Não vacinado é vítima de charge violenta e pode ser impedido de votar
Jornal alemão publica imagem em que mostra jogo de ódio que estimula atirar neste público. Enquanto isso, no Brasil, deputado cria projeto que sugere que apenas vacinados participem do pleito
Desde o seu início, a campanha de vacinação contra a Covid-19 formou dois grupos: o dos que acreditam que a vacina é a única esperança para vencer a doença e o daqueles que não creem na eficácia dela. Porém, a quantidade dos que estão se imunizando é maior. Neste cenário, com o avanço da imunização, as nações têm buscado maneiras para voltar à normalidade. Porém, muitas estratégias estão disseminando o ódio e excluindo quem não tomou nenhuma dose.
Recentemente, o jornal alemão Augsburger Allgemeine publicou uma “sátira” nada engraçada em sua edição impressa em que aparece um homem jogando videogame e gritando as seguintes palavras contra quem não se vacinou: “Vou te pegar, negacionista”. Ao mesmo tempo, surge na tela uma pessoa sendo alvejada por uma arma de fogo.
O Augsburger Allgemeine é considerado um grande jornal alemão, o que nos faz pensar que a charge — que não tem nada de engraçado — traz reflexões importantes sobre a cultura do ódio.
No Brasil não está acontecendo de forma diferente. Entre tantas medidas que vêm sendo analisadas, um projeto de lei que visa impedir eleitores não vacinados de votar nas próximas eleições foi protocolado. O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), autor da ideia, afirma que o passaporte sanitário deve ser exigido para que o cidadão participe do processo eleitoral.
Atitudes irracionais
As “estratégias” de fazer o não vacinado alvo de preconceito, um cidadão menos importante e sem acesso a direitos básicos como o de ir e vir com certeza não o convencerão a se imunizar. Porque, se a ideia fosse a conscientização, deveria haver um incentivo positivo para que as pessoas se vacinassem, e não o que estamos vendo: festa de Carnaval mantida, shows com aglomeração e sem uso de máscaras etc.
Essas restrições tornam-se ainda mais questionáveis quando argumentamos a respeito do risco de contaminação, uma vez que, infelizmente, casos das novas variantes estão sendo detectados em pessoas vacinadas.
Todos os pontos de vista nos levam à conclusão de que não é racional agir de forma vingativa contra quem não se imunizou. Os cidadãos já foram muito prejudicados pelas restrições sanitárias e políticas que foram postas em prática. Dessa forma, o radicalismo não fará com que essa parcela da população mude de ideia. Afinal, se houvesse o real interesse em ajudar, as atitudes deveriam ser outras, não é mesmo?