Hidroxicloroquina: Por que tamanha censura em torno de uma medicação?
Recentemente, um vídeo que defendia o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 foi censurado pelas redes sociais Facebook, Twitter e YouTube. Até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o filho dele, Donald Trump Jr., compartilharam a publicação, que chegou a ser vista por mais de 14 milhões de pessoas apenas no YouTube antes de ser retirada do ar.
Um grupo de médicos dos Estados Unidos tinha se reunido em Washington, capital do país, para contar aos habitantes que há tratamentos efetivos para a Covid-19. De acordo com a médica Stella Immanuel, os melhores remédios são a hidroxicloroquina, o zinco e a azitromicina. Na gravação, a médica disse ter usado os medicamentos com sucesso em 350 pacientes.
O que provocou espanto foi que todos os compartilhamentos desse conteúdo foram bloqueados. Diante disso, a pergunta que fica é: por que tamanha censura em torno de uma medicação? Seria o custo do tratamento que é muito baixo ou a vontade de evitar promover aqueles que inicialmente defenderam o seu uso?
A verdade é que a cloroquina e sua derivada, a hidroxicloroquina, utilizadas para o tratamento da malária e doenças reumatológicas há mais de 60 anos, se tornaram uma arma política desde que o presidente Jair Bolsonaro e o presidente Donald Trump passaram a defender seu uso.
Aqui no Brasil isso ganhou reforço quando, em abril, depois de ser curado da Covid-19, um importante médico, então coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus em São Paulo, se recusou a informar quanto ao uso da substância em seu tratamento.
Gerou, dessa forma, um questionamento: não responder seria uma forma de não dar destaque a Bolsonaro, por conta do cargo que exercia no governo do Estado de São Paulo, considerando que o governador João Dória segue em disputa política com o presidente?
No entanto, o diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, hoje curado da Covid-19, tornou público que fez sim uso da medicação.
Neste cenário, a médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi ganhou destaque por defender a cloroquina. Ela chegou a ser cotada pelo presidente Jair Bolsonaro para ser ministra da Saúde depois que Nelson Teich pediu afastamento.
A impressão que fica é que, por ter sido o presidente Jair Bolsonaro quem sugeriu o uso da cloroquina no País, muitos, receosos do sucesso, defendem o contrário. Assim como a cloroquina, muitos outros medicamentos ainda não têm eficácia comprovada e pesquisadores do mundo todo têm buscado encontrar tratamento e até a cura para a Covid-19.
Uma pesquisa feita pela rede Prevent Senior, por exemplo, apontou resultados positivos em idosos que apresentavam apenas os sintomas e foram medicados com a droga e o antibiótico azitromicina. No estudo, o uso dos medicamentos foi capaz de reduzir em mais de duas vezes o número de internações, comparado com pacientes que não tomaram os remédios.
Segundo os pesquisadores, o tratamento poderia evitar ao menos uma internação em cada grupo de 28 pessoas que recebesse os medicamentos, diminuindo o sofrimento dos pacientes.
Outro estudo, realizado por membros do Sistema de Saúde Henry Ford, em Detroit, Michigan, apresentou resultados positivos acerca do uso de hidroxicloroquina. A pesquisa mostrou que o grupo que utilizou a droga teve a taxa de mortalidade reduzida pela metade. A equipe analisou o quadro clínico de 2.541 pacientes.
Infelizmente, o que se tem visto é que todos que defendem o uso da cloroquina bem como os estudos que comprovam alguma eficácia são perseguidos. Está acontecendo uma verdadeira guerra político-ideológica. Mas, diante das mortes, é preciso questionar: a política está acima da vida de tantas pessoas? Essas medicações não devem ser politizadas. Devem, sim, ser estudadas e consideradas por todos como uma esperança de cura.