Daniel: autor ou personagem?

O profeta foi ao mesmo tempo protagonista e escritor de seu livro da Bíblia, como indica a própria Palavra

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Vários livros bíblicos recebem o nome de seus personagens principais, como Ester e Jó, no Antigo Testamento, entre outros. Entretanto alguns levam os nomes de seus autores, como os neotestamentários Evangelhos de Mateus e Lucas.
Há uma antiga controvérsia sobre o livro de Daniel. Ele teria sido o escritor ou seria só o personagem de maior destaque? A opinião predominante entre cristãos e judeus contempla as duas hipóteses: ele é protagonista e autor. Contudo o que leva esses estudiosos a crer nisso? A própria Bíblia.

Em muitas passagens do livro de Daniel, escrito por volta do século 6 antes de Cristo (a.C.), os fatos são narrados na primeira pessoa: “No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.” (Daniel 8.1). Também há partes em que o autor fala de si mesmo na terceira pessoa, mas vale salientar que isso era um procedimento bem comum em escritos da época.
No capítulo 12, o próprio Altíssimo fala ao profeta, ordenando-lhe o registro no livro e sua conclusão – outra prova incontestável: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” (Daniel 12.4).
Se o próprio Deus disse que Daniel escreveu o livro que leva seu nome, no qual registrou as profecias que lhe foram reveladas, Seu Filho, O Senhor Jesus, confirma: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda.” (Mateus 24.15).
Registro histórico
Alguns livros da Bíblia têm mais de um autor, o que fica bem claro pela diferença de estilos presente na mesma narrativa, variáveis de acordo com a época e seus costumes ou com as influências literárias vigentes. O livro de Daniel, entretanto, tem uma unidade de estilo tão grande que é reconhecida até pelos críticos que são contra a hipótese de que o profeta seja o autor.
Até um passado recente os registros históricos e físicos da Babilônia eram tão raros que muitos consideravam aquele lugar fictício. Daniel, entretanto, narra em seu livro fatos históricos com a clareza bem própria de quem os presenciou, assim como os costumes locais – a sucessão dos reis após Nabucodonosor e os deuses que os babilônicos adoravam (e como o faziam), por exemplo.
Apesar de alguns estudiosos alegarem que tais informações foram inventadas, achados arqueológicos relativamente recentes (como a descoberta das ruínas da própria Babilônia) confirmam várias delas – algo, aliás, que tem sido muito comum e merece nossa atenção.
A verdadeira importância
Em sua inabalável fé, Daniel tinha certeza de que o Senhor sempre olharia por ele, como realmente aconteceu e está devidamente registrado em seu livro, por ordem do próprio Criador, para que todos nós aprendamos a nos livrar do que não nos acrescenta algo de bom espiritualmente e nos voltemos a Deus de forma integral – e é justamente com este intuito que existe o Jejum de Daniel.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Fotos: Reprodução e Fotolia