No Brasil, religião dificulta acesso a métodos contraceptivos

Essa dificuldade pode gerar prejuízos até para quem ainda não nasceu

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No Brasil, a religião dificulta que mulheres tenham acesso a métodos contraceptivos. Isso é o que revelou a pesquisa “Barômetro latino-americano sobre o acesso das mulheres aos contraceptivos modernos”, que foi realizada por diversas ONGs na América Latina para estudar países da região.

De acordo com o estudo, embora o Brasil conte com uma das legislações mais avançadas em relação a métodos contraceptivos na região e distribua preservativos masculinos na rede pública de saúde, ainda deixa muito a desejar no ensino do tema e na prevenção da gravidez indesejada.

No país, por exemplo, não existem campanhas educativas sobre o planejamento familiar e aulas de educação sexual nas escolas não são obrigatórias. Para a socióloga brasileira Jacqueline Pitanguy, “além dessas políticas reduzirem o índice de gravidez na adolescência e os abortos clandestinos, as mulheres que conseguem planejar a gravidez têm condições de desempenhar um papel mais ativo na sociedade e dar aos seus filhos melhores condições de vida”.

Um dos dados mais alarmantes do estudo é a influência da religião nas políticas públicas de educação e contracepção. No Brasil, assim como nos outros países pesquisados, a religiosidade da sociedade e dos políticos responsáveis limita o uso de protocolos e a participação de profissionais em determinados treinamentos, consequentemente limitando a informação e os benefícios disponibilizados à sociedade.

Conforme explicou Pitanguy, esse cenário pode prejudicar a saúde e a qualidade de vida de milhões de pessoas, inclusive das que ainda não nasceram.

Religião hipócrita

Em seu blog pessoal, o bispo Edir Macedo alerta para o perigo de seguir regras morais que se afastam da razão e até mesmo da Bíblia, mesmo quando dizem agir em nome de Deus.

“É interessante observarmos que em apenas 26% dos países do mundo o aborto ainda é crime. Cabe salientarmos que esses países estão na América Latina, África e Ásia, que normalmente são dominados por ditaduras religiosas, econômicas e políticas. Não estamos, em hipótese alguma, promovendo o aborto, uma vez que podemos imaginar quão difícil é para uma mulher tomar essa decisão”, destaca o bispo. Entretanto, ele acrescenta: “Permitir que uma criança indesejada venha ao mundo em uma família desestruturada, sem condições de lhe oferecer uma vida minimamente digna, expondo-a à violência, maus-tratos, perda da autoestima e tantas outras mazelas, não significa dar um ser à luz, mas sim condená-lo à morte; uma morte social e psicológica, que vai gerar a pior de todas as mortes: A ESPIRITUAL.”

O bispo explica que a fé não serve apenas para alcançar a Salvação após a morte do corpo, mas também para fazer as pessoas “terem firmeza em suas decisões que vão lhes proporcionar qualidade de vida”. Entre essas decisões, o planejamento familiar.

“As crianças que andam pelas ruas, entregues à própria sorte, não nasceram; elas foram jogadas no mundo, como fruto da inconsequência e da irresponsabilidade de adultos despreparados, muitos deles que apenas repetem a história de abandono e omissão da qual também foram vítimas. Essas crianças, primeiro, são odiadas por seus genitores e depois passam a ser odiadas pela sociedade. A mesma sociedade que levanta a bandeira do direito à vida é capaz de virar o rosto em atitude de asco, e atravessar a rua para não passar perto de um menor indigente estirado no chão, cheirando a fezes e urina. O nome disso é hipocrisia”, afirma o bispo.

Religiosidade x Fé inteligente

O próprio bispo Edir Macedo conta que, em seu casamento, quando a sua esposa esteve impossibilitada de tomar anticoncepcional, o casal optou pelo uso de preservativo:

“Por que fiz isso? Porque não reunia condições econômicas para ter filhos. Foi uma questão de fé. Não perguntei a ninguém se era ou não pecado. Simplesmente usei a minha convicção pessoal para decidir o que fazer. A fé inteligente nos faz decidir, com firmeza e segurança, o que é melhor.”

Você pode entender melhor o posicionamento do bispo Edir Macedo e da Universal sobre planejamento familiar clicando aqui.

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Colaborador

Por Andre Batista / Imagem: Thinkstock