Mais de 5 mil pessoas morrem vítimas de afogamento no Brasil

Veja o que fazer para se prevenir e até evitar tragédias em casa com crianças

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Com a chegada do verão e de altas temperaturas é natural que as pessoas busquem se refrescar no mar, nos rios, nas piscinas e até em locais alternativos, como cachoeiras, represas e cisternas, por exemplo. O grande problema é que muitas delas não se atentam aos riscos de afogamento nesses e em outros lugares. Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), entidade que atua na prevenção de afogamentos, a cada 90 minutos, um brasileiro morre afogado.

Diariamente, são 15 mortes e, por ano, o número chega a quase 5,5 mil. A instituição também alerta que o afogamento é a quarta causa de morte de pessoas com idade entre 5 e 24 anos, sendo que os homens morrem em média seis vezes mais.

Para David Szpilman, tenente-coronel da reserva do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (RJ), médico intensivista e secretário-geral da Sobrasa, o afogamento é causado por dois grandes fatores. “O primeiro é o risco ambiental: saber nadar numa piscina é diferente de você nadar no mar, na cachoeira, no lago ou em uma represa. É importante entender qual é a sua competência aquática. Do que eu sou capaz? Eu estou com 66 anos, posso entrar num mar de 4 metros e provavelmente não vou me afogar. Mas, se me colocarem naquele mar de Nazaré [em Portugal], de 10 metros, morro afogado”, exemplifica.

Ele afirma que não basta saber nadar. “Quando você ensina uma criança a nadar 25 metros, por exemplo, na cabeça dos pais e da criança fica uma mensagem de que ela está blindada contra o afogamento, que pode nadar no mar, na praia, no rio, no lago, na represa, mas não é verdade. É por isso que os homens morrem sete vezes mais de afogamento do que as mulheres. A mulher analisa melhor o risco, respeita os limites e não tem a necessidade de se mostrar que o homem tem. É nessa hora que ele ultrapassa o limite. De 11 a 24 anos, o homem morre 17 vezes mais do que a mulher. Isso também é potencializado pelo uso do álcool, que faz que se perceba menos o risco”, explica.

Nesse contexto, Szpilman diz que o mar é mais perigoso do que os rios. “Só que no mar, no nosso litoral todo, na maioria dos locais tem guarda-vidas. Ele coloca bandeira, observa, apita, move quem está em um local de risco antes que se afogue. Embora a possibilidade de você se afogar na praia seja maior, a possibilidade de você prevenir o afogamento e de ser salvo também é maior. O número de mortes é infinitamente menor: só 11% das mortes por afogamento acontecem em praias e 60% ou mais acontecem em rios, lagos e represas”, menciona.

Contudo, ele lembra que as mortes de crianças em casa também impactam muito. “O afogamento de crianças de 1 a 4 anos é a segunda causa de morte no Brasil. Por que isso acontece? Porque os pais não foram educados o suficiente para olhar para o risco e entendê-lo. Para uma criança de um ano e meio, dois anos, uma piscina rasa é motivo de afogamento com morte. Uma banheira, um balde, a máquina de lavar, coisas que estão dentro de casa, um local que deveria ser superseguro, e aos quais as crianças acabam mais expostas porque dependem que outra pessoa avalie esse risco e a competência aquática”, diz.

Todas essas questões, segundo Szpilman, mostram que é preciso atuar preventivamente. “Se for se banhar, procure um local que tenha guarda-vidas, seja em rio, seja em lago, represa, piscina e praia.

Essa iniciativa já baixa 60 vezes o risco de você morrer afogado. Segundo, respeite o local. Se você não o conhece, pergunte se é seguro nadar ali, entrar, se banhar e qual é o nível de segurança. No rio, geralmente, a pessoa afunda muito rápido. Qualquer água acima da cintura já tem força de arrastar você. Se você não souber nadar direito, não consegue mais voltar. Às vezes, famílias inteiras morrem porque um vai tentar ajudar o outro e também se afoga. De 15 brasileiros que morrem diariamente por afogamento, dois morrem na tentativa de ajudar”, alerta.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Getty images / Arte: Edi Edson