Dia da Mulher, ataque à ministra e hipocrisia do feminismo atual
Um movimento que tem excluído muitas de suas pautas não pode afirmar que luta por igualdade
Hoje pela manhã estava lendo a menção de repúdio de movimentos sociais, muitos feministas, à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, por conta de seu posicionamento contra o aborto legal.
Após a divulgação da carta, a atual Secretária de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, que afirma ser feminista, afirmou em uma entrevista à Folha de S.Paulo no sábado (6): “Não importa o quanto resistam ao empoderamento feminino, as mulheres têm uma palavra: resiliência. Nós vamos resistir às Damares”.
É claro que há, por trás de declarações desse tipo, muitos interesses políticos. Mas, como hoje é o Dia Internacional da Mulher, pensei sobre o tema e que frases como essa segregam ainda mais as mulheres, revelando que essa, talvez, seja a verdadeira intenção do feminismo atual.
Li recentemente uma crítica semelhante em uma declaração de uma militante do movimento, a filósofa estadunidense e professora da Universidade da Califórnia, Judith Butler.
Ela classifica o discurso universal do feminismo como excludente e afirma que ele deixa de fora muitas mulheres.
Então, até quem faz parte desse universo, não concorda como ele tem sido conduzido.
Talvez você não saiba, mas, esse feminismo moderno é mal visto pela maioria das mulheres. O resultado de uma Pesquisa Datafolha do ano passado sobre feminismo revelou que 52% dos homens apoiam a causa feminista, contra 39% das mulheres brasileiras. A pesquisa ouviu 2.086 pessoas com 16 anos ou mais (sendo 1.095 mulheres e 991 homens), em 130 municípios do país.
Entendendo 8 de março
O Dia Internacional da Mulher é celebrado em 8 de março desde 1975, quando foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de lembrar as conquistas políticas e sociais. Um evento comumente associado a essa data é o da tragédia que ocorreu numa fábrica de roupas em Nova York no ano de 1911. 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
Há registros que revelam que as dezenas de costureiras e trabalhadores não conseguiram deixar o local porque as portas estavam trancadas e a escada de emergência ruiu com as chamas.
Dessa forma, o caso trouxe à tona todas as más condições enfrentadas, sobretudo pelas mulheres.
Muitos apontam que esse foi apenas um dos tantos motivos para o surgimento de uma data de reflexão sobre condições de trabalho e de vida das mulheres em todo o mundo.
Por que não sou feminista
Que devemos seguir lutando pelos nossos direitos enquanto mulheres já é sabido. Mas, se engana quem pensa que essa é a única pauta do feminismo atual. Digo atual, porque o feminismo original foi completamente alterado. Porque o que vemos hoje é um grupo que defende apenas determinadas mulheres.
Quando falamos das conservadoras, por exemplo, elas são completamente excluídas do discurso. Quem não lembra da frase de protesto: “Mexeu com uma, mexeu com todas” que incluiu algumas e excluiu tantas outras?
Não me sinto representada por um feminismo que trata os homens com ódio e o casamento e a família com desprezo. Isso sem falar da hipocrisia do discurso.
Enquanto criticaram Bolsonaro, por exemplo, por ele ter proferido frases com duplo sentido, “passaram pano” para o Lula que também sentenciou muitas palavras depreciando as mulheres.
Ambos estão errados, mas o feminismo decidiu “ignorar” a postura do ex-presidente, defendendo e justificando suas declarações misóginas. Qual o sentido de um movimento assim? O que é certo vale para alguns, mas para outros não?
Por isso, quando vejo mulheres que se dizem defensoras dos nossos direitos atacarem outras mulheres fico indignada, principalmente porque jovens caem nessa ladainha totalmente política e cheia de interesses egoístas, camuflada por frases de efeitos.
Mulheres que levantam mulheres
Não posso reclamar pelo fato de ser mulher. Vivencio dificuldades e conquistas, assim como muitos homens. Eu amo meu gênero, como também trabalhar, cuidar do lar, ver meu marido e minha família feliz (o que deixará muitas feministas revoltadas). Isso não me faz subserviente, muito pelo contrário, me faz feliz.
Demorou para eu entender que tratar mal um homem apenas por ele ser homem era totalmente ilógico, afinal de contas, não podemos generalizar condutas.
Por isso, infelizmente, uma causa que tem demandas legítimas tem caído em descrédito por querer impor uma doutrinação ideológica.
A verdadeira essência
Antigamente, as feministas queriam que as mulheres tivessem os mesmos direitos, e começou a dar certo. Usufruímos muitas dessas conquistas. Mas, hoje, há um grupo que parece querer fazer de tudo para destruir o que há de bonito em nós. Porque podemos muito bem ser fortes, sem perder a nossa essência.
Então, cabe a nós, mulheres, mudarmos essa realidade e sermos aquelas que estendem a mão.
Quando uma mulher se recusa em ser amante, por exemplo, ela se valoriza e mostra que pensa na outra (esposa). Quando respeita seu corpo, não o usa para seduzir outros homens, inclusive os casados. Quando se recusa a viver um relacionamento abusivo, revela o quanto se ama e se cuida. Quando vê uma outra sofrer, não condena, mas ajuda.
Isso sim é sororidade. Isso é ser mulher de verdade.