Desespero e ameaça de protestos. Qual o futuro dos pequenos comerciantes?

Aqueles que terão que fechar novamente suas portas criticam autoridades por medidas restritivas. Enquanto, Congresso aprova versão final de novo auxílio, que deverá ser de R$ 250

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No bairro onde moro há muitas lojas e mercados pequenos. Um comércio local que o mundo globalizado ainda não destruiu. Mas, o que a globalização não conseguiu fazer parece que a pandemia o fará.

A tristeza aqui é geral. Pelas mortes. Pela propagação do vírus. Pela lentidão da vacinação. Pela politicagem. Pela insegurança. Pelo totalitarismo imposto, disfarçado de complacência.

“Estava tomando todas as medidas de higiene. Mas, agora, sem poder abrir as portas novamente, não vou aguentar, vou ter que acabar fechando a loja de vez. Como pagarei meus funcionários? Como garantirei meus pagamentos do mês?”

Ouvi essa declaração de um comerciante que, com muito pesar, disse não saber o que será do futuro de seu negócio, que lutou tanto para abrir.

Assim como ele, muitos outros pequenos empresários dependem das vendas do dia a dia para fechar as contas do mês. Agora que eles estavam começando a recuperar as vendas, foram obrigados a suspender de novo suas atividades.

Há quem esteja pensando em fechar as portas, outros devem contrair dívidas para não demitir funcionários e tentar arcar com as despesas.

Em São Paulo, após o decreto do governador do Estado, João Doria (PSDB), anunciando que o estado entrará, a partir de segunda-feira, dia 15, na fase roxa, endurecendo ainda mais as restrições, obrigando o comércio e outras atividades a fecharem as portas por 15 dias e incluindo o toque de recolher, dezenas de associações de empresas de serviços, comércio e alimentação afirmaram que estão se mobilizando para cobrar dele a reabertura imediata.

Há ameaças, inclusive, de que se não forem atendidos em seus pedidos façam mobilizações pelas ruas.

Choque entre presidente, governadores e prefeitos

A questão não é negar a existência e a gravidade do vírus. É saber que, infelizmente, enquanto o povo volta a ficar com medo, ansioso, sem emprego, muitos seguem tomando atitudes pensando apenas em política, em 2022.

Não acredito que a ditadura vai se instalar de um modo escancarado no Brasil, mas, de certa forma, ganhou novas facetas… Ninguém vai bater à sua porta, amarrá-lo, torturá-lo ou obrigá-lo ser cobaia de experimentos sociais, assim como aconteceu em regimes totalitários.

Mas, com certeza, já estamos sendo manipulados pelas beiradas. Porque um povo acuado se entrega às autoridades e acata tudo o que elas dizem e impõem.

O novo valor do auxílio emergencial deve ser de R$ 250. A Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira o texto base da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a retomada de quatro parcelas dessa ajuda.

Mas, a questão é: Com mais e mais medidas restritivas sendo impostas, como esse valor ajudará as famílias? Você deve concordar comigo que com R$ 250 sequer é possível fazer uma compra de mercado decente.

Não dá para culpar apenas o Governo Federal, afinal, não está havendo união entre prefeitos, governadores e o presidente. Nos últimos dias, por exemplo, governadores de 21 estados e do Distrito Federal manifestaram posição favorável à criação de um “pacto nacional” com medidas restritivas e preventivas, sem anuência do Estado.

Em contrapartida, o presidente Jair Bolsonaro anunciou recentemente que havia pedido um projeto de lei para ampliar a lista de atividades essenciais que poderiam seguir abertas durante as restrições. “Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para casa”, destacou.

Preservando nossa sanidade mental

Não é possível acreditar que depois de um ano do início da pandemia estamos vivenciando tudo novamente, e pior. Volto a questionar: Onde estão os bilhões de reais que o Governo Federal enviou para os estados e municípios? Será que a crise se agravou por falta de dinheiro, de gestão, de logística ou incompetência?

Que o coronavírus continua se proliferando, infelizmente é verdade. Que precisamos ter bom senso para nos proteger dele, mais verdade ainda. Mas, que a politicagem segue buscando palanque com toda essa pandemia, isso não se pode negar.

Por isso, o conhecimento, a sabedoria e a educação são as coisas mais valiosas que temos, porque ninguém, nenhuma “caneta”, pode roubar, mesmo que cerceiem nosso ir e vir.

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Colaborador

Refletindo sobre a notícia por Ana Carolina Cury | Do R7 / Foto: Getty Images