Dias de glória e de declínio fazem parte da história de Jeroboão, que, na superprodução Reis, transmitida pelo Univer Vídeo e pela Record, é interpretado pelo ator Vitor Novello. O personagem chegou à trama na nona temporada, denominada A Sucessão, como um infiltrado no palácio com incentivo de Rezom (Nando Rodrigues), que acreditava que fosse seu pai biológico. Mas é na décima e atual temporada da trama, intitulada A Decadência, que uma profecia mudará “para sempre o curso da sua vida”, como adiantou uma publicação do portal R7. Uma insatisfação com o reinado de Salomão passa a consumi-lo.

A Bíblia descreve o incômodo de Jeroboão em 1 Reis 11.26-28: “Até Jeroboão, filho de Nebate, efrateu, de Zereda, servo de Salomão (cuja mãe era mulher viúva, por nome Zerua), também levantou a mão contra o rei. E esta foi a causa por que levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado a Milo, e cerrou as aberturas da cidade de Davi, seu pai. E o homem Jeroboão era forte e valente; e vendo Salomão a este jovem, que era laborioso, ele o pôs sobre todo o cargo da casa de José”.

Quanto às justificativas de Jeroboão que o tornam indiferente ao rei de Israel, a autora da série, Cristiane Cardoso, conta à Folha Universal que “pode ser que para Jeroboão essa construção fosse desnecessária, talvez por ser mais uma razão para que se cobrassem impostos do povo ou simplesmente por pura vaidade. Seja lá qual for o motivo, esse foi o estopim não só para Jeroboão deixar de servir a Salomão, mas para que ele também se tornasse seu inimigo. Em todo caso, foi tudo incitado por Deus, já que ele fora escolhido para tomar as dez tribos do reino mais tarde e se tornar rei do reino do norte”, o que é detalhado em 1 Reis 11.29 e 31-38.

Jeroboão “se tornou uma ameaça para Salomão e sua descendência”, explica Cristiane, “a partir do momento que foi escolhido por Deus para cuidar do reino do norte e vai ser com o auxílio dele que Israel vai se dividir e se voltar contra Judá. Isso quer dizer que, de todos os inimigos citados de Salomão, ele é o único que vai realmente destruir muito do que ele conquistou. Jeroboão era servo de Salomão, filho de Nebate com Zerua. Interessante a Bíblia relatar o nome de sua mãe, que também era viúva, dando a entender que ele foi criado praticamente por ela. Nos baseamos nessa pequena informação para criar um conflito de infância para esse rei que, futuramente, será referência de pior rei de Israel. Há sempre uma razão por trás das inseguranças que crescem com as pessoas e não foi diferente com Jeroboão, que, mesmo tendo sido escolhido por Deus e capacitado por Ele para ser rei, vai se corromper justamente por medo de perder o reinado”, diz Cristiane.

Em Reis, o público se depara com um Jeroboão que exibe certa rebeldia, mas que também se mostra como alguém incapaz de lidar com a culpa por trair a confiança do rei. Apesar disso, vale lembrar que parte do reino foi confiada a ele pelo próprio Deus. Cristiane não rebate o questionamento de que Jeroboão tinha tudo para ir “de vilão a mocinho”. Nesse caso, o que lhe faltou? “Jeroboão era valente e podia ser um ótimo rei para Israel se não fosse a sua insegurança a respeito de si mesmo e da escolha de Deus a seu respeito. O que lhe faltou foi temor a Deus”, diz.

ELE IGNOROU O CONSELHO DIVINO
Cristiane acrescenta que Jeroboão “simplesmente não creu” no conselho que Deus deu a ele. “Não basta receber a capacidade, não basta que acreditem em você e não basta ter tudo de que precisa: se a pessoa não crê, ela vai tomar decisões baseadas na dúvida que tem em relação a si mesma. Jeroboão representa as pessoas que sempre querem dar um jeitinho, que não confiam em Deus e que pensam que o mundo é dos espertos”, acrescenta.

Embora tenha muitas habilidades, Jeroboão acaba se tornando refém do poder, da ganância e dos próprios medos. As consequências disso serão retratadas ao longo da atual e da próxima temporada da série, quando o personagem tomará “o seu lugar no reino e se tornará inimigo da descendência de Davi. Portanto, ele evoluirá para o antagonista principal”, cita Cristiane. Por enquanto, o público poderá ver em Jeroboão uma mistura de “inteligência e astúcia, popularidade e insegurança, poder e fraqueza”.