Família busca justiça pela morte do congolês Moïse Kabagambe

Jovem foi espancado no RJ e morto a pauladas, após cobrar uma dívida em um quiosque. Entenda o triste caso

Um jovem congolês refugiado no Brasil foi brutalmente assassinado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, dia 24 de janeiro último. Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi espancado e morto a pauladas, após cobrar uma dívida em um quiosque.

Ele foi imobilizado, amarrado e espancado até a morte por pelo menos quatro homens. A polícia prendeu temporariamente três deles e dois já tinham antecedentes criminais.

Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, já tinha passagem por corrupção de menores, extorsão e porte ilegal de arma. E Fábio Pirineus da Silva, o Belo, por falta de pagamento de pensão alimentícia e ameaças à ex-mulher.

O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) também apura a morte do congolês e vai investigar a relação trabalhista entre as partes. Em nota, o órgão informou que a denúncia aponta para um possível trabalho sem reconhecimento de direitos trabalhistas. Ou seja, pode configurar trabalho em condições análogas às de escravo, na modalidade trabalho forçado, de xenofobia e de racismo.

Indiferença

O caso ganhou os noticiários no Brasil e no exterior. Mesmo assim, está rodeado de falhas da justiça e indiferença, talvez motivados por racismo e xenofobia.

O procurador de direitos humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanhou o depoimento de 5 horas da família de Moïse na quarta-feira (02) e afirmou que existe uma clara tentativa de desqualificar a vítima.

O responsabilizaram pela situação que provocou sua própria morte, por estar supostamente alcoolizado, o que não foi confirmado em laudos.

Além disso, um dos funcionários do quiosque mentiu em seu primeiro depoimento à polícia dizendo que não conhecia a vítima nem seus agressores. Após o caso ganhar repercussão, ele retificou o depoimento e confirmou a identidade de dois agressores.

Para piorar, um dos acusados é um lutador de jiu-jítsu. Brendon Alexander Luz da Silva afirmou à Polícia Civil estar com a “consciência tranquila”, embora tenha participado do crime. No enterro de Moïse a família clamou por justiça.

imagem do author
Colaborador

Rafaella Rizzo / Fotos: Reprodução/RECORD TV RIO