Fugir da própria realidade ou mudá-la?

Saiba o que fez Aryanne Marques, que se afundou nas drogas e nas dores de um abuso

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Foi aos 8 anos que a empresária Aryanne Marques sofreu um abuso da parte de quem nunca imaginaria. Hoje, aos 36 anos, ela descreve que essa dor a acompanhou por anos: “ali começou meu tormento. Na adolescência, passei a usar roupas pretas, coleiras e maquiagem gótica.

Quando as pessoas me olhavam assustadas, isso me dava mais força para continuar a ser daquela forma. Logo se abriram as portas do meu coração para as drogas”. Ela lembra como esse envolvimento começou: “conheci a maconha, a cocaína, o ecstasy e o LSD aos 12 anos, por meio de amigos. Ao usar pela primeira vez, eu notei que, momentaneamente, podia sair da realidade que estava vivendo. Porém, quando o efeito passava, eu me deparava com uma depressão profunda e, por isso, a cada vez eu tinha que usar mais. Eu até faltava às aulas para ficar no cemitério usando drogas e bebendo. Aos 13 anos, a polícia me encontrou caída na frente de uma casa em coma alcoólico e, em um carnaval, passei quatro dias inteiros sem dormir, cheirando cocaína sem parar e tive uma overdose”.

Aryanne conta que seus pais não sabiam mais o que fazer para ajudá-la. “Tudo era em vão. Eu nutria um ódio muito grande contra meus pais e também contra Deus, tanto que queria afrontá-Lo. Inclusive, fui até a frente do Altar de uma igreja só para cuspir na imagem de Jesus. Eu não entendia por que aquilo tinha acontecido comigo”, diz.

AS DORES
Levando essa vida, os conflitos dela só cresciam. “Eu sentia uma dor que me sufocava. Ela era tão grande que eu marcava meu corpo com cigarro aceso para ver se diminuía. Era uma dor que me consumia e fazia com que eu sentisse vergonha de quem eu era. Eu só procurava aliviar aquela angústia, o vazio”, relata. Ela recorda que não tinha perspectiva de mudança: “era como se o mundo inteiro estivesse sendo injusto, como se alguém tivesse roubado minha inocência na infância sem que eu tivesse tido o direito de defesa. Eu não conseguia olhar para a frente, imaginar um futuro ou que eu pudesse ter marido e filhos. Eu achava que não teria a oportunidade de ser uma mulher feliz. Dentro de mim, até havia a sede de ter uma vida diferente, eu queria um recomeço, mas não tinha forças. Passei a não ter mais prazer de viver e pensei, então, em pôr um fim à vida”.

Em desespero, Aryanne juntou todos os remédios que encontrou em casa e os tomou de uma vez. “Tentei o suicídio de diversas formas. Na segunda vez, tomei desinfetante, mas nada aconteceu. Eu estava sempre maquinando alguma coisa. Cheguei a escrever umas cinco ou seis cartas de suicídio”, recorda.

UM ÔNIBUS CERTO
Ao enfrentar dificuldades financeiras, em 2012, Aryanne aceitou uma ideia que lhe pareceu que seria a solução. Só que a saída surgiu de outra maneira. “Tive amigas que fizeram propostas para que eu ganhasse dinheiro de uma forma errada e, no auge do desespero, fui encontrar com uma delas. No entanto, já a caminho, percebi que estava no ônibus errado. Foi aí que parei em frente a uma Igreja Universal.” Ali os planos mudaram, como ela detalha: “eu pensei: ‘quer saber? Não vou nem encontrar essa amiga, não. Vou entrar nessa Igreja e pedir perdão a Deus pelo que farei, que é sair daqui e me jogar na frente de um ônibus.’ Então, sentei no último banco da Igreja e me ajoelhei. Foi a primeira vez que, de fato, tive uma conversa muito sincera com Deus e, conforme eu falava, saía um peso de dentro de mim. Quando me levantei, chegou um pastor e começou a reunião. Saí dali transformada, querendo entender mais de Deus”, descreve.

Ao conhecer o propósito da Fogueira Santa, Aryanne entendeu que o que ela mais precisava era ter o Espírito Santo. Aliás, ela garante que isso foi o melhor que lhe aconteceu. “Hoje eu tenho alegria de viver, de levar para as pessoas a Palavra de Deus e mostrar que é possível ter a vida restaurada. Deus restituiu todos os meus sonhos. Sou muito bem casada, tenho filhos abençoados e uma vida que nem no meu melhor sonho imaginei que Deus poderia me dar. Com o Espírito dEle, me sinto forte e destemida, não importa a luta ou a situação que eu viva. A misericórdia dEle curou todas as minhas feridas, Ele me aceitou no meu pior estado e nem que eu vivesse um milhão de anos conseguiria fazer por Ele o que Ele fez por mim. Por isso, eu vivo para Ele, para o propósito dEle”, finaliza.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: arquivo pessoal e cedida