Mais de 93 mil pessoas morreram por overdose de drogas nos Estados Unidos apenas em 2020. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), divulgou nesta quarta-feira (14) que o número representa um aumento de 29,4% em relação a 2019.

Essas ainda são apenas as estimativas preliminares. O relatório final deve ser divulgado nos próximos dias, sendo que os pesquisadores podem encontrar ainda mais mortes por overdose que até agora não foram detectadas.

“Esses números são simplesmente devastadores”, afirma Nora Volkow, médica especializada em abuso de drogas Nora Volkow, responsável pelo estudo. “Essas pessoas não podem ser ignoradas, apesar da crise da COVID.”

De acordo com ela, a maior parte das mortes foi causada pelo abuso do opioide fenantil. Legalmente, esse remédio é utilizado para anestesias e combate a dores. Dependentes químicos, porém, as utilizam em lugar de heroína.

Essa droga ainda não possui muitos dependentes no Brasil, por ser muito mais cara do que outras como o crack e a cocaína.

A epidemia de dependência química em fenantil é assustadora. Em 2014, três mil pessoas morreram por overdose dessa droga. Apenas seis anos depois, foram mais de 55 mil vítimas.

Além do fenantil, a própria cocaína, a heroína, a metanfetamina e os analgésicos são outros grandes causadores de overdoses. Em apenas dez anos, meio milhão de pessoas morreram por overdose nos EUA.

“Eu posso ver onde os casos de COVID estão acontecendo diariamente agora”, disse Volkow, ao site local BuzzFeed. “Precisamos fazer as mesmas coisas para ver onde as overdoses estão acontecendo.”

De fato, as atenções dadas à COVID-19 fizeram com que muitos governantes e jornalistas se esquecessem dessa outra epidemia, que também mata milhares. Na intenção de diminuir o contato social entre as pessoas, empregos foram perdidos, escolas foram fechadas e até programas de auxílio aos viciados encerram suas atividades. Recentemente, o comentarista político Jeff Charles, especialista em política norte-americana, ressaltou que centros de apoio à dependentes químicos foram fechados, albergues e auxílios sociais suspensos e muitos perderam o emprego, levando-os ao uso de drogas.

“Os políticos progressistas estão restringindo os residentes sob seu governo, mas seria melhor gastar tentando fazer algo sobre os usuários de drogas morrendo de overdoses. Infelizmente, essas mortes não são tão politicamente úteis para a extrema esquerda quanto a pandemia de COVID-19”, afirmou Charles, em sua coluna ao site Red State.

A epidemia de dependência química é uma realidade no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Por isso, a Organização Mundial da Saúde criou o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, que aconteceu em junho.

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