presenciado é um verdadeiro jogo político e o abuso de muitos gestores públicos quanto à flexibilização das regras.

No dia 28 de agosto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento imediato de Wilson Witzel (PSC) do cargo de governador do Rio de Janeiro em razão de suspeitas de fraude em compras na área da saúde durante a pandemia. Ele não é o único. Até o fechamento desta edição, seis governadores eram investigados pela Polícia Federal (PF) por fraudes. Três deles foram alvos diretos de operações: além de Witzel, Wilson Lima (PSC), do Amazonas; e Helder Barbalho (MDB), do Pará.

A Medida Provisória 926/20, aprovada em março pelo Senado após decreto que reconhece o estado de calamidade pública até 31 de dezembro de 2020, permitiu que gestores públicos comprem, sem necessidade de licitação, bens, serviços e insumos destinados ao enfrentamento da crise. Essa facilidade abriu uma estrada para a corrupção: o chamado Covidão, termo usado para nomear as ações corruptas praticadas para conter a Covid-19.

Há investigações em andamento em todos os 26 Estados e também no Distrito Federal. Calcula-se que os prejuízos estimados sejam de aproximadamente R$ 4 bilhões.

Pelo menos 39 negociações foram consideradas suspeitas e levaram à abertura de processos e operações policiais, com mandados de prisão, de busca e de apreensão.

Segundo dados apurados pelo portal R7, pelo menos oito Estados tiveram problemas na aquisição de respiradores, comprados a preços bem mais altos. É o caso de São Paulo. O governador do Estado, João Doria (PSDB), encomendou três mil respiradores da China, por R$ 550 milhões, sem licitação, causou um verdadeiro estranhamento em integrantes da administração estadual e levou o Ministério Público de São Paulo a abrir uma investigação para apurar a operação. Também há em São Paulo o superfaturamento nas compras de insumos médicos e aventais. Na comparação com 2019, a Secretaria Estadual de Saúde teria gastado R$ 63,64 milhões a mais nessas duas negociações. As novas compras não passaram por licitação, pois foram feitas em caráter emergencial, em razão da pandemia.

No Amazonas, uma loja de vinhos foi eleita a melhor opção para fornecer 28 ventiladores pulmonares à população. A Prefeitura de Aroeiras, na Paraíba, é investigada porque teria gastado R$ 50 mil na compra de livros didáticos para orientar a população, mas todo o material estava disponível gratuitamente no site do Ministério da Saúde. A PF já deflagrou inúmeras operações para investigar casos de corrupção relacionados ao enfrentamento da Covid-19. Somente no Ministério Público Federal há mais de 400 procedimentos abertos que podem dar origem a processos criminais. Assim, infelizmente, além de levar vidas e prejudicar a economia mundial, esse vírus escancarou o comportamento criminoso de alguns políticos, empresários e agentes públicos. Que sejam punidos severamente além de devolverem ao erário o que roubaram. A população segue atenta.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou o calendário com novas datas para as eleições municipais de 2020, com previsão de primeiro turno em 15 de novembro e segundo turno em 29 de novembro, se houver necessidade, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores.

Então, por mais que o eleitor se sinta indignado com o momento que estamos vivendo é preciso entender que a ausência nas urnas, a atitude de anular o voto ou mesmo votar em branco não altera o jogo na escolha dos nossos representantes. Portanto é importante que cada eleitor tenha clareza com relação à escolha do seu candidato. Pesquise e conheça o candidato que será digno do seu cheque em branco.

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Colaborador

Redação / Foto: Getty Images