De dona de casa a nova integrante do mercado de trabalho

Autoconhecimento e aperfeiçoamento de habilidades são fundamentais para voltar à ativa e gerar renda

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Ao longo da vida, as prioridades mudam e sofrem ajustes. Enquanto em determinada fase o foco pode ser no crescimento profissional, em outra, com a chegada dos filhos, é comum que as atenções se voltem para a família. Nesse cenário, muitas mulheres optam por deixar o mercado de trabalho para cuidar dos pequenos. Uma pesquisa realizada em 2018 por uma plataforma de recrutamento mostrou que, na época, 30% das mães viviam essa realidade.

No entanto, à medida que os filhos crescem, muitas mulheres enfrentam uma nova etapa: o desafio de retornar ao mercado de trabalho.
Esse processo, no entanto, pode esbarrar em uma série de obstáculos e, por isso, a mulher precisa estar preparada para encará-los e seguir em busca de seus objetivos. Essa preparação começa com a capacidade de se olhar como uma profissional e o desenvolvimento da própria autoestima.

“Talvez essa mulher não tenha alguns conhecimentos ou habilidades necessários nesta nova fase, mas é possível desenvolvê-los, independentemente da idade”, diz Andressa Gnann, advogada e fundadora da Escola de Leoas.

Antes de dar o primeiro passo, é importante saber para onde gostaria de ir: “buscar conhecer e compreender a si mesma é importante para saber qual rumo tomar. Além disso, é necessário entender as atividades de que gosta e as habilidades que possui. Com esse conjunto de informações, será possível direcionar o foco para buscar capacitação e entrada no mercado de trabalho ou capacitação para empreender, sabendo, inclusive, qual área seguir e o que fazer”.

A habilidade de cozinhar, por exemplo, pode se transformar em um novo negócio ou em uma oportunidade de emprego em um restaurante. O mesmo vale para as mulheres que têm mais facilidade para lidar com cabelo, com os cuidados com as unhas, a pele, com as contas, a comunicação, a organização e a decoração de ambientes ou mesmo a persuasão, que é ideal para o setor de vendas. Nesse primeiro momento não é necessário ser profissional, mas conhecer as próprias habilidades para investir em capacitação.

Segundo Andressa, é fundamental que, durante esse processo, a mulher busque estar próxima de pessoas com objetivos semelhantes, pois encontrará no grupo um estímulo para recomeçar. “Recomendo que a mulher evite conselhos de pessoas que nunca construíram nada ou de profissionais que vivem reclamando de suas profissões. Afinal, muitas pessoas fazem o que fazem e nem sequer conhecem a si mesmas para saber se aquilo é o que as deixaria satisfeitas”, afirma.

Ampliando os horizontes
A tecnologia é uma grande aliada para quem busca retornar ao mercado de trabalho. Ela permite realizar pesquisas para identificar oportunidades e áreas de interesse. Além disso, há uma variedade de cursos on-line, muitos deles gratuitos, que ajudam a desenvolver ou a aprimorar habilidades profissionais. Outro ponto positivo é a possibilidade de atuar no mundo digital, seja como assistente, seja como afiliada de produtos e serviços ou com uma loja virtual.

Essas novas possibilidades requerem uma postura de abertura e flexibilidade em relação às novas tendências. “É importante que a mulher esteja aberta ao trabalho em regime de home office ou na modalidade híbrida, que são tendências que se intensificaram na atualidade”, destaca Lúcia Almendra, professora de gestão e recursos humanos do Uniarnaldo Centro Universitário.

Oportunidades

Para as mulheres que desejam buscar um emprego, sites de recrutamento e o próprio LinkedIn podem ser opções. “Uma alternativa seria a pessoa buscar ou retomar contatos da rede de relacionamentos (networking) construída ao longo de sua história de vida tanto no plano pessoal quanto no plano profissional”, diz Lúcia.

Além disso, é importante que fiquem atentas aos mutirões de emprego e às parcerias entre empresas e prefeituras. Em São Paulo, por exemplo, o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate) disponibiliza diversas vagas e oferece cursos on-line gratuitos. Ele ainda oferece o projeto Tem Saída, que busca inserir mulheres vítimas de violência doméstica no mercado de trabalho. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o Instituto de Pesquisas e Projetos Empreendedores, em parceria com a prefeitura, oferece aulas voltadas para donos de negócio.

Já para aquelas que desejam empreender, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae), presente em todos os Estados, é uma boa opção. A instituição oferece suporte desde a fase de planejamento até a gestão do negócio.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Foto: getty images / Arte: Edi Edson