Em dezembro, 3,2 mil detentos se formam em presídios de SP

A partir de programa social, mais de 8,6 mil reclusos pelo Brasil alcançaram a conquista este ano: concluíram cursos como mecânica, mídias sociais e padaria

Imagem de capa - Em dezembro, 3,2 mil detentos se formam em presídios de SP

Ao longo de dezembro deste ano, algumas cerimônias fora da rotina estão acontecendo em instituições prisionais de São Paulo. Ao fim do mês, somente em São Paulo, serão mais 3,2 mil detentos formados para trabalhar profissionalmente. Mas, ao considerar os estados de Brasília, Pará, Paraná e Bahia, além de São Paulo, ao longo do ano de 2023, são mais de 8,6 mil detentos formados em 45 cursos, incluindo: mecânica, gestão de empresas, mídias sociais, manicure e padaria.

Os cursos profissionalizantes foram oferecidos pela Universal nos Presídios (UNP),
programa mantido pela Igreja Universal do Reino de Deus. Todos os que completam,
com sucesso, um dos cursos, recebem um certificado de conclusão com validade no
território nacional. Apenas na Penitenciária Feminina Sant’Ana, em São Paulo, a turma de dezembro é composta por 385 mulheres a alcançar a conquista.

Segundo o relatório “Reincidência Criminal no Brasil”, formulado pelo Departamento
Penitenciário Nacional (DEPEN), em parceria com a Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), a média de reincidência no primeiro ano da detenção de um preso está em torno de 21%. O número piora até uma taxa de 38,9% após cinco anos em uma prisão brasileira. Isto significa, entre outras coisas, que é fundamental fazer uma intervenção na vida dos detentos o mais rápido possível, ajudando-os a buscar outro caminho — e reduzindo a possibilidade de que voltem para o crime.

Chance de mudar

O responsável pela iniciativa da UNP, Clodoaldo Rocha, revela que o principal objetivo
da ação social coroada em 60 cidades é contribuir para transformar as vidas dos
apenados e, a partir daí, de seus familiares — e ainda além. “A sociedade também é
beneficiada, pois a formação em cursos profissionalizantes reduz a reincidência
criminal”, pontua, enquanto menciona que também haverá a doação de livros nas
cerimônias de formatura. Clodoaldo enfatiza, por fim, que milhares de pessoas
transformadas pelo conhecimento, além de tenderem a deixar o crime, podem impactar a sociedade positivamente — inclusive, os cofres públicos.

De fato, o custo médio mensal de um preso no Brasil é de R$ 1.908,42, segundo a
Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN). Em junho de 2023, nosso país tinha quase 645 mil reclusos em celas e mais 190 mil em prisão domiciliar. Somente no período entre 2019 e maio de 2023, a UNP conseguiu ressocializar mais de 23,4 mil
detentos. Para se ter uma ideia: caso estas pessoas ainda estivessem no sistema
carcerário, custariam, apenas no mesmo período aproximado de cinco anos, quase R$
45 milhões em impostos aos brasileiros.

Lourdes dos Santos, 65 anos, é uma das 35 mil pessoas que, somente neste fim de ano, em São Paulo, se ofereceram como voluntárias na iniciativa da UNP. Ela afirma que foi muito gratificante ajudar no curso de Brigadeiro Gourmet Chique. “A cada olhar delas, quando participam e fazem as receitas, vemos a possibilidade de uma mudança de vida”, reflete.  Lourdes fica contente ao recordar os planos que ouviu em sala: “Muitas alunas já estão planejando como fazer os doces, onde vão vender. Isso não tem preço”, avalia.

Sua colega voluntária, Jéssica Chaves, de 43 anos, participou no curso de Empregabilidade & Empreendedorismo em uma penitenciária feminina e fala sobre a experiência: “Para mim, foi um sonho estar ali, podendo contribuir para uma mudança na vida de cada mulher”.

Uma das beneficiadas pela iniciativa nacional da UNP é I. B., que reservou uma
mensagem para seus tutores. Pelo visto, a reeducanda está pronta para voltar à
sociedade — e de forma produtiva e saborosa — assim que possível. “Desejo montar
um negócio de vendas de salgados, pois eu já havia mexido com isso. Mas, agora, com o curso que eu fiz, tenho a certeza de que terei sucesso, pois saberei desenvolver meu projeto”, compartilha, confiante. A detenta deixa seu agradecimento e espera que venham mais chances como essa por aí: “Muito obrigada pela rica oportunidade que o curso me proporcionou. Agora, terei a sabedoria para tocar meu negócio. Que venham outros cursos como esses”.

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Colaborador

Unicom / Foto: Reprodução