Governo brasileiro doou quase 800 mil reais a uma igreja lá na Palestina
A decisão não trouxe benefícios para a população brasileira
O Diário Oficial da União (DOU) da sexta-feira, dia 26 de janeiro, divulgou a doação de quase R$ 800 mil do Ministério das Relações Exteriores para uma basílica lá em Belém, Cisjordânia, administrada pelo governo palestino e pelas igrejas greco-ortodoxa, armênia e católica romana. Uma atitude no mínimo bizarra se considerarmos que, primeiramente, por meio de dispositivos constitucionais, o Estado brasileiro é laico e também que esses recursos poderiam ser destinados para áreas mais necessitadas dentro do nosso próprio solo. Ou seja: o que o povo brasileiro ganha com isso?
A desculpa dada oficialmente é que o investimento seria utilizado para auxiliar na restauração da Basílica da Natividade. Porém, por que destinar tamanho volume de recursos para uma igreja que já recebe apoio da Alemanha, Bélgica, Chile, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália, Marrocos, Polônia, Rússia, Santa Sé e Turquia (além de organizações e simpatizantes da causa)? Ainda mais em um momento que o nosso País passa por uma crise econômica-política ainda não finalizada e com mais de 12 milhões de desempregados.
E essa indagação é de muitos. Por exemplo, para o deputado federal Vinicius Carvalho, vice-líder do PRB na Câmara dos Deputados, o instituto da medida provisória está sendo tratado de forma equivocada pela Presidência da República. “Me mostre qual é a relevância e a urgência para poder adotar uma medida provisória, a fim de doar recursos ao Estado da Palestina? Eu não consegui enxergar até esse momento e gostaria que fossem apresentados, de fato, esses motivos”, comentou.
Para Persio Bider, presidente da Juventude Judaica Organizada do Brasil, a decisão só fortalece a crença de que o governo brasileiro não leva a sério a população e, ainda, faz mau uso dos recursos. “Essa questão envolve dois pontos: a minha perspectiva como judeu e como brasileiro. Como judeu, é incoerente a parcialidade do governo brasileiro a favor da Palestina. Como brasileiro, eu contribuí para os cofres públicos e, consequentemente, paguei para que isso acontecesse, em um momento em que o Brasil passa por uma grande crise econômica e política. Esse dinheiro poderia ser revertido para escolas, para a saúde e para outras políticas públicas. Faz sentido isso?”, indagou.
Portanto, o uso desse recurso em outro país para apoiar uma instituição religiosa ainda não está claramente justificado pelo governo brasileiro – e muito menos faz sentido. Qual será a nossa próxima surpresa?