Na Nigéria: quase 200 mortos em ataques armados a aldeias cristãs
Entenda a perseguição que acontece no país africano
Na Nigéria, já são quase 200 mortos em ataques armados a aldeias cristãs, no estado de Plateau, região central do país.
Entenda o que está acontecendo:
- Entre os dias 23 e 25 de dezembro, vários ataques em residências e igrejas locais (na véspera das comemorações de Natal) já deixaram também mais de 300 pessoas feridas. Centenas de casas foram destruídas. A maioria dos cristãos mortos são mulheres, crianças e idosos que não conseguiram escapar durante os ataques às aldeias. Pastores e suas famílias também foram assassinados.
- A porta-voz da organização cristã internacional e interdenominacional ‘Portas Abertas’ na África Subsaariana, Jo Newhouse, lamentou a morte dos cristãos, que sofrem há anos com a perseguição islâmica na Nigéria e explicou que “as informações sobre a identidade das vítimas e a motivação dos ataques devem demorar para chegar”. Vinte comunidades foram atacadas nos últimos dias.
- Ela também pontuou que “esse tipo de ataque acontece há tempos, em que extremistas entre o povo fulani costumam atacar comunidades agrícolas cristãs”. Ainda de acordo com a organização, “o período de festas cristãs é de tensão para cristãos que vivem em áreas com presença de grupos extremistas islâmicos. Pois os jihadistas se aproveitam da reunião dos seguidores de Jesus para atacar e assassinar o maior número de pessoas”.
Mais detalhes sobre a perseguição no país:
- De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2023, a Nigéria é o país mais mortal para os cristãos. Dos 5.621 assassinatos de cristãos em todo mundo, 89% deles aconteceram no país.
- O país africano também ficou no topo da lista mundial de cristãos sequestrados, agredidos ou assediados sexualmente, casados à força ou abusados física ou mentalmente, e teve o maior número de casas e empresas atacadas por motivos religiosos.
Vamos nos unir em oração pela Nigéria:
Em nota, a União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos (Unigrejas) e o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) disseram que nos últimos anos têm acompanhado com crescente preocupação a situação crítica de perseguição e violência extrema contra cristãos na Nigéria, país que subiu da 9ª para a 6ª posição na lista dos 50 países onde cristãos são mais perseguidos por causa da fé em Jesus. E convocaram publicamente a comunidade cristã brasileira a unir-se em oração pela Nigéria.
Leia a nota na íntegra:
EM DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA, DOS DIREITOS HUMANOS E DA PAZ NA NIGÉRIA
A União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos – UNIGREJAS e o Instituto Brasileiro de Direito e Religião – IBDR, vêm a público, conjuntamente, por meio de seus representantes legais subscritos, convocar publicamente a comunidade brasileira e internacional a unir-se em defesa da liberdade religiosa, dos direitos humanos e da paz na Nigéria. Expressamos nossa solidariedade aos cristãos que enfrentam uma perseguição severa na região, exortando a todos a elevarem sua atenção, bem como orações em prol da paz, segurança e alívio para aqueles que sofrem.
Nos últimos anos, temos acompanhado com crescente preocupação a situação crítica de perseguição e violência extrema contra cristãos na Nigéria. Com uma população aproximada de 206 milhões, semelhante à brasileira, onde 100,5 milhões são cristãos, a Nigéria subiu da 9ª para a 6ª posição na lista dos 50 países onde cristãos são mais perseguidos por causa da fé em Jesus nos últimos dois anos, conforme dados fornecidos pelo Portas Abertas.
Neste cenário alarmante, recebemos com profunda tristeza e consternação a notícia de ataques terroristas coordenados por grupos islâmicos em pelo menos 20 aldeias cristãs no estado de Plateau, ocorridos nos dias 23 a 25 de dezembro. Enquanto celebrávamos o nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo, nossos irmãos nigerianos eram massacrados por conta de sua fé.
Segundo relatos de cristãos residentes na Nigéria, confirmados pelas autoridades locais, os ataques resultaram na morte de 160 pessoas e deixaram mais de 300 feridos, encaminhados para tratamento em hospitais. Estas vítimas são predominantemente mulheres, crianças e idosos, grupos vulneráveis que enfrentam maiores dificuldades para escapar dos ataques.
De acordo com a Portas Abertas, os cristãos na Nigéria enfrentam perseguição extrema devido a uma agenda organizada de islamização forçada, mais pronunciada no Norte e gradualmente estendendo-se para o Sul. Desde a adesão à sharia em 1999, essa islamização, com meios violentos e não violentos, intensificou-se, com ataques de grupos militantes islâmicos aumentando desde 2015. A violência, liderada por grupos como Boko Haram e ISWAP, resulta em mortes, danos físicos, sequestros e violência sexual, afetando principalmente os cristãos. Nos Estados com sharia, os cristãos enfrentam discriminação e exclusão, enquanto convertidos enfrentam rejeição familiar e pressões para abandonar o cristianismo, muitas vezes acompanhadas de violência física.
A UNIGREJAS e o IBDR pedem para que a comunidade internacional, bem como o Governo brasileiro, tenha uma posição firme contra a perseguição religiosa ocorrida na Nigéria e em qualquer outro país do mundo, adotando medidas eficazes para rechaçar qualquer discriminação e perseguição aos cristãos e pessoas de qualquer religião que querem apenas viver suas vidas em paz, seguindo suas doutrinas religiosas e adorando a Deus. Jesus disse: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:11-12).
Por fim, elevemos nossas vozes a Deus, implorando por Sua paz, conforto e consolo para nossos irmãos que enfrentam a angústia da perda de seus entes queridos na Nigéria – maridos, esposas, mães e filhos. Além disso, não deixemos de utilizar a liberdade que desfrutamos em nosso país para respaldar esses irmãos, tanto por meio de orações quanto através de ações concretas.
Enquanto expressamos nossa tristeza e intercedemos em oração, reiteramos que é imperativo que adotemos medidas eficazes. Com a graça de Deus, devemos buscar iniciativas tanto por parte de indivíduos quanto dos governos, visando assegurar a redução da perseguição e prevenir a recorrência de eventos tão trágicos no futuro.
São Paulo, 28 de dezembro de 2023.
Bp. Eduardo Bravo- Presidente UNIGREJAS
Dr. Warton Hertz de Oliveria- Diretor Técnico IBDR
Por Diretoria Executiva