Jornalistas desejam a morte dos Presidentes Trump e Bolsonaro
Entenda os crimes cometidos e as possível consequências
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça é crime. A pena é de reclusão de seis meses a dois anos, segundo o Artigo 122 da constituição brasileira. Caso o crime seja praticado pela internet, em redes sociais ou lives, a pena é dobrada.
Mesmo assim, o jornalista Ruy Castro, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, afirmou que, caso o presidente Donald Trump tirasse a própria vida, tornar-se-ia “um herói, um mártir, um ícone eterno para seus seguidores idiotizados”.
É dispensável dizer que o suicídio não transforma qualquer pessoa em herói. Aliás, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), imaginar que se tornará um herói é o que faz com que muitas pessoas se matem, especialmente após cometerem genocídios.
Mas Castro foi além: após se referir ao suicídio de maneira torpe, ele orientou:
“Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais”.
Instigador arrependido
O jornalista Ricardo Noblat, por sua vez, escolheu essas palavras para divulgar o artigo de Castro. Depois da repercussão negativa, apagou a mensagem e afirmou que não desejou a morte do presidente, apenas compartilhou o texto de seu colega.
“É triste ver que pessoas públicas, que se dizem tão inteligentes, estão fazendo uso do poder e influência que têm para disseminar ainda mais intolerância”, afirmou a colunista Ana Carolina Cury, no R7. “O problema aqui não tem a ver com a política, mas sim com a responsabilidade, sobretudo, jornalística, humana”.
Desrespeito a quem sofre
“Pelo menos 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente, isso sem falar nas que tentam e não conseguem e nas milhares de famílias que têm suas vidas destroçadas por terem que conviver com esse tipo de luto”, ressaltou Cury.
Inclusive, janeiro é, desde 2014, o mês escolhido por médicos de inúmeros países para ressaltar a importância da saúde mental. O chamado “janeiro branco” funciona como o “outubro rosa”: um período de conscientização e incentivo ao acompanhamento médico para quem sofre com esse problema de saúde.
E foi esse o momento em que Castro e Noblat para instigarem o suicídio do Presidente da República. A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves repudiou esse ataque à vida:
“Se a conta deste homem não for encerrada agora, imediatamente, vai ficar muito feio para o Twitter, pois veremos que existem dois pesos e duas medidas! Além do mais incitar o suicídio é crime!”.
Aliás, o Ministro da Justiça e da Segurança Pública André Mendonça afirmou que abrirá inquérito para investigar a responsabilidade criminal de Castro e Noblat:
“Alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço. Hoje 2 deles instigaram dois Presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso. Apenas pessoas irresponsáveis cometem esse crime contra chefes de Estado de duas grandes nações. Fazê-lo é um desrespeito à pessoa humana, à nação e ao povo de ambos os países. Por isso, requisitarei a abertura de Inquérito Policial para apurar ambas as condutas. As penas de até 2 anos de prisão poderão ser duplicadas (§ 3º e 4º do art. 122 do Código Penal), sem prejuízo da incidência de outros crimes.”
Essa não é a primeira e, infelizmente, não é provável que seja a última manifestação de quem defende o “ódio do bem”. De fato, esse tipo de atitude violenta atinge inúmeras pessoas todos os dias. Clique aqui e entenda mais sobre o assunto.