É possível evitar demências após os 60 anos?

Rê Campbell Com o envelhecimento da população, casos de doença de Alzheimer e outras demências tendem a crescer. Saiba o que você pode fazer hoje para reduzir os riscos de apresentar o quadro

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Perda de memória recente, desorientação no espaço e no tempo, falta de motivação e agressividade podem ser sinais da doença de Alzheimer. A enfermidade está diretamente relacionada ao envelhecimento e provoca perda de funções cognitivas causada pela morte de células cerebrais.

“Aos 60 anos, uma pessoa tem de 1% a 3% de chance de ter a doença, mas, à medida que vai envelhecendo, esse índice vai subindo geometricamente. Aos 80 anos, a chance de apresentar a doença é de 50%”, explica o geriatra Norton Sayeg, que é fundador da Associação Brasileira de Alzheimer.

Essa demência não tem cura e se caracteriza por uma piora progressiva dos sintomas. Além da perda da memória, o Alzheimer pode levar à incapacidade de realizar tarefas diárias de forma independente, alterações no comportamento, alucinações e dificuldade para se alimentar, incontinência e dificuldade de locomoção, entre outros problemas.

Sayeg explica que as causas da doença não são completamente conhecidas, embora fatores genéticos e ambientais e hábitos de vida possam estar relacionados ao desenvolvimento do quadro. “O Alzheimer é uma doença extremamente democrática. Ela atinge pessoas de todos os estratos sociais. No Brasil, estimamos cerca de 1,5 milhão de portadores, sendo pouco mais de 30% diagnosticados”, diz.

Apesar de não haver cura, alguns tratamentos ajudam a retardar o avanço da doença. “Hoje, nós temos o tratamento farmacológico associado ao treinamento de memória, feito em geral por psicólogo ou musicoterapeuta, e ao exercício físico, que é fundamental para o portador de Alzheimer”, esclarece. “Sem nenhum tratamento, a morte pode chegar em cinco anos após o diagnóstico.”

Esperança
O estilo de vida pode ser um aliado na diminuição do risco de demências. “Fazer exercícios físicos regularmente, aprender um novo idioma, tocar um instrumento musical, manter uma alimentação adequada são alguns hábitos que podem diminuir a chance de desenvolver a doença ou atrasar seu aparecimento. Dois importantes neuroprotetores são o ômega 3 e a vitamina E”, afirma Sayeg, que criou uma fórmula para portadores de Alzheimer.

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, mostrou que o risco de demências, entre elas o
Alzheimer, é 32% menor em pessoas que têm um estilo de vida saudável, mesmo quando elas carregam genes associados a essas doenças.

O estudo acompanhou cerca de 197 mil pessoas com mais de 60 anos durante oito anos.

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Colaborador

Rê Campbell / Arte: Edi Edson