Fatos ocorridos na infância podem gerar sérias consequências na vida adulta. Foi o que aconteceu com a agente de viagens Larissa de Andrade Morgado Rosa, (foto abaixo) de 23 anos. Ela conta que teve um início de infância tranquilo, pois recebia carinho e atenção dos pais que, embora separados, eram sempre presentes em sua vida. Até que, certa vez, sua tia se envolveu com um homem que passou a abusar dela sexualmente. Com apenas 6 anos, Larissa se tornou vítima dele.

“Por causa disso, tive transtornos mentais, emocionais e físicos. Eu tinha medo do que aconteceria quando alguém descobrisse, de decepcionar minha família e do que aconteceria comigo. Nunca tive coragem de contar a ninguém”, revela.

Algum tempo depois, o abusador se separou da tia de Larissa e se mudou para outro Estado. Quando tudo foi descoberto, já era tarde. Aos 13 anos, Larissa viu as consequências dos abusos virem à tona. Na escola, ela estava próxima dos alunos mais problemáticos e constantemente se envolvia em brigas.

“Eu tinha confusões na minha mente sobre quem eu era. Me sentia revoltada por tudo que aconteceu comigo e não me aceitava. Cheguei a me mutilar para chamar atenção e pôr para fora o vazio que eu sentia. Foi quando comecei a ter complexos e passei a acreditar que como mulher jamais seria feliz, pois não poderia me defender. Comecei a alimentar desejo por mulheres e me envolvi com uma na escola”, recorda.

Depois desse episódio, Larissa mergulhou de cabeça em festas e baladas e o desejo de se parecer fisicamente com um homem se intensificou. “Comecei a fazer academia e a tomar suplementos e hormônios masculinos, para que pudesse crescer músculos e pelos em mim. Pesquisava cirurgias que me tornaria uma transexual. Eu me perdi dentro de mim mesma”, diz.

Consequências
No início da fase adulta, Larissa chegou a morar com algumas mulheres, mas os relacionamentos eram conturbados e cheios de agressões físicas e emocionais. “Envolvi até minha família nas brigas, a ponto de um dia levantar a mão para a minha mãe.”

Ela conta que os problemas espirituais a levaram a ter reflexos negativos na saúde, como depressão. “Havia um grande abismo dentro de mim, um vazio e uma angústia que me levavam a beber a ponto de não me lembrar de nada. Tinha muito ódio e pensamentos de morte”, relata.

Luz no fim do túnel
Em 2018, depois de mais uma decepção amorosa, Larissa aceitou o convite para acompanhar a mãe e a irmã a uma reunião na Universal.

Ela lembra que na Igreja sentiu paz e, por isso, decidiu frequentar as correntes. A mudança começou a acontecer. “Comecei a acreditar em mim e na Palavra de Deus. Abandonei meu passado: as pessoas tóxicas, a casa, os relacionamentos, as roupas e os costumes. Compreendi que Deus tinha um propósito em minha vida”, afirma.

Mas a maior de todas as mudanças, de acordo com ela, veio com o batismo do Espírito Santo. “Foi a melhor coisa que me aconteceu, pois recebi uma nova vida. Venci o trauma dos abusos, as lembranças, a depressão e entendi que a minha natureza não era aquela. Apenas o fato de me submeter a Deus mudou a minha mente. Foi nela que aconteceu a minha maior mudança, como se meu nascimento não tivesse sido há 23 anos, mas quando recebi a plenitude de Deus dentro de mim”, destaca.

Atualmente, Larissa vive em harmonia com sua família, é feliz e realizada e se dedica a ajudar muitas pessoas que carregam os mesmos traumas que um dia ela teve. “As minhas feridas foram curadas em Deus e Ele as usa hoje para curar as feridas de outras pessoas”, finaliza.