Mundo em guerra: conflitos e mortes aumentam a cada ano

Confrontos registraram quase 240 mil mortos em 2022; Guerra Israel-Hamas pode agravar o quadro em 2023

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Nos últimos anos, há uma escalada da violência em andamento, por todo o mundo. Não se trata apenas das estatísticas de roubos e homicídios em uma metrópole como São Paulo ou Nova Iorque, algo que já chama atenção. Entre conflitos armados de menor porte, confrontos entre países e guerras civis de larga escala, o ano de 2022 alcançou a marca de quase 240 mil mortos — maior registro em 30 anos. Os números são do Programa de Dados de Conflitos da Universidade de Uppsala (UCDP).

Segundo a mesma fonte, os dados de mortes entre 2018 e 2020 — ainda que elevados — se mantiveram estáveis, quanto a conflitos armados e guerras por todo o planeta: cerca de 82 mil por ano. No entanto, em 2021 e 2022, tais estatísticas mudaram radicalmente. Em 2021, foram 121,2 mil mortos — um aumento de 50% em relação aos três anos anteriores. E, no ano de 2022, a soma mundial de fatalidades como resultado de confrontos armados e guerras quase dobrou em 12 meses, alcançando 238,2 mil. Vale um comparativo: segundo o EM-DAT, também em 2022, cerca de 80 mil pessoas faleceram por consequência de todos os desastres naturais no globo. O número é um terço do que os conflitos armados provocaram naquele ano.

 A partir de 2021, o crescimento das mortes em batalhas pode ser explicado, em boa parte, pelo agravamento das guerras civis no continente africano — caso de Somália, Nigéria e Etiópia. Só em 2022, de acordo com o UCDP, a Etiópia perdeu mais de 100 mil cidadãos em seu confronto interno. Já no caso de embates entre Estados, o maior de todos — vale frisar, no ano passado — continuou a ser a guerra entre Rússia e Ucrânia: em 2022, foram quase 83 mil mortos (UDCP). E, ao considerarmos todo o período entre fevereiro de 2022 e agosto de 2023, segundo números do governo dos EUA, perto de 500 mil pessoas já teriam morrido. Isto inclui, a partir de dados de setembro da ONU, quase 10 mil civis e 500 crianças.

Conflito em Israel 

Como o ano de 2023 ainda está em andamento, o UCDP segue recolhendo informações de todo o mundo. Mas o cenário, ao menos nas previsões, preocupa. A maioria dos confrontos — com exceção de Rússia-Ucrânia — até se intensificou. Pior ainda, a segunda metade de 2023 trouxe mais uma grande batalha: a chamada de Guerra Israel-Hamas.

O confronto começou em 7 de outubro de 2023, com um ataque-surpresa de guerrilheiros do grupo terrorista Hamas, que governa Gaza desde 2007. Apenas este primeiro ataque do Hamas em território israelense matou cerca de 1,2 mil pessoas, em números atualizados pelas autoridades de Israel. Até 24 de novembro de 2023, essa guerra já teria provocado, no total, cerca de 16 mil mortes, de acordo com a imprensa internacional. É importante destacar que os números não podem ser verificados de forma independente. Uma troca de prisioneiros está prevista para o mesmo dia 24 de novembro de 2023: segundo a agência Reuters, Israel deve libertar 39 detidos, enquanto o Hamas se propôs a soltar 13 reféns feitos no ataque de 7 de outubro deste ano.

Quais são as outras consequências dos conflitos no planeta, além da perda de vidas e da ruína econômica, que só aumentam a gravidade da situação? A organização sem fins lucrativos Conselho Dinamarquês para Refugiados (DRC) atua em crises humanitárias desde 1956, com foco a refugiados pelo mundo. O DRC mantém uma base de dados a respeito do “deslocamento forçado” entre países — que resulta da soma de refugiados, asilados e de pessoas deslocadas internamente (caso de quem é forçado a se mudar, mas ainda dentro de seu país). Além de desastres naturais, em muitos casos, as razões principais por trás dessas situações são conflitos armados e guerras civis.

Em relatório do mês de julho de 2023, o DRC registrou um aumento importante a respeito de deslocamentos forçados. No momento da publicação, eram mais de 108 milhões de pessoas deslocadas forçosamente pelo planeta. A situação se agravou a passos largos em 2022: ao fim do ano, foram 19 milhões de pessoas a mais a sofrer com mudanças involuntárias pelo globo, em comparação a 2021. Deste total, 16,9 milhões estariam na Ucrânia, de acordo com o Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC) — maior número já registrado para qualquer país. E, ao considerarmos o mundo inteiro até o fim de 2022, o fenômeno também quebrou recordes: 71,1 milhões em deslocamento forçado interno.

Ações sociais que fazem diferença 

Em meio ao caos social e a estatísticas preocupantes, há gente trabalhando para levar um pouco de alívio e conforto para famílias que perderam entes queridos, refugiados e outros grupos afetados por conflitos. E a guerra que mais se destacou em todo o planeta por suas consequências humanas em 2022, e até outubro de 2023, foi, de fato, entre Rússia e Ucrânia.

Além de iniciativas por todos os continentes, especialmente na África, o Unisocial — formado pela união de voluntários dos programas sociais da Igreja Universal — tem levado água, alimentos e muitos outros itens a 13 países europeus que vêm acolhendo refugiados ucranianos. Nos anos de 2022 e 2023 — em parceria com a Universal de Portugal, Bélgica, Itália e Inglaterra — a quantidade de doações chega a 1,73 mil toneladas de alimento (ou 1,73 milhão de quilos). Também já foram doadas 32 mil toneladas de água, mais de 9 mil kits de higiene e 11 mil peças de roupa, dentre outros itens, a partir das iniciativas da Igreja em favor de ucranianos deslocados internamente e espalhados por outros países.

Por meio de tais ações, o socorro da Universal alcançou quase 500 mil refugiados de guerras por todo o globo em 2022 e 2023. Apenas na Ucrânia, onde o responsável pelo trabalho evangelístico é o Bispo Tiago Casagrande, foram 458 mil beneficiados pelas ações sociais. E a ajuda é bem-vinda: o Bispo lembra que mais de 80% das pessoas na Ucrânia têm sofrido com o desemprego, pois a economia e a infraestrutura foram muito afetadas: “Isto inclui problemas como a falta de água e de energia elétrica. Especialmente, durante uma grande parte do inverno”, destaca.

Mas Casagrande entende que há ainda outros desafios ao lidar com a população ucraniana refugiada pela Europa e forçosamente deslocada em seu próprio país: “Eles estão muito feridos, magoados pela guerra. Muitos tiveram que deixar suas casas, têm parentes guerreando e até perderam familiares”. O responsável enfatiza a importância de levar uma palavra de conforto — bem como o trabalho social, que já distribuiu cerca de 120 mil cestas básicas aos refugiados ucranianos em asilos e vilarejos.

Além das famílias na Ucrânia, as ações da Universal se estenderam também a países como Polônia, Romênia, Moldávia, Estônia, Lituânia e Holanda — para onde ucranianos seguiram, em busca de refúgio. A Universal chegou à Rússia em 1997, e, desde o início da guerra, já amparou aproximadamente 500 russos deslocados internamente, por meio da doação de 4 toneladas de alimentos.

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Colaborador

Unicom / Fotos: cedidas