Ela achava que dominava o mundo

Mas quem dominava realmente a vida de Marcelle Ruis na verdade quase a matou

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Uma paixão, uma escolha aparentemente inofensiva e, quando Marcelle Caroline Moraes Ruis, hoje com 37 anos, se deu conta, aquele rapaz por quem ela se apaixonara na adolescência se tornava um traficante internacional de armas. Se alguém tivesse falado para Marcelle, naquela época, onde aquele envolvimento a levaria, provavelmente ela não acreditaria.

Ela começou a sua vida com Deus bem jovem. Quando tinha 16 anos, sua mãe passou a levá-la para uma igreja. Porém, Marcelle não atentou para um alerta: as paixões da mocidade. E, aos 17 anos, mesmo frequentando a igreja, ela conheceu Robson. Na época, o rapaz não era envolvido com a criminalidade, mas um detalhe muito importante foi desconsiderado por Marcelle: o fato dele não professar a mesma fé que ela. “Começamos a namorar e me envolvi com ele porque me apaixonei. Por causa disso, aos poucos fui me afastando da igreja até sair e ir para o mundo junto com ele”, conta.

Levada por uma paixão

Aos poucos, Robson foi se envolvendo na criminalidade. “Quando ele começou a se envolver no que era errado, eu não sabia, mas desconfiava que tinha algo estranho pelo comportamento dele. Ao descobrir, eu estava muito envolvida emocionalmente e, por isso, continuei o relacionamento assim mesmo”, revela Marcelle.

Àquela altura, ela diz que seu comportamento já era completamente diferente de quando era mais jovem e frequentava a igreja. Ela e Robson decidiram morar juntos e, mesmo não envolvida diretamente com o crime, o dinheiro ilícito que o companheiro ganhava lhe proporcionava uma vida de ostentação de casas e carros. “Eu vivia em baladas com muitas bebidas, tinha roupas e sapatos caros, gostava de estar nas festas e de viajar. Por isso, eu achava, em uma ilusão, que dominava o mundo”, diz ela.

Mas, apesar da aparente felicidade e do alto poder aquisitivo, Marcelle é convicta em dizer sobre quem realmente a dominava: “eu sempre sentia um vazio dentro de mim. Nosso relacionamento era cheio de mentiras e traições por parte dele e eu só tinha decepções. Até que um dia bebi muito e me joguei do terceiro andar de onde morávamos. Tive um corte na cabeça e meu rosto ficou muito inchado, mas, apesar disso, continuei com ele. Eu já não tinha esperança que ele fosse mudar e, mesmo sem forças para largar aquela relação, aos poucos fui me afastando dele”.

Recomeço

O relacionamento de Marcelle e Robson foi de muitas idas e vindas e, nesse período, após sofrer um atentado, ele planejou uma emboscada contra outros criminosos. Contudo um fato inusitado aconteceu. Ao visitar uma Igreja Universal, algo começou a mudar dentro dele e, então, ele decidiu mudar o rumo de sua vida. Inicialmente, Marcelle, quando soube disso, não deu muita importância, mas, quando o marido se entregou para a polícia, ela se assustou e logo o apoiou: “entregar as armas e pagar pelo que fez era o certo a se fazer, já que ele queria uma vida nova”, afirma ela.

Ao sair da prisão, Robson voltou à Universal e desta vez Marcelle o acompanhou. “Eu escutava as pessoas falando mal da Universal e por causa disso eu tinha receio de ir, mas, desde a primeira vez que fui, vi que não era nada do que falavam e já senti algo diferente”, conta.

Aos poucos, as idas à Igreja tornaram-se mais frequentes. Só que mesmo vendo a dedicação de Robson, Marcelle continuava com medo de que ele voltasse a errar e isso atrapalhava a mudança dela. Ela, então, decidiu tirar o foco do companheiro e aproveitar a oportunidade de se reconciliar com Deus. “Eu pensava que eu não havia nascido para ser feliz, que se eu morresse seria melhor e me sentia vazia por dentro. Até que um dia eu determinei que participaria da reunião de libertação, na Universal, na sexta-feira, e que eu ficaria livre de todos esses pensamentos e da ansiedade. E assim aconteceu. No final da reunião, eu saí leve e passei a buscar cada vez mais o Espírito Santo. Fiz uma nova aliança com Deus, entreguei toda a minha vida a Ele e o Espírito Santo habitou em mim”, relata.

Nesse ínterim, eles tiveram duas filhas e, hoje, estão completamente transformados. Apesar disso, Marcelle sabe que não pode descuidar de sua alma. “Deus é minha alegria, minha força. Ele preencheu todo o vazio que eu sentia e sem Ele não sei viver. O único medo que tenho é de perder o Espírito Santo e a minha Salvação. Para honra e Glória do Senhor, hoje eu e minha casa servimos a Deus”, comemora.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: Mídia FJU/Pará