“Fechar uma igreja é como fechar um hospital”
Durante a pandemia, vários decretos municipais e estaduais determinaram o fechamento de igrejas. Entenda por que essas ações são prejudiciais para o Brasil
Há dores que os olhos não veem. Apesar disso, elas existem e podem fazer tanto mal quanto uma doença diagnosticada por exames. Desde a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, milhões de pessoas tiveram a vida afetada de inúmeras formas.
Há casos em que só a Fé é capaz de ajudar. É aí que as portas abertas de uma igreja fazem a diferença, como destaca o Bispo Eduardo Bravo, presidente da União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos (Unigrejas). “O governo federal entendeu o papel das igrejas e as classificou como serviço essencial, mas muitos prefeitos e governadores não entenderam ou não quiseram aceitar a importância da igreja”, diz.
Ele ainda faz um alerta: “a Covid-19 não trouxe apenas um problema para a saúde física. As pessoas estão enfrentando problemas de saúde emocional e espiritual, como depressão, violência familiar, tentativas de suicídio, etc. Essas são doenças do espírito, da alma, e a Igreja é um hospital espiritual, um S.O.S. Fechar uma igreja é como fechar um hospital. As pessoas chegarão ali em estado de emergência e encontrarão a porta fechada? Foi o que aconteceu em muitos lugares”.
Igrejas fechadas
Até a finalização desta edição, cerca de 400 cidades tinham igrejas impedidas de funcionar. Para o Bispo Bravo, houve excesso de alguns gestores. “Houve abusos em alguns Estados e cidades, como a tentativa de determinar o dia do culto, horário ou proibição da Santa Ceia.
Cada igreja tem seu dia sagrado e a tentativa de controlar isso desmonta a organização e quebra a tradição cultural da igreja”, destaca.
O apóstolo Sinomar Silveira, presidente do Ministério Luz Para os Povos e presidente do Conselho de Pastores de Goiânia, em Goiás, classifica o fechamento de igrejas como uma atitude insensata: “as igrejas prestam um serviço essencial à comunidade. Por isso, fechá-las, além de ser inconstitucional, é uma medida errada, infeliz e até preconceituosa. Fechar igrejas é como destruir as fontes de água que abastecem uma cidade.”
Segurança contra o vírus
O Bispo Bravo lembra que a saúde é prioridade dentro das igrejas, que obedecem às regras definidas pelas autoridades sanitárias. “A Igreja está tomando todas as precauções necessárias e, por isso, tem um ambiente muito seguro. Há espaçamento entre as pessoas, higienização frequente, disponibilização de álcool em gel, uso de máscara.”
O apóstolo Sinomar Silveira acrescenta que as igrejas podem ajudar no combate ao novo coronavírus. “As igrejas evangélicas, com suas reuniões presenciais, podem contribuir e muito para conscientizar a sua membresia sobre a importância de uma higiene eficaz e responsável”, diz.
Reuniões presenciais
O Bispo Bravo diz que as reuniões presenciais não podem ser substituídas por reuniões on-line em todos os casos. “Algumas pessoas vivem em lugares sem acesso à internet ou moram com muitas pessoas, vivem no estresse, têm familiares com problemas e a igreja é um porto seguro para elas.”
Segundo o Bispo Christiano Guimarães, da Igreja Sara Nossa Terra, alguns atendimentos precisam do espaço físico da igreja, como o apoio às vítimas de violência doméstica. “A mulher fica acuada, não tem a quem recorrer e na igreja ela encontra apoio. (…). Quando a pessoa tem acesso à igreja, ela consegue alguém, mas por telefone e internet muitas vezes não tem essa liberdade”, exemplificou, em uma live, realizada em 31 de julho pelo Jornal da Record, nas redes sociais.
Comunidade
O papel das igrejas vai muito além de orações. A psicóloga Sara Rosana Souza Queiroz, (foto abaixo) membro da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, fala dos riscos do fechamento de igrejas durante a pandemia. “O impacto é negativo na medida em que impede a frequência às reuniões daqueles que efetivamente encontram amparo na Fé. Deixa de haver, também, uma orientação espiritual, além de alijá-los do convívio social, criando um isolamento que extrapola a normalidade. Muitos se sentem reclusos e alienados da sociedade”, comenta.
A igreja é o local onde a pessoa se fortalece espiritualmente, e, por estar inserida em uma comunidade de Fé, seus problemas e traumas oriundos dessa pandemia podem ser superados. Além da pessoa exercer a sua Fé, ela alimenta a esperança de dias melhores”, relata Sara.