Muitas notícias mais enganam do que informam
Toda vez que contamos uma história é inevitável ignorar algum detalhe e dar mais atenção a outro e ainda empregar juízo de valor, achismos e sentimentos. Afinal, manter a neutralidade parece não ser tão fácil quanto parece. E, quando ouvir uma história, a versão de cada pessoa envolvida terá pontos em comum e muitos outros bem diferentes. Aliás, isso é notório nas notícias.
Então, vejamos. Em um mundo ideal, apesar de os jornalistas estarem atuando em um veículo de comunicação, seu “chefe” não deveria ser o seu superior dentro da empresa, mas sim a sociedade. Todavia os veículos se tornaram um negócio muito rentável e os papéis se inverteram: os patrocinadores do veículo mandam e desmandam e a sociedade tornou-se um bom produto. Bem, na verdade, a atenção das pessoas é o principal produto desse negócio. Ah, é! E, nessa dinâmica, as notícias são uma mera ferramenta.
Apesar de ainda existir uma parcela pequeníssima de profissionais da área de comunicação e de veículos que se empenham em ir atrás dos fatos e prestar um bom serviço, é necessário ter cautela antes de acreditar em tudo que se lê ou ouve por aí. O Próprio Senhor Jesus passou por isso. Quando Ele foi chamado diante de Pilatos e questionado “tu és o Rei dos judeus?” (João 18.33), Jesus logo respondeu: “tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-to outros de mim?” (João 18.34). Em outras palavras, Ele questionou se a dúvida de Pilatos era o que ele realmente pensava ou se ele estava apenas reproduzindo o que outras pessoas tinham dito a ele. E quantas pessoas apenas repetem opiniões alheias achando que são suas, tamanha é a manipulação que já sofreram? Muitas.
O mais preocupante nesse cenário é que nem sempre (para não dizer muito raramente) as notícias são embasadas em fatos. Elas se baseiam em rumores com a única intenção de manipular, influenciar e enganar, moldando o pensamento e até as ações das pessoas que leem, ouvem ou clicam em determinada notícia. É justamente por isso que hoje vemos o mesmo episódio ser divulgado de maneiras tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais. São sempre os extremos: de um lado há quem defenda e do outro há quem ataque. Seja qual for o lado, na maioria das vezes, eles se utilizam dos mesmos argumentos, das mesmas fontes e, provavelmente, do mesmo patrocínio. Até parece que o redator nem se deu ao trabalho de escrever ou de investigar o fato e copiou, ou seja, usou o famoso Ctrl+C e Ctrl+V.
E até a temática segue a mesma linha: escândalos ou meros rumores, tragédias ou desastres naturais, crimes ou algo fútil relacionado à vida de celebridades, etc. O fato é que tem sido cada vez mais raro encontrar notícias que realmente informam. A maioria das manchetes que encontramos no rádio, na TV, no jornal e na internet visa causar pânico, prender a atenção pelo máximo de tempo possível e, principalmente, atingir um inimigo ou vilanizar um viés político ou ideológico, uma pessoa ou uma instituição, servindo aos interesses do patrocinador, do governo ou do jornalista que está por trás da notícia. São raras aquelas que realmente defendem os interesses da população, informam algo útil para ela ou a ajudam.
E como não cair no conto do vigário, enfim, das notícias que mais enganam do que informam? Primeiramente, ao ir atrás ou receber uma notícia, você deve se fazer algumas perguntas: quem está noticiando? Qual a fonte e o veículo? No que essa informação vai me ser útil? Essa notícia tem a intenção de informar o público ou de atingir um inimigo? Obtendo essas respostas, você já diminui drasticamente as chances de ser manipulado e enganado. Não é necessário se colocar numa bolha e se isolar do mundo, mas, também, não permita que lhe coloquem numa forma e ditem como você deve pensar e agir. Por isso, tenha cuidado com os veículos de comunicação que atraem seus olhos, ouvidos e cliques. Tenha cuidado com as informações que você consome e compartilha. Tenha cuidado com as falácias, com os rumores e as narrativas contadas por aí como verdades absolutas.