“Eu queria matar minha mãe”

Ana Carolina Martuzzo nutria tanto ódio dentro de si que se tornou depressiva, agressiva e passou a planejar a própria morte e a de sua mãe

Imagem de capa - “Eu queria matar minha mãe”

Ana Carolina Martuzzo Dias, de 23 anos, formada em gestão de recursos humanos, conta que sua história de vida foi marcada por desafios e sofrimento. “Tudo começou na minha infância. Meus pais brigavam todos os dias e havia agressões físicas e verbais”, relembra. Os conflitos familiares eram tão intensos que chegaram a envolver a polícia e o conselho tutelar. Ela lembra de um episódio traumático em que o padrasto desfaleceu na cama durante uma dessas brigas.

Desde cedo, Ana diz que tentava proteger seus irmãos mais novos dos problemas da família. “Ao tentar separar uma briga, eu acabava apanhando no lugar de outra pessoa. Eu me sentia na obrigação de colocar um ponto final em toda a situação”, diz. A responsabilidade pelo bem-estar dos irmãos a fazia intervir, mas também a tornava alvo da violência doméstica. “Isso foi criando em mim uma raiva muito grande de todo mundo da minha casa, mas principalmente da minha mãe”, admite.

Na adolescência, ela explica que desenvolveu um ódio intenso pela mãe. “Eu queria matar minha mãe. Imaginei várias vezes como iria matá-la”, relata. Um momento marcante foi quando, parada na cozinha, Ana se imaginou cometendo um atentado contra a vida da genitora. “Parecia tão real que eu a vi caída no chão”, diz.

Na escola, o desempenho de Ana caiu drasticamente. “Eu ia para a escola apenas para me misturar com as pessoas”, afirma. Influenciada por más companhias, ela começou a adotar comportamentos negativos. “Eu queria ser como elas eram: se elas pintavam o cabelo eu pintava, se faziam alguma coisa errada, eu também queria fazer”, explica.

Apesar de tudo, Ana nunca desistiu de seus irmãos. “Mesmo com um ódio inexplicável pela minha mãe, sempre pensei nos meus irmãos”, conta. Dentro de casa, porém, Ana se tornou uma pessoa agressiva, o que gerava conflitos constantes. “Minha mãe passou a dar menos atenção para mim. Era como se eu fosse uma pessoa insignificante.”

A falta de atenção e carinho a levou a ter complexo de inferioridade. “Eu desenvolvi ansiedade e depressão e, consequentemente, veio o desejo de suicídio e a automutilação”, revela. Todas as noites, Ana se automutilava para conseguir dormir. “Era como se dentro de mim tivesse um buraco e alguém estivesse colocando a mão dentro desse buraco, porque doía muito”, descreve.

Buscando preencher o vazio, Ana se envolveu com um rapaz que bebia e fumava. “Passei a usar esses vícios para preencher o vazio que tinha dentro de mim, mas, ainda assim, isso não foi suficiente para me dar alívio”, destaca.

NOVA CHANCE
A mudança na vida de Ana começou quando sua avó, que era frequentadora assídua da Universal, foi morar com ela e a levou à igreja. “Durante uma pregação em um domingo, o pastor descreveu uma situação como se conhecesse a minha vida. Ele disse: ‘não adianta você querer ter a bênção se você não é a bênção’”, lembra. Decidida a mudar, ela deixou para trás relacionamentos e comportamentos tóxicos. “Consegui perdoar minha mãe e me perdoar também”, esclarece.

Por meio da fé, Ana encontrou a paz e a felicidade que procurava. “Depois que comecei esse processo de conversão, me libertei e tive um encontro com Deus”, diz. Hoje, Ana não precisa de atenção ou da aprovação de ninguém. “O Espírito Santo é o meu bem mais precioso, é tudo que eu tanto procurei e que sabia onde estava, mas relutei em buscá-Lo”, conclui.

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Colaborador

Kaline Tascin / Foto: Mídia FJu / SP