Nadar contra ou ser levado pela correnteza?
Você já ouviu falar do “efeito manada”? Na natureza, os animais andam em grupos e seguem um líder ou a maioria como forma de se proteger. Quando aplicada ao ser humano, essa expressão é usada para designar o comportamento de uma pessoa que não é guiada por sua vontade própria, mas pela da maioria. E vemos isso todos os dias, com cada vez mais força na sociedade: pessoas agindo de forma irracional ao seguir a maioria, como destacaremos a seguir.
Neste mês, uma nova rede social foi lançada e, em poucos dias, conseguiu reunir cerca de 100 milhões de usuários em todo o mundo. Mas é impossível deixar de se questionar: para quê mais uma rede social? E quanto a você: precisa mesmo estar nela? As redes sociais que existem com suas telas infinitas já não tomam tempo suficiente? Essas e outras questões nem sequer passaram pela cabeça dos internautas que mergulharam na novidade. Nessa ansiedade de estar “na moda”, no entanto, poucos ficaram atentos aos pontos negativos, como a coleta de dados pessoais.
Depois da reclamação de alguns usuários, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) anunciou que vai investigar o caso e, em nota, afirmou que “há alegações de que a plataforma pode estar tratando dados pessoais desproporcionais, sem finalidade específica, e informações sensíveis dos usuários, incluindo dados de saúde e condicionamento físico, além de dados bancários, históricos de navegação e de compras, sem transparência suficiente e hipótese legal que a ampare”.
Outro exemplo é a tal harmonização facial. Recentemente, famosos ostentaram o resultado do procedimento que fizeram e seus seguidores embarcaram na ideia, como se tal operação fosse inadiável. Agora, muitos “artistas” estão optando pelo processo reverso, o que daqui a pouco virará moda também entre os anônimos. Os “desafios” do TikTok também merecem citação. Há poucos dias, mais um seguiu esse modismo, pulou de um barco em movimento, quebrou o pescoço e morreu.
Esses fatos provam que a moda surge, conquista multidões e logo vai embora. E o que fica? Além do prejuízo financeiro, resta, principalmente, a sensação de vazio quando a luz se apaga tanto para os que seguem os modismos citados anteriormente quanto para os que adotam as teses do “pega e não se apega” ou “todo mundo mente” ou “não tem problema trair”. Os impactos negativos deixam marcas no indivíduo e naqueles que estão ao seu redor.
Seguir o fluxo do mundo tem deixado as pessoas cada vez mais iguais, comuns e sem personalidade própria. Cair nessa onda é simples, basta se deixar levar, mas sair dela depende de uma reflexão sobre os comportamentos adotados e uma conversão para que não se morra na correnteza, mas se possa nadar rumo à ilha, cada vez mais deserta, de pessoas que mantêm seus valores e agem com a razão.