Fazenda Canaã: 22 anos mudando vidas no sertão

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Nada assola mais os que vivem no sertão do que a seca. Sem chuva, as plantações não sobrevivem e, consequentemente, não há forma de sustento. Exemplo disso é o município de Irecê (BA). Em razão das estiagens da década de 1990, a cidade, que já havia sido a maior produtora de feijão do País, foi atingida por fome e miséria. Durante essa crise, em 1999, foi criado o Projeto Nova Canaã, idealizado pelo Bispo Edir Macedo e inspirado no modelo israelense de comunidade agrícola autossustentável. Mas, muito mais do que o desenvolvimento agrícola, o projeto sempre visou o fim do ciclo de miséria da região e, para que isso fosse alcançado, era necessário investir em educação.

Para auxiliar as famílias que viviam em vulnerabilidade social foi desenvolvido um programa socioeducacional que proporciona oportunidades para crianças e jovens por meio de atividades educacionais, esportivas, culturais e cuidados com a saúde. O projeto ainda oferece cursos de capacitação profissional.

O Nova Canaã conta com 200 funcionários e área total de 500 hectares onde estão os setores administrativo, de manutenção, agrícola, padaria e a escola, que tem 23 salas de aula, 11 salas de atividades, playground, piscina, campo de futebol, quadra esportiva, refeitório e biblioteca. São atendidas pessoas com idades entre quatro e 18 anos com ensino integral desde a educação infantil até o ensino médio. Elas recebem quatro refeições diárias, material didático e acompanhamento médico e odontológico. O projeto ainda disponibiliza transporte escolar.

Impactando vidas
Kethely Bezerra, de 14 anos, está há nove anos no projeto. Sua mãe, Francielda, conta sua experiência: “eu sempre sonhei colocar a minha filha no projeto e quando ele se realizou enfrentei uma fase difícil: o pai dela foi diagnosticado com uma doença renal crônica e começou a fazer hemodiálise. Durante este período, o Projeto Nova Canaã sempre me ajudou”.

Além de prestar suporte familiar, o projeto desperta uma nova perspectiva de vida em uma região onde a escassez de água também gerava poucos sonhos, como acontecia com Álex Kevin e sua família.

Ele está na instituição desde os 13 anos e hoje, aos 18, cursa o último ano do ensino médio e faz estágio no projeto. “O Nova Canaã motivou a mim e à minha família a querermos algo melhor para mim e para os meus irmãos. O desenvolvimento que conseguimos, não somente eu como todos os alunos, é como pessoa, porque aqui não formam apenas alunos, mas também cidadãos”, diz.

Desafios
A comemoração de 22 anos do projeto contou com a presença de mil pessoas entre alunos e familiares, do presidente do projeto, Sergio Corrêa, de deputados, autoridades municipais e instituições parceiras.

Ao mesmo tempo que há muito o que comemorar, também existem ainda desafios a serem enfrentados. Por causa das dificuldades financeiras geradas no período da pandemia, temporariamente, o projeto, que mantinha os alunos das 7h às 16h, está atendendo em período reduzido. As atividades extracurriculares estão suspensas, assim como o atendimento médico. Atualmente os alunos levam cinco pães para casa duas vezes por semana para ajudar na alimentação da família, mas antes da pandemia levavam cinco vezes. A meta é que tudo volte ao normal o quanto antes. O projeto conseguiu se manter em funcionamento por toda a pandemia, mas as doações que o mantêm em funcionamento diminuíram, conforme conta o diretor do projeto Edmilson Nunes.

Outro desafio foi pensar em aulas remotas quando muitas famílias não tinham acesso à internet: “foram desenvolvidos vários trabalhos para priorizarmos a igualdade de oportunidades e uma aprendizagem significativa. Distribuímos material impresso aos alunos que não tinham acesso à internet e fizemos atendimentos pedagógico e psicológico para alunos que apresentavam algum tipo de dificuldade na aprendizagem, o que permitiu que tanto o trabalho educacional quanto o social, que fazem parte do plano de ação da nossa instituição, fluíssem”, conta Nunes.

O resultado de tanto esforço foi visto nas boas pontuações e aprovações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no baixo índice de evasão escolar e na preservação de todos os empregos dos educadores.

Visando estender a ajuda social já oferecida para todo o sertão nordestino, em 2020 foi iniciada a campanha SOS Famílias do Sertão.

Desde então, já foram doadas mais de 32 toneladas de alimentos a 7.430 famílias. Mas o número de famílias necessitadas é muito grande e o SOS ainda não consegue atender a todas.

Nunes explica que a situação das famílias é extremamente difícil, pois elas vivem em povoados isolados e não têm a quem pedir ajuda: “precisamos de pessoas dispostas a fazerem o bem. O SOS tem o objetivo de alcançar doadores que possam nos ajudar com qualquer valor porque acreditamos que juntos somos mais fortes e que a corrente de ações e doações devolverá a esperança de um futuro digno a essas pessoas”.

Os programas do Nova Canaã são desenvolvidos graças às contribuições voluntárias dos que acreditam na missão do projeto. Colabore mirando a câmera do seu celular para o QR Code acima.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: cedidas