Haja (im)paciência…

Ser paciente não é algo intrínseco à pessoa, mas uma virtude que pode ser desenvolvida e que traz benefícios até para a saúde

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Inúmeras situações contribuem para a nossa impaciência. O trânsito, a demora do transporte público, a lentidão da internet, a burocracia, um problema familiar, um projeto que não deu certo, um comentário do cônjuge ou de um amigo, um conflito no trabalho e a fila do supermercado são só algumas delas.

Afinal de contas, vivemos num ritmo acelerado e ele impõe pressa para realizar qualquer atividade e alimenta a impaciência. Isso, porém, é preocupante. Um estudo da Universidade Northwestern, dos Estados Unidos, descobriu que a impaciência é um fator psicossocial que aumenta o risco de desenvolver hipertensão e, consequentemente, doenças cardiovasculares. A pesquisa acompanhou 3.300 adultos com idades entre 18 e 30 anos ao longo de 15 anos. Ao final desse período, 15% deles desenvolveram hipertensão entre os 33 e os 45 anos. O artigo com os resultados foi publicado no Journal of the American Medical Association (Jama – Jornal da Associação Médica Americana, em tradução livre) e reproduzido pela Northwestern Medicine, sistema de saúde afiliado à universidade.

Os problemas da falta de paciência, contudo, não param por aí. “A impaciência, ou seja, a desregulação emocional, altera toda a qualidade de vida e os relacionamentos, traz sofrimento interno e nas relações com mais atritos, menos diálogos e menor capacidade de resolver problemas”, diz a psicóloga e psicoterapeuta Cristiane Pertusi, que é doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano.

Apesar dos indícios de que a impaciência interfere negativamente na vida das pessoas, ela é uma condição cada vez mais comum. A psicóloga Sandra Evangelista diz que isso ocorre porque vivemos uma era digitalizada e que tem modificado nossa relação com o mundo: “somos afetados diariamente por um tsunami de informações que nos sobrecarregam e não geram conhecimento. Aceleramos áudios e vídeos, produzimos conteúdos de poucas linhas e somos barrados ou excluídos ‘algoritmicamente’ porque somos frutos dessa corrida em que os vencedores são os que performam e produzem em tempo recorde”.

Vamos aprender?

Mas engana-se quem pensa que as pessoas nascem pacientes. Obviamente algumas são mais propensas à paciência do que outras, mas todas podem desenvolvê-la. Como? “A paciência é uma virtude que pode ser aprendida e o aprendizado ocorre em nosso ambiente, composto por reações fisiológicas, pensamentos, humor e comportamentos. Uma das formas mais efetivas para a regulação emocional, principalmente no desenvolvimento da virtude da paciência, é ter uma comunicação compassiva, perceber qual necessidade sua não está sendo atendida e criar melhores estratégias de comunicação, sendo claro, objetivo, praticando uma escuta ativa e garantindo que o seu receptor compreenda a sua necessidade de fato”, responde Sandra.

A melhor parte é que a paciência traz vantagens para quem a pratica. “Os benefícios vão desde maior foco, aprendizagem, qualidade de vida e melhora do sono até melhora da imunidade do corpo por conta da mente mais calma”, diz Cristiane. Ela lembra que muitos fatores podem interferir no nível de paciência. Por isso, é importante ter cuidado com as músicas que se ouve, com o que se lê, com o que se assiste, com as telas e com a qualidade do sono. Cristiane sugere alguns hábitos: “busque praticar exercícios diários de respiração e atividade física, tenha pausas para contemplar e relaxar durante o seu dia e cultive pensamentos positivos”.

Também é fruto do Espírito

A Bíblia mostra que as nove manifestações do fruto do Espírito Santo são: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5.22). Em algumas traduções bíblicas, a longanimidade aparece como paciência. No livro As Obras da Carne e os Frutos do Espírito, o Bispo Edir Macedo esclarece que “longanimidade significa firmeza de ânimo; uma tolerância paciente e generosa enquanto se espera que as coisas aconteçam”.

Como mencionado anteriormente, a paciência é desenvolvida perante dos desafios que enfrentamos. Em Tiago 1.3, encontramos essa afirmação: “a prova da vossa fé opera paciência”. Na Bíblia Sagrada com Anotações de Fé do Bispo Edir Macedo aprendemos que “isso não significa uma aceitação passiva das circunstâncias, e sim a capacidade de perseverar e de manter uma fé constante. […] No momento em que a nossa fé é testada, precisamos resistir sem nos desviar dos princípios espirituais, pois, nessas situações, muitos desanimam e são reprovados. A paciência em meio às lutas demonstra a nossa confiança na Palavra de Deus (Romanos 5.3)”.

Quando temos o Espírito Santo não estamos imunes à impaciência, mas, definitivamente, temos um Auxiliador para nos ajudar a respirar fundo diante das adversidades e confiar na Palavra dAquele que criou a paciência. Mesmo que vivamos em uma época que nos impulsione a ignorar tal virtude em prol do imediatismo, Ele ainda nos lembra que o que buscamos é eterno e não passageiro, logo, não é necessário ter pressa.

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Colaborador

Laís Klaiber / Fotos: Picsfive/GettyImages