“Eu usava as pessoas para o meu próprio benefício”

Com uma infância marcada por agressões e abusos, Ronia de Oliveira Belo não sabia o que era amor, até que conheceu a Fé

Imagem de capa - “Eu usava as pessoas para o meu próprio benefício”

Ser rejeitado é uma das piores sensações que o ser humano pode experimentar. Agora imagine sofrer a rejeição da própria mãe. Foi assim com Ronia de Oliveira Belo, de 44 anos. “Minha mãe queria ter um menino e ela tinha feito uma promessa que ele seria apresentado a uma entidade espiritual. Então, quando eu nasci, ela se frustrou. Também nasci com uma febre muito alta, que fez com que minha perna encolhesse.” Nesse contexto, a mãe de Ronia sugeriu que a menina fosse deixada no hospital, mas o pai insistiu que a levassem com eles.

Ela se recuperou e sua perna voltou ao normal.

Contudo, a rejeição se repetiu. “Com 6 anos, sofri o primeiro abuso e passei a ter insônia e a ouvir vozes e barulho de correntes. Não conseguia dormir. Um dia, urinei na roupa e minha mãe esfregou a peça no meu rosto até a minha boca sangrar.” Aos 11 anos, Ronia passou a ser abusada frequentemente pelo pai. “Ele sofria de esquizofrenia e se considerava astrólogo. Em um mapa astral, ele viu que eu era a alma gêmea dele e passou a me ver como mulher e a me tocar.” Na tentativa de pedir socorro, Ronia contou o ocorrido para a mãe: “ela me culpou. Eu me senti tão desamparada que desejei a morte”.

Ronia carregava desprezo e uma tristeza que a levou a ter depressão profunda. “Eu passava por vários especialistas, mas os tratamentos não faziam efeito, ao contrário, me tornavam dependente dos medicamentos”. E, para manter aquele vício, ela se envolvia com médicos e enfermeiros: “eu usava as pessoas para o meu próprio benefício. Era considerada vazia”.

Na tentativa de mudança, Ronia se envolveu com espíritos. “Um dia falaram que eu tinha que entregar minha cabeça aos espíritos e assim eu fiz. Comecei a fumar e a beber e cresceu em mim uma revolta. Eu me aproximava das pessoas, ganhava a confiança delas e depois as torturava psicologicamente”.

Para fugir do pai, Ronia foi morar com um rapaz e realizou seu sonho de ser mãe. “Foi nesse período que conheci as drogas. Usava muita maconha, até que fiquei grávida.” A criança nasceu, Ronia se separou e criou a menina sozinha. “Eu não sentia amor pela minha filha, mas posse. Eu me vi tendo os mesmos comportamentos da minha mãe.”

Mudança interior
Ronia já conhecia a Universal e sabia que lá sua vida poderia ser transformada. “Eu lutei contra mim mesma e resolvi abrir mão de tudo.” Após seu batismo nas águas, ela entendeu que precisava receber o Espírito Santo. “Quando fui batizada com o Espírito Santo a primeira coisa que aconteceu foi eu me sentir amada e protegida”.

O seu Encontro com Deus lhe proporcionou uma limpeza interior. “Hoje mudou tudo. Não tenho mais vícios, depressão nem desejo de suicídio. Durmo em paz, não vejo vultos nem ouço vozes. Conheci um homem de Deus que é meu marido, o amo e vejo a minha filha como um presente. Perdoei a todos que um dia me fizeram mal. Deus colocou uma pedra no meu passado, me presenteou com uma vida nova e hoje ajudo outras pessoas que passam pelo que passei”, finaliza.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: arquivo pessoal