Não seja o “homem de um assunto só”

Combata a tentação de se alienar e dar atenção a somente um tipo de interesse

Imagem de capa - Não seja o “homem de um assunto só”

Sabe aquele sujeito que só sabe falar de futebol? Pois é, todos conhecemos pelo menos uma pessoa assim. Ele já chega falando sobre o jogo da véspera, a escalação desse ou daquele time ou faz comentários negativos sobre a equipe adversária.

Não há nada de errado em gostar de futebol e conversar sobre o tema, desde que seja de forma racional, não tratando o esporte como praticamente uma religião, como muitos fazem e até brigam ou matam por ele. É muito legal conversar com quem entende do assunto, assistir às partidas com os amigos, fazer uso salutar do esporte, que é o modo como ele foi concebido para ser aproveitado.

E, se o chato do futebol existe, também existem os chatos em relação a outros assuntos. Há os que só falam de trabalho (e mais falam dele do que trabalham), outros que só falam de carros e tem aqueles que gostam de bancar os “pegadores” e só falam em mulher. Exemplos de homens “sem assunto” não faltam.

Para esse tipo de homem, a conversa tem que girar em torno daquela paixão. Quando o papo toma outros rumos, ele vira um peixe fora d’água.

Mas quem aguenta conversar com um bitolado? É impossível manter cinco minutos de diálogo com alguém assim. Ele é chato e desinteressante fora do pequeno círculo que, como ele, só tem um assunto.

Um homem inteligente não precisa ser uma enciclopédia, saber ou querer opinar sobre tudo, mas precisa, sim, estar atento ao que acontece ao seu redor, se comunicar e discutir alguns dos fatos mais importantes da sociedade em que vive. É importante saber se informar e, tendo opiniões, saber expressá-las sem achar que são as únicas válidas, respeitando as contrárias, sem provocar conflitos desnecessários.

E ser bem informado não precisa ser algo forçado. O próprio fato de ter interesse e refletir sobre algo cria uma opinião que combina com os valores desse homem. Não faz muito tempo, era raro ver um chefe de família que não lesse, pelo menos, um jornal ou não assistisse ao noticiário na TV, o que influenciava os filhos. Em tempos de internet, vale usá-la de forma inteligente para se informar, em vez de perder tempo com bobagens. Se alienar nunca foi bom. Há quem diga que “a ignorância é uma bênção”. Esses são os ignorantes.

O homem inteligente é interessante, tem profundidade sem parecer que sua opinião é a única correta, conquista o interlocutor com ênfase que dá aos fatos e às informações e não ao próprio ego. E tem mais: ele não se envergonha de não saber algo, o que é bem melhor do que fingir que sabe e falar besteira. Aliás, admitir desconhecimento pode, inclusive, despertar um novo interesse, uma oportunidade de aprender mais.

Para isso, é necessário saber citar mais do que a escalação de 1990 do seu time. É preciso falar sobre outras coisas, além da mais recente “melhor série de todos os tempos”. É fundamental não causar sono nos amigos desfilando durante quatro horas e meia o mesmo argumento.

E, quanto ao aspecto espiritual, não é necessário ser insistente ou petulante. Basta manter uma conduta real de cristão – que fala mais do que mil palavras. O próprio Senhor Jesus fazia isso. Ele sempre usava exemplos do comportamento cotidiano para contar suas parábolas e pregar sobre vida em família, trabalho, política, etc. Assim ele conquistou e segue conquistando a atenção de milhões.

Para não ser o homem de um assunto só, saiba abrir os olhos, apurar os ouvidos e dar atenção ao que ocorre ao seu redor. Como fez o próprio Messias, Deus está entre nós, mesmo já, literalmente, sabendo tudo.

imagem do author
Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: getty images