Dependência escolhida ou imposta?
A primeira troca de mensagens via internet aconteceu na década de 1970 entre computadores instalados na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) e no Stanford Research Institute (SRI), ambas nos Estados Unidos. Logo depois, a grande inovação tecnológica atravessou fronteiras e chegou ao Brasil em 1988, se popularizando na década seguinte. De lá para cá, os cabos foram trocados pela rede wi-fi, os grandes computadores agora cabem na palma da mão e a internet mudou completamente nosso modo de estudar, de nos informar, de trabalhar, de cuidar do lar, de nos locomover, de educar nossos filhos, de comprar, de cuidar da saúde, de nos relacionar e de viver.
Já não entramos e saímos da internet como outrora, pois estamos constantemente conectados. Já não carregamos mais a carteira com dinheiro em espécie ou cartões, pois tudo está no smartphone ou no relógio inteligente. Já não sabemos mais o que é viver se não for em função das facilidades da era moderna. Com isso, o mundo está se transformando rapidamente em uma grande rede de ecossistemas de tecnologia, carros autônomos, casas inteligentes e smart cities (cidades inteligentes)
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 87,2% dos brasileiros com mais de dez anos usam a internet diariamente. São mais brasileiros conectados do que com acesso ao saneamento básico, pois, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 83,6% possuem acesso ao abastecimento de água e 46,3% ao tratamento de esgoto. A verdade é que a internet dominou todas as áreas e espaços, se tornou “onipresente” e impôs uma dependência total a ela. Em breve, quem não estiver conectado será semelhante a alguém sem identidade, pois deixaremos de ser integrantes de uma sociedade para sermos um mero fragmento da internet.
Agora, já parou para imaginar o que aconteceria se as pessoas se permitissem ser guiadas por Deus na mesma proporção que se entregam à tecnologia? E se elas se permitissem consultar a Deus sobre todas as coisas assim como recorrem à internet sempre que estão com alguma dor, alguma dúvida ou planejam realizar um sonho? E se elas investissem na comunhão com Deus da mesma forma como gastam seu tempo conectadas e seu dinheiro em equipamentos tecnológicos?
Nas Sagradas Escrituras somos alertados, em Efésios 5.15-18: “vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”. Se o apóstolo Paulo fosse usado por Deus para escrever tal alerta nos dias atuais, ele substituiria o “como andais” por “como usa a internet no dia a dia” e o “não embriagueis com o vinho” por “não sejais tão dependentes da tecnologia”.
Mesmo que venhamos a nos considerar autossuficientes por conta de nossa capacidade de raciocinar, criar e escolher, a verdade é que dependemos de pessoas e itens que facilitem nossa vida. E mais: estamos deixando de raciocinar, criar e escolher porque a internet faz isso por nós. A inteligência artificial (IA) está aí.
Mas, nessa busca por facilidades, muitos não percebem que não há nada maior e mais eficaz do que o Espírito Santo habitando em nós. É a Ele que devemos recorrer a todo momento, é para a Sua Palavra que devemos olhar e transformar esse hábito em horas e é nEle que devemos depositar nossa dependência, o que é infinitamente mais inteligente. Afinal, se trata do hoje e do porvir, ou seja, da vida eterna. Aproveitar todas as facilidades que a internet oferece não é errado, pelo contrário. No entanto o ser humano depende do que julga que seja maior e mais importante e não podemos substituir o Criador por criações humanas. Precisamos ter equilíbrio, priorizar o que deve ser priorizado e escolher depender mais de Deus do que de qualquer outra coisa terrena.