Não se cobre tanto
Ser crítico em excesso consigo mesmo pode travar sua vida em vários sentidos, inclusive no espiritual
Há pessoas que reagem muito mal depois que cometem um erro e ficam se culpando por muito tempo. Esse excesso de autocrítica pode ser prejudicial e contraproducente. Em vez de trazer resultados positivos, pode levar o indivíduo a se sentir incapaz de seguir em frente e preso em um círculo vicioso de culpa e autocondenação. Em outras palavras, a pessoa não se perdoa e guarda mágoa de si mesma, prejudicando todas as áreas de sua vida, inclusive a espiritual.
“Você se compara a todo momento com os outros? Possui um sentimento de culpa? Fica muito tempo pensando em seus erros? Recusa-se a pedir ajuda quando precisa?”, questiona o psicólogo Yuri Busin, de São Paulo, que considera: “se você pensa que esses comportamentos o ajudam a melhorar a si mesmo, está confundindo autoaperfeiçoamento com autocobrança”.
Yuri aponta que “as pessoas autocríticas em excesso têm mais probabilidade de se sentirem ansiosas e deprimidas. Elas têm menos autoconfiança em suas habilidades, o que prejudica seu potencial de sucesso”.
Razões da autocobrança
O psicólogo expõe que atualmente, estimulados por uma cultura de alta competitividade no mercado de trabalho, muitos tendem a estabelecer altos padrões para si mesmos. “No entanto, quando não atingem esses objetivos, em vez de estipular novas metas, experimentam o sentimento de frustração. A autocobrança anda de mãos dadas com a baixa autoestima. Quando você se compara com outros ou atrela os fracassos à sua autoestima, não é fácil ser gentil consigo mesmo”, considera.
Diante disso, a pessoa passa a ser dura consigo mesma, segundo Yuri, “o que inclui autocensura, autocrítica, autojulgamento, autopunição, emoções negativas, crenças limitantes, preocupação extrema com seus erros ou falhas e uma cobrança pela perfeição”. Para ele, “as pessoas que são autocríticas olham para sua vida e veem todas as áreas em que não são perfeitas. Elas ignoram todas as outras coisas que são positivas”.
Ele esclarece que abandonar a severa autocrítica beneficiará a pessoa. Mas como fazer isso? Yuri explica: “com um pouco de perseverança e esforço é possível construir a sua autoestima e ter uma vida mais feliz”.
Críticas do jeito certo
Yuri ressalta que “a autocrítica em doses positivas, para ser usada em prol do autodesenvolvimento e não da autodegradação, ajuda as pessoas a terem uma carreira mais bem-sucedida, melhores relacionamentos, mais autoconfiança e melhor comunicação geral”.
O psicólogo lembra que ninguém é perfeito, mas está aprendendo e crescendo a todo momento. “Aconteça o que acontecer, você sempre fará o seu melhor com o aprendizado que adquiriu ao longo da vida. Assim, diminuir a autocobrança significa mostrar gentileza, respeito e amor por si mesmo”, finaliza.
Como controlar a autocobrança
Confira as sugestões do psicólogo Yuri Busin
Tenha metas realistas: ninguém é perfeito e a vida também não é. Os erros existem para que você aprenda com eles. Portanto, estipule metas que consiga alcançar. Concentre seus esforços em coisas nas quais você tem controle e se comprometa com uma vida de aprendizado e autoaperfeiçoamento.
Procure lições em tudo: quando algo não ocorrer conforme o planejado, reconheça o que deu errado e procure aprender com o que aconteceu. Algumas autocríticas são bem-vindas, contanto que você mantenha a mente em algo que contribua com seu desenvolvimento. Diante de um fracasso, pergunte-se o que você aprendeu e o que pode fazer diferente da próxima vez.
Pare de pensar negativamente: pensamentos negativos distorcem a realidade. Portanto pare de pensar só nos seus erros, pois isso é um desperdício de energia. Desafie a negatividade e concentre sua energia em evoluir. Até mesmo nos maiores fracassos há pontos positivos. Por exemplo: se você perdeu uma vaga de emprego com que tanto sonhava, terá a motivação para se preparar mais, melhorar suas habilidades e conquistar um cargo melhor. Não passou no vestibular? Terá mais um ano para estudar e conseguir uma vaga em uma universidade melhor.
Trate a si mesmo como um amigo: ame-se como uma pessoa imperfeita. Todos estão experimentando coisas novas, cometendo erros e crescendo durante a vida. Por isso, foque no seu valor e seja grato por suas conquistas. Lembre-se do que faz de melhor e das coisas de que gosta em você e em sua vida. Escrever seus pensamentos em um diário e consultá-lo regularmente ajuda a diminuir a autocobrança.
Cuidado com o excesso de redes sociais: nos dias atuais muitas pessoas estão sempre conectadas, mas não notam o quanto isso pode estimular a ansiedade, a comparação, os sentimentos negativos, etc. Comparar a própria vida com a de outros pode gerar pensamentos como “fulano está viajando, eu continuo aqui. Ciclano já comprou sua casa e eu continuo sem ter um lugar próprio” e isso gera mais ansiedade e excesso de autocobrança. As redes são boas ferramentas, mas seu uso deve ser sempre consciente. Então, estipule horários para usá-las.