Eles reconheceram que a morte é uma etapa da vida

Perda de familiares e amigos levou Elaine, Bruna, Caio e Laís a encontrarem um novo sentido para a vida. Saiba como eles conseguiram superar a dor e seguir em frente

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A morte de pessoas queridas costuma despertar dor e sofrimento. Alguns se arrependem de não ter passado mais tempo com quem se foi, outros sentem culpa por conflitos mal resolvidos. Há ainda aquelas pessoas que vivenciam a dor por muitos anos e não conseguem mais enxergar sentido na vida.

Neste ano, o mundo todo vivenciou a morte mais de perto. A pandemia do novo coronavírus já tirou a vida de mais de 1,1 milhão de pessoas no mundo, sendo 150 mil no Brasil. Diante de tantas mortes, como lidar com o luto?

Eles reconheceram que a morte é uma etapa da vida

O médico e psicólogo Roberto Debski explica que é normal sentir dor depois do falecimento de alguém, mas isso não pode paralisar a vida. “É claro que a separação de um ente querido gera dor. O luto precisa ser vivido, mas a pessoa precisa elaborar essa perda e seguir em frente. Se a morte de alguém afeta a vida da pessoa a ponto dela não conseguir fazer mais nada, isso pode se tornar patológico, gerar depressão e comprometer várias áreas. Nesses casos, é importante buscar ajuda”, afirma.

Para o médico, é possível lidar melhor com a morte reconhecendo que ela é um processo natural da vida. “Para muitas pessoas, a morte é um tabu e algumas negam a morte. Quando ela acontece, fica mais difícil lidar com a dor. É preciso aprender a olhar para a vida e a morte como processos que se complementam”, diz.

“Vida sem sentido”
Em 2014, Elaine de Castro (foto abaixo) começou a pensar que a vida não tinha mais sentido. Esse pensamento tomou conta dela após a morte repentina de um amigo. “Naquele ano eu estava muito focada na minha carreira e trabalhava até de madrugada porque queria crescer.

Eles reconheceram que a morte é uma etapa da vida

Quando recebi a notícia da morte do meu amigo, meu mundo desmoronou. Ele tinha a mesma idade que eu e estava se esforçando na carreira, já tinha obtido algumas conquistas e, de repente, tudo acabou”, lembra ela, que tem 38 anos.

Ela relata que foi invadida por sentimentos negativos, dúvidas e perguntas sem resposta passaram a rondar sua mente noite e dia. “Fui ao velório e depois do enterro começou uma agonia. Eu ficava pensando: ‘a vida é só isso?’ Sentia que todo o esforço não tinha o menor sentido. Comecei a achar que estava perdendo minha vida focando apenas no trabalho e achava que aquilo não traria retorno, exceto dinheiro.”

Culpa
Elaine conta que as dúvidas e a confusão sobre o sentido da vida começaram a transformá-la em uma pessoa pessimista. Como não conseguia enxergar coisas boas, ela passou a verbalizar todos os pensamentos ruins que passavam por sua cabeça. Ela também se questionava sobre as mortes de outros amigos que tinham perdido a vida anos antes. “Tive amigos que se suicidaram e passei a ter um conflito interior. Eu me perguntava se poderia ter feito algo por eles ou se eu poderia ter evitado o pior. Quando eu estava com outras pessoas, em momentos de descontração, acabava falando coisas negativas e isso foi afastando algumas de mim.”

Despertar da Fé
Elaine diz que o ciclo de sofrimento estava atrapalhando sua vida profissional e pessoal. Ela queria encontrar paz para seguir em frente. Foi assim que decidiu ir a reuniões da Universal. “Eu já tinha frequentado a Igreja antes e acabei me lembrando da importância de se aproximar de Deus. Minha vida estava vazia, eu só focava no trabalho e tinha esquecido que sou uma alma.” Elaine foi ao Templo de Salomão, em São Paulo. “Comecei a ir aos domingos e, ao ouvir as palavras de Fé, passei a ver outra forma de vida. Deus começou a me mostrar que eu poderia recuperar a alegria e a paz.”

Elaine destaca que o processo demorou alguns meses. “Mesmo indo à Igreja, eu ainda repetia as mesmas atitudes e continuava fazendo tudo igual. No início, minha fé era muito emotiva. Eu queria resolver meu problema e voltar à vida de antes.”

Tudo mudou quando ela tomou uma decisão. “Percebi que eu poderia ter uma vida nova se me entregasse completamente a Deus e foi isso que fiz. Quando recebi o Espírito Santo, eu passei por uma transformação em meu interior e me libertei do sofrimento”, revela. Segundo ela, a mudança trouxe impactos em seu comportamento. “Eu me tornei mais paciente, mais equilibrada e mais compreensiva. Hoje consigo olhar para a frente e reconhecer as conquistas. Parei de me lamentar pelas perdas.”

Elaine diz que encontrou um novo sentido para a vida. “Descobri que Deus está no controle de tudo. Hoje sei que a morte é algo que faz parte da vida. Somos corpo, alma e espírito. O corpo é suscetível a doenças, a acidentes, mas a nossa alma é eterna”, completa ela, que já foi voluntária do projeto Consolador, um dos trabalhos de evangelização da Universal.

O grupo oferece amparo espiritual a pessoas que estão vivendo o luto depois da morte de alguém. “Algumas pessoas não estão preparadas para se despedir e nós oferecemos uma palavra de Fé que ajuda a consolar. Elas se sentem acolhidas por Deus. É um trabalho muito importante e que mostra que a morte não é o fim.”

“Mistura de sentimentos”
Em 2019, a jovem Bruna Okubo, (foto abaixo) de 21 anos, enfrentou dois momentos marcantes. Na vida espiritual, ela conta que sua Fé estava fortalecida e ela tinha acabado de se tornar obreira na igreja que frequenta em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. “Era um momento muito importante para mim.”

Eles reconheceram que a morte é uma etapa da vida

Duas semanas depois, ela recebeu uma ligação durante seu horário de trabalho. “Eu estava indo almoçar quando minha irmã me ligou e falou que meu pai tinha passado mal. Depois, em outra ligação, o ajudante do meu pai falou que ele tinha sofrido uma parada cardíaca.”

Bruna saiu do trabalho para saber o que de fato havia acontecido. “Antes de ir para casa, passei na Igreja e fiz um clamor a Deus. Eu pedi que Ele cuidasse de tudo e que fosse feita a Vontade dEle.” No caminho de casa, Bruna recebeu mais uma ligação. “Meu irmão me contou que meu pai tinha falecido. Eu não sabia como reagir. Tive uma mistura de sentimentos. Estava alegre por poder servir a Deus e tinha acabado de saber da morte do meu pai.”

Apesar da dor pela perda do pai, Bruna buscou forças na Palavra de Deus para enfrentar um dos momentos mais difíceis de sua vida.

“Quando cheguei em casa, eu falei de Deus e passei a consolar todo mundo. Ninguém tinha forças para fazer os procedimentos necessários depois da morte do meu pai. Então, eu assinei os papéis e reconheci o corpo.”

Bruna ressalta que sua Fé tinha sido despertada com o apoio de seu pai. “Meu pai foi meu testemunho. Ele me fez conhecer o caminho da Fé e a Palavra de Deus. Ele foi um homem esforçado, trabalhador, um homem de Fé que deu a vida pela família e pela Obra de Deus.”
momento de Luto

Ela admite que a superação da morte de alguém não é fácil. Entretanto Bruna diz que se apoiou nos ensinamentos de Fé que tinha recebido. Ela esclarece que, semanas antes da morte de seu pai, ela começou a meditar no seguinte trecho da Bíblia: “Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor. (Porque andamos por fé, e não por vista).

Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Coríntios 5.6-8). Bruna diz que não entendia muito o motivo de seu interesse nessa passagem bíblica. “Eu não conseguia sair dessa palavra. Depois, quando meu pai faleceu, entendi que Deus estava me preparando para o que aconteceria.”

Depois de quase um ano, ela ajuda outras pessoas a passar pelo luto. “Muitos jovens perdem familiares e eu consigo oferecer apoio. A morte é nossa única certeza, então buscamos nos cuidar aqui para que nossa alma seja salva e tenhamos a eternidade com Deus.”

Vazio
Caio Guimarães, (foto abaixo) de 25 anos, perdeu o pai em 2015. Um ano antes, ele já tinha enfrentado a dor da morte do irmão. A morte de duas pessoas próximas gerou uma reviravolta em sua vida. “Foram perdas imensuráveis. Eu comecei a sonhar toda noite com eles, acordava chorando e não sabia como preencher aquele vazio.”

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Aos poucos, o vazio gerou impactos na vida de Caio. Ele enfatiza que se entregou ao sofrimento: “larguei a faculdade, deixei de ir ao futebol com os amigos e passei a viver mais sozinho. Depois, comecei a preencher o vazio em noitadas e com amizades que me levavam para o mundo”, diz.

Caio comenta que passou alguns anos com a sensação de vazio e com a vida desregrada. Em 2018, sua esposa, Thays, que na época era sua namorada, lhe fez um convite. “Nós queríamos uma mudança na vida sentimental e ela me convidou para a reunião da Terapia do Amor.

Quando ouvi as palavras do pastor, descobri que Deus podia tirar aquele vazio que eu sentia. Eu me levantei, fui ao Altar e fiz um voto.”

Aos poucos, cita ele, a “dor da morte” foi ficando menos intensa. “Comecei a me dedicar a Deus, a ir às reuniões e a aprender sobre a Palavra. Em março de 2019, durante uma vigília, recebi o Espírito Santo e minha vida foi transformada”, relata. Desde então, Caio garante que o sofrimento nunca mais voltou e ele passou a lembrar com carinho do pai e do irmão.

Em maio de 2019, Caio e Thays se casaram durante a Celebração dos Casamentos na Universal de Belém, no Pará. “Por meio da Fé eu nunca mais senti que estava sozinho. Eu me alimento todos os dias da Palavra de Deus. Hoje tenho uma família abençoada e minha esposa está grávida”, comemora.

Notícia ruim
Há cerca de oito anos, Laís Bruno Santos e Santos (foto abaixo) recebeu a notícia de que sua mãe estava com câncer de pulmão. “Eu cresci só com a minha mãe. Toda a minha vida fomos apenas eu e ela. Não tive a presença do meu pai na infância. Eu não sabia nem cozinhar um ovo porque ela fazia quase tudo para mim.”

Eles reconheceram que a morte é uma etapa da vida

Na época, a jovem tinha começado a frequentar as reuniões da Universal. “Eu já tinha me batizado e sabia que precisava do Espírito Santo para me fortalecer. Quando recebi aquela notícia de que minha mãe estava com câncer, comecei a lutar pela cura e salvação dela.”
Laís permaneceu ao lado de sua mãe durante o tratamento, mas a doença já estava em estágio avançado. “Minha mãe era uma mulher forte e determinada. Foi muito difícil vê-la doente, emagrecendo, perdendo cabelo e ficando fraca. Quando ela foi internada, fiquei ao lado dela todos os dias. Eu orava, jejuava e não deixava de ir para a igreja, o que me deu muita força.”

A mãe de Laís ficou internada mais de um mês. “Um dia, o médico me falou que não tinha mais jeito. Apesar disso, depois de um mês e 15 dias, nós voltamos para casa.” Laís manteve a Fé, mas sua mãe ainda enfrentava a doença. “Duas semanas depois, ela passou mal de novo e voltamos para o hospital. Deus me mostrou que eram os últimos dias dela e eu pedi forças para passar por aquele momento.”

Depois da morte da mãe, Laís conta que precisou ir para a casa do pai. “Eu tinha 23 anos quando minha mãe morreu e não tinha para onde ir. Fiquei algumas semanas na casa dele, mas a convivência era difícil.”

Com apenas um colchão e uma televisão velha, Laís explica que alugou um espaço para morar. “Eu não sabia o que ia acontecer, mas me ajoelhei e pedi a Deus para não passar fome. Recebi ajuda e ganhei uma geladeira e um fogão usados.”

Apesar de estar com dificuldades, ela afirma que decidiu fazer um voto no Altar. “Eu sabia que Deus me ajudaria. Logo depois, consegui um emprego”, diz. Laís teve que aprender a viver sem a mãe e revela como enfrentou os momentos mais difíceis: “algumas vezes eu parava e me perguntava: ‘por que eu? Por que a minha mãe?’ Eu sentia tristeza e saudade, mas buscava apoio na Palavra de Deus. Comecei a agir minha fé e Deus foi me fortalecendo cada vez mais.”

Nove meses após a morte da mãe, Laís se tornou obreira. Aos 31 anos, ela destaca a importância de seguir em frente: “depois da perda da minha mãe, me tornei a mulher que sou hoje e Deus vem me usando para apoiar outras pessoas. Tenho alegria, paz, durmo bem e tenho um bom trabalho. Graças a Deus nunca me faltou nada”, conclui.

Destino da Alma
O Bispo Edir Macedo lembra que todo mundo nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre. Esse é o ciclo natural da vida. Entretanto o que ocorre depois que o corpo físico desaparece?

A Bíblia destaca que “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16.16). Com base nisso, o Bispo Macedo afirma que o destino da alma depende de algumas escolhas.

“A única maneira de mudar o destino natural da alma é: ao nascer fisicamente neste mundo, é preciso morrer (espiritualmente) nele, para então nascer de novo. Contudo isso só é possível por meio de uma entrega total e completa, pela fé sacrificial, ao Senhor Jesus no Altar”, escreveu em seu blog no portal universal.org. Todas as histórias desta reportagem têm algo em comum: Elaine, Bruna, Caio e Laís decidiram seguir a Palavra de Deus. Para eles, não são apenas as conquistas materiais que importam, porque a prioridade é a comunhão com Deus, que se renova a cada dia. Assim, eles compreenderam a morte e deram um novo sentido à vida. Você já parou para pensar no sentido da vida?

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: Getty images, cedidas, Demetrio Koch.