Homem de verdade não dá “jeitinho”
Mais vale ser sábio do que “esperto”, segundo a definição brasileira da palavra, repleta de falta de ética
Dizem que “o mundo é dos espertos”. É, tem gente que pensa que, para ter sucesso, é preciso usar o que chamam de “esperteza”: passar os outros para trás por meio de artifícios nada éticos. Entra na lista o famoso “jeitinho brasileiro”, nada bem visto em outros países – e com toda a razão –, que parece ter deixado de ser exceção e virado a regra por aqui.
É coisa de moleque, que trilha sempre pelo caminho que lhe parece mais fácil, e não de homem, que faz o que deve ser feito do jeito certo, eticamente, sem prejudicar ninguém – mesmo que isso signifique perder temporariamente, mas com hombridade.
Há uma linha muito tênue entre algo que pode ser benéfico – o jogo de cintura para sair de situações difíceis, o improviso temporário, a inteligência de ver novas soluções – e uma coisa nada louvável, o “jeitinho” para levar vantagem indevida.
Homens de verdade não dão “um jeitinho”: eles fazem o que deve ser feito honestamente, com retidão, independentemente da dificuldade. Quem tem hombridade está pronto para buscar suas metas de maneira séria.
A própria Bíblia não fala sobre ser esperto, mas sim sobre ser sábio. O jeitinho é condenado: “Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica”. (Tiago 3.13-15). A sabedoria de verdade é exaltada como merece: “Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”. (Tiago 3.17).
Entram na lista dos “espertos” aquele que trai a confiança da mulher que diz amar; aquele que dirige pelo acostamento para furar a fila; o que passa a perna no sócio para ganhar mais; o que apela para o “teste do sofá” no trabalho (grave precisar escrever isso, mas, infelizmente, é necessário) para dar ou obter vantagens; o que dirige bêbado e suborna a fiscalização; o que faz acordo com o funcionário para, ao demiti-lo, receber de volta as indenizações que são dele por lei; o que sabota o projeto do semelhante; o que, nos estudos, cola nas provas ou plagia trabalhos; o que dá “carteirada” e por aí afora, em um sem-fim de “espertezas”.
“Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades”, diz, também sabiamente, Colossenses 4.5. Quem é íntegro não se sujeita a “esquemas”, não entra na nojenta desculpa de “todo mundo faz isso”. Não precisa se rebaixar a sujeiras como essas e outras.
Vale lembrar que o preço da mentira sempre é cobrado logo mais, ali na frente. Quando a máscara cai, todo o resto vai junto. Os “demônios” do fazedor de jeitinhos aparecem para assombrá-lo. Ele acha que todo mundo também trapaceia e quer passá-lo para trás, em uma constante mania de perseguição. Fora o medo de ser descoberto a qualquer momento.
É, o mundo pode ser dos espertos na visão de quem só quer vantagem sem merecer, mas o Reino de Deus é dos sábios. “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem
fazer-te sábio para a Salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3.15).
Vale lembrar, como já foi dito aqui na página do IntelliMen: “hombridade” vem do espanhol “hombre” (homem), uma palavra que designava, em sua origem, a virilidade. Coisa de homem e não de moleque que dá jeitinhos.