Empresas como Netflix, Toyota e Harley-Davidson têm abandonado a cultura woke

Entenda como grandes corporações estão abandonando essas pautas, diante de mudanças no mercado e pressões sociais

Imagem de capa - Empresas como Netflix, Toyota e Harley-Davidson têm abandonado a cultura woke

As últimas notícias mostram que as grandes empresas têm abandonado a cultura woke, influenciadas por crescentes pressões de consumidores e campanhas de ativistas. Um dos exemplos mais recentes é a decisão da Toyota, que anunciou a retirada de seu apoio a iniciativas ligadas a pautas woke. Seguindo o mesmo caminho de outras gigantes, como Ford e Harley-Davidson.

O que é a cultura woke:

A cultura woke, que começou com a intenção de promover a conscientização sobre injustiças sociais e combater o racismo, a desigualdade de gênero e outras formas de discriminação, evoluiu para algo que, para muitos, passou a gerar mais polarização do que soluções.

O termo “woke”, que significava estar “desperto” para as injustiças, acabou se transformando em uma forma de patrulhamento ideológico, onde qualquer opinião ou comportamento que não se alinhe estritamente com a agenda progressista é rapidamente atacado.

O problema com essa mentalidade é que, em vez de promover o diálogo e a inclusão, muitas vezes, acaba silenciando vozes dissidentes e criando um ambiente de censura. Ao exigir uma conformidade rígida com certas pautas, o movimento woke pode sufocar a liberdade de expressão e alienar pessoas que poderiam, de outra forma, estar abertas ao diálogo.

Além disso, a insistência em transformar todas as questões em batalhas culturais cria divisões desnecessárias na sociedade, afastando o foco das verdadeiras soluções para os problemas que, originalmente, inspiraram o movimento.

O que você precisa saber:

A decisão da Toyota de reverter suas políticas apoiadas na cultura woke veio após uma intensa campanha conduzida pelo ativista anti-woke Robby Starbuck. Ele expôs, nas redes sociais, as iniciativas da empresa que apoiavam causas LGBTQ+, o que desencadeou uma mobilização para boicotar a marca até que suas práticas fossem alteradas.

A pressão funcionou, e a Toyota, juntamente com suas concessionárias nos EUA, anunciou que não financiará mais organizações ou eventos relacionados a essa agenda, além de deixar de participar do Índice de Igualdade Corporativa da Human Rights Campaign.

A medida reflete uma tendência crescente entre empresas tradicionais de reavaliar ou abandonar suas iniciativas de diversidade devido ao feedback negativo de consumidores conservadores.

Seguindo o exemplo da Toyota, outras grandes empresas como Ford e Harley-Davidson também estão abandonando políticas voltadas para causas woke, motivadas por críticas de seus consumidores e movimentos liderados por influenciadores como Starbuck. A Ford, por exemplo, já havia comunicado que não participaria mais do Índice de Igualdade Corporativa, destacando a importância de se alinhar melhor às expectativas de seus clientes.

Por que é importante:

Essas mudanças refletem uma transformação significativa no comportamento corporativo, especialmente em mercados sensíveis à opinião pública. O recuo de grandes marcas em relação a pautas progressistas, como o DEI, demonstra o impacto que as pressões sociais e econômicas exercem sobre as decisões empresariais.

Inclusive, Robby Starbuck e seus seguidores têm desempenhado um papel central ao direcionar campanhas que apelam para a neutralidade corporativa, influenciando marcas a não se posicionarem politicamente ou socialmente, para não ofenderem parte de seus consumidores.

O declínio do apoio às políticas woke não se restringe ao setor automotivo ou ao trabalho de Starbuck. Universidades e empresas nos Estados Unidos estão se afastando dessas pautas após anos de implementação dessas políticas, que, em muitos casos, impactaram os resultados financeiros. Veja:

  • Em maio de 2022, após perder 200 mil assinantes, um comunicado interno da Netflix ressaltou aos colaboradores que sua principal missão é o entretenimento. Caso algum funcionário se sentisse desconfortável com o conteúdo em que estivesse envolvido, a recomendação era que deixasse a empresa.
  • Alguns meses depois, em abril de 2023, a cervejaria Anheuser-Busch (Budweiser) viu suas ações despencarem em 5 bilhões de dólares na bolsa de valores após uma colaboração com uma influenciadora trans. O presidente da empresa se desculpou publicamente no então Twitter (hoje, o X), afirmando: “Nossa intenção nunca foi entrar em uma discussão que dividisse as pessoas. Nosso foco é unir as pessoas (…)”
  • Já em novembro de 2023, o presidente da Disney admitiu que os criadores da empresa se afastaram de sua missão principal. Ele declarou que o foco deve ser o entretenimento, e não a transmissão de mensagens.

A partir de 2024, essas palavras começaram a ser acompanhadas de ações. Diversas empresas passaram a anunciar abertamente que estão abandonando suas políticas woke, buscando se reconectar com os desejos de seus consumidores.

O que analisar:

Desta forma, a professora Morgane Daury-Fauveau destacou que essa mudança é, acima de tudo, uma resposta ao mercado. Empresas estão percebendo que, ao focarem demais em questões sociais, afastam parte de seus consumidores tradicionais, cujas prioridades estão distantes desses temas.

Exemplos de grandes empresas, como Netflix, Disney e Anheuser-Busch, que enfrentaram prejuízos financeiros após adotarem parcerias e conteúdos relacionados a questões woke, são indicativos de que o mercado, muitas vezes, rejeita esse tipo de posicionamento.

Assim, marcas que buscam manter sua relevância e lucratividade têm adotado uma postura mais neutra, voltada para atender às necessidades diretas de seus consumidores, e menos focadas em questões identitárias.

Essa nova tendência revela um movimento que, ao que tudo indica, seguirá crescendo nos próximos anos, à medida que mais empresas optem por manter a neutralidade em questões polêmicas. A era do wokismo corporativo parece estar chegando ao fim nos Estados Unidos, e resta saber quando e como essa transformação se refletirá em outros países.

 

imagem do author
Colaborador

Redação / Foto: iStock