“Eu pedia para que Deus me levasse. Eu pedia a morte”

A Fé deu a Letícia a saúde que ela nunca teve em 22 anos de vida

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Em Guarulhos (SP) vive a administradora Letícia Cristino Rodrigues dos Santos, de 24 anos. Desde a infância, ela esteve acima do peso. Aos 22 anos, chegou aos 108 quilos distribuídos em apenas 1m64 de altura. O sobrepeso trouxe problemas de saúde, como pré-diabetes, gordura no fígado e ovários policísticos. Por essas e outras razões, em 31 de janeiro de 2020, Letícia foi encaminhada para uma cirurgia bariátrica. “A técnica realizada se chama Bypass. Nela, são cortados 70% do estômago e o intestino é virado para a posição horizontal e grampeado. Aparentemente, a cirurgia foi um sucesso. Passei os dois dias seguintes ao procedimento internada, o que era algo normal e, em seguida, tive alta”, conta.

O pior ainda viria
Letícia acreditou que seus problemas seriam solucionados. Ela teria de seguir uma dieta restritiva com quatro fases: líquida, pastosa, amassada e bem cozida. “Voltei para casa e comecei a fazer a dieta líquida. Passados dois dias, vomitei uma baba, mas continuei a dieta. No retorno depois de sete dias da operação, relatei o ocorrido e o médico disse que não era para eu ter vomitado porque eu não podia fazer tanta força, mas, daquele dia em diante, só piorei. Eu vomitava muito e não ia mais ao banheiro para fazer as necessidades fisiológicas.”

Passados 15 dias da cirurgia, Letícia estava muito fraca, vomitando e pálida. “Foi então que minha mãe decidiu me levar de novo ao hospital. Eu estava no meu limite. Ali começou minha verdadeira luta pela vida. Fui medicada e passei por uma tomografia que acusou que houve um erro na cirurgia, pois os grampos no intestino estavam muito apertados. Então, fui internada para uma laparoscopia para afrouxá-los”. Após dois dias sentindo muita dor, Letícia passou pelo procedimento de reparação e seu intestino ainda não funcionava. De acordo com os médicos, isso trazia risco de paralisação de outros órgãos. Então, em 21 de fevereiro, o novo procedimento foi realizado. Ela foi informada de que seria rápido e simples, mas, ao despertar da anestesia, ela estava na unidade de tratamento intensivo (UTI).

“Como eu vomitei muito, demoraram para realizar a laparoscopia. Eu estava muito fraca e meu coração não bombeava mais o sangue. Então, me aplicaram adrenalina na veia para bombear o coração e todos os dias colhiam exames de sangue duas vezes, para ver se havia melhora, mas nada acontecia. Na UTI, eu usava sonda urinária, bolsa de colostomia e fralda. Eu tomava banho na maca e dependia dos outros para tudo. Ali foi meu fundo do poço. Eu pedia para que Deus me levasse. Eu pedia a morte. Eu conhecia a Fé, mas naquela situação não tinha forças para lutar”, diz.

Na UTI, ela permaneceu por dez dias em jejum oral, com um cateter venoso no braço, por onde recebia a nutrição parenteral periférica.

Fé e resposta
A mãe dela, que já frequentava a Universal, ao vê-la desistindo de viver, apelou para a Fé. “Na UTI não podia entrar com nada, mas ela dava um jeito e levava a água consagrada da Universal. Eu não podia tomar, mas ela passava em mim. Ela passava também o lenço, que era um propósito de terça-feira em favor dos doentes. Ela deixava a TV do hospital o tempo todo ligada na programação da Igreja e orava toda madrugada pela minha cura”.

Contudo foi descoberto o segundo erro cirúrgico: a vesícula dela foi perfurada. Ela conta que “o líquido biliar escorreu para trás do útero e virou pus. Passados seis dias, tive alta da UTI e fui para o quarto. Me animei, achei que teria alta, continuei me alimentando pelo cateter e tomando adrenalina. Em razão do segundo erro, eles me entubaram para fazer a punção do pus. O procedimento foi feito uma vez e o restante foi expelido pela urina”.

Deprimida, ela não queria tomar banho nem fazer fisioterapia. “Já tinha passado 16 dias quando Deus usou minha mãe para me dar uma injeção de Fé. Ela perguntou até quando eu aceitaria aquela situação, disse que eu estava me entregando e que eu precisava reagir. Aquelas palavras eram tudo que eu precisava ouvir para despertar a minha Fé e clamar a Deus. Depois de três dias, eu tive alta”, conta.

Em 10 de março, saiu do hospital uma nova mulher, grata a Deus e com sede de viver. “Se não fosse minha mãe usar a Fé e lutar com Deus por mim, não sei se eu estaria aqui para contar isso. Hoje tenho saúde, me livrei das doenças e não tenho nenhuma sequela.”

Para o Bispo Misael Silva, responsável pela Corrente dos 70, às terças-feiras na Universal, essa é a prova de que a fé é a garantia do milagre: “para Deus não existe impossível. Mesmo quando o homem falha, se a pessoa usa a fé, a resposta vem do Alto, pois o tempo de milagres não acabou”.

Mais sobre a cirurgia bariátrica Bypass:

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, a técnica cirúrgica Bypass Gástrico também é chamada de gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”. Essa é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a 75% das cirurgias realizadas. O paciente perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse tipo de procedimento, é feito o grampeamento de parte do estômago, reduzindo o espaço para os alimentos, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. A menor ingestão de alimentos e o aumento da saciedade levam ao emagrecimento, o que ajuda a controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.

Já a cirurgia laparoscópica é uma técnica que permite a operação por meio de pequenos orifícios, onde são introduzidas longas pinças cirúrgicas. O procedimento é realizado com auxílio de uma televisão ou monitor cirúrgico. Ela é considerada “minimamente invasiva” e, portanto, a recuperação do paciente é mais rápida e segura.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: Arquivo pessoal