Eles querem viciar seu filho
Cada vez que seu filho liga o celular é como se ele viajasse a Las Vegas
Como você reagiria se soubesse que seu filho aposta todos os dias em máquinas caça-níqueis, como as que existem em Las Vegas? E se soubesse que ele faz isso, mas, em vez de apostar – e perder – dinheiro, ele está perdendo a saúde mental?
Esse é o questionamento levantado pela jornalista espanhola Marta Peirano, que estudou a fundo, durante anos, o desenvolvimento das redes sociais, dos smartphones e de seus aplicativos.
Peirano é autora do livro “El enemigo conoce el sistema” (“O inimigo conhece o sistema”, não publicado no Brasil). Em entrevista à BBC da Espanha, ela explicou como os aplicativos agem:
“As redes sociais são como máquinas caça-níqueis, quantificadas na forma de curtidas, corações, quantas pessoas viram seu post. E isso gera um vício especial, porque trata-se do que a sua comunidade diz. Se aceita você, se o valoriza. Quando essa aceitação, que é completamente ilusória, entra em sua vida, você fica viciado, porque somos condicionados a querer fazer parte do grupo”.
Nas crianças e adolescentes esse efeito é especialmente mais devastador. Afinal, eles estão sempre buscando a aceitação de seu grupo social.
“As crianças ficam viciadas mais rápido do que qualquer um. E não é que elas não tenham força de vontade, é que elas nem entendem o porquê isso pode ser ruim”, explica a especialista. “Não deixamos nossos filhos beberem refrigerante e comer balas, porque sabemos que o açúcar é prejudicial; mas damos a eles telas para serem entretidos, porque, dessa forma, não precisamos interagir com eles”.
Como libertar seu filho do vício
Já está comprovado que os smartphones destroem a capacidade de concentração das crianças, causam insônia, ajudam a desenvolver doenças psicológicas e obesidade, entre outros tantos males. Clique aqui para ler mais sobre o assunto.
É importante, portanto, que os pais não permitam que seus filhos se tornem viciados. Como Marta Peirano ressalta, os adultos, muitas vezes, entregam smartphones às crianças para “ter tempo para si mesmos”.
Neia Dutra, responsável pela Escola de Mães, afirma que, especialmente durante a quarentena, “os pais devem priorizar o que, realmente, importa pra eles. Investimos mais tempo naquilo que damos mais valor”.
Conforme ela ressalta, “a presença dos pais na vida dos filhos não os imunizará dos males do mundo. Mas, certamente, trará aos filhos mais proteção, segurança e confiança para se desenvolverem de maneira saudável”.
A Escola de Mães, inclusive, criou uma cartilha com dicas e atividades para ajudar os pais que estão com problemas no relacionamento com os filhos, em meio ao isolamento social – medida de prevenção contra a pandemia do novo coronavírus.
A cartilha contém atividades que trabalham a criatividade da criança, receitas para prepararem juntos e dicas de vídeos educativos. Para ter acesso ao material, basta entrar no site: universal.org/sitegodllywood-escola-de-maes/.