Fábrica de crianças?
Talvez você possa achar que não leu corretamente o título deste artigo, mas você leu. Esse é mais um passo da nossa caminhada para o fim. E nem deveríamos nos espantar. Basta olhar ao redor para ver que o fim realmente se aproxima: pessoas agressivas, focadas em suas próprias cobiças e sentimentos. O comportamento imoral é visto como certo e o certo é visto como algo bobo, desimportante. Os noticiários estão cheios de crimes de todos os tipos. Valores e princípios têm sido desprezados porque as prioridades se inverteram e até mesmo os avanços tecnológicos têm servido a essa inversão. É assim que surge a fábrica de bebês.
Em 1932, o escritor Aldous Huxley escreveu o livro Admirável Mundo Novo, imaginando o futuro a partir de uma visão crítica da sociedade que, já na sua época, estava deslumbrada com os avanços tecnocientíficos.
Huxley imaginou uma sociedade em que embriões (futuros seres humanos) seriam formados em laboratório e manipulados geneticamente para realizarem funções predefinidas. Alguns, feitos para classes privilegiadas, e outros, preparados para os piores trabalhos. Depois, seriam implantados em cápsulas artificiais, de onde nasceriam, como em uma linha de produção de crianças. Em 2022, a realidade se aproxima da ficção preocupantemente.
Recentemente, o biotecnólogo Hashem al-Ghaili apresentou ao mundo o projeto EctoLife, uma rede de clínicas de gestação artificial (ectogênese). Os contratantes poderão alterar geneticamente os embriões, escolhendo características físicas e intelectuais de seus futuros bebês, que serão implantados em cápsulas tecnológicas. A tecnologia ainda não foi totalmente desenvolvida nem aprovada, mas al-Ghaili garante que tudo o que apresenta já foi proposto como viável pela Ciência e que estaria disponível para ser implementado em até 15 anos.
A imagem é de uma verdadeira “fábrica de crianças”, com centenas de recipientes ovais e transparentes ligados a equipamentos que os mantêm funcionando, cada um com um feto mergulhado em líquido nutritivo artificial. O contato do bebê com a pessoa que pagou para gerá-lo é feito por meio de aplicativo, como se alguma tecnologia pudesse substituir a interação entre mãe e filho. Pesquisas apontam que o cérebro da mãe sofre mudanças significativas durante a gestação para que ela consiga focar no bebê e estabelecer com ele um vínculo que ninguém é capaz de explicar — e que é essencial para o desenvolvimento emocional da criança. Nisto se vê a ação do Criador.
Como garantir a integridade psicológica de pessoas gestadas assim? O ser humano é uma máquina que pode ser substituída por outra? O aumento da inteligência e de talentos do embrião por engenharia genética para quem pode pagar pioraria absurdamente o abismo social entre os seres humanos, não? E quem pode garantir que a tecnologia não seria usada para fins nada nobres, como formação de exércitos, tráfico de pessoas ou tráfico de órgãos? Enquanto alguns levantam esses e outros questionamentos, outros comemoram a ideia como “avanço da Ciência”.
Quando deixa de lado os princípios éticos aprendidos para satisfazer qualquer vontade sua, o ser humano perde o que tem de melhor, porque exclui o próprio Deus. Por isso o que vem acontecendo no mundo choca a muitos. Esses supostos “avanços” atropelam até o velho bom senso. E a tendência é piorar. Isso quem diz não é Aldous Huxley, mas a Bíblia. Ela prevê que nos últimos dias as pessoas serão desafeiçoadas, amigas dos prazeres e inimigas de Deus, exatamente como se vê hoje. A boa notícia é que, quanto mais o mundo caminha para o cumprimento das profecias, mais perto está o dia do fim.
Quem quer fazer o certo está se tornando exceção e deve aprender a aceitar ser diferente, focando na eternidade; deve não se permitir abater com a degradação moral no mundo; deve aprender a manter firmes seus valores e a convicção de que o certo ainda é o certo, mesmo quando a maioria escolhe o errado. É preciso ter em mente que vale a pena andar no caminho reto e influenciar os sinceros que estão ao seu redor, ainda que sejam poucos. Esses poucos são verdadeira resistência nesses tempos sombrios. Vale a pena focar em ser a fonte de luz que aponta o caminho para quem quer sair das trevas.