O grave defeito do substituto do prefeito de São Paulo

O preconceito descarado de parte da mídia contra evangélicos ataca novamente

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Do dia 13 ao dia 17 deste mês, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, estará em viagem internacional para uma conferência sobre o clima. Atualmente, São Paulo não tem vice-prefeito. Quem poderia substituí-lo? A lei dá a lista, dentro da Câmara Municipal. Porém, ao saber que o vereador que vai ocupar a cadeira é também bispo licenciado da Universal, o UOL — quase sempre ele — não se conformou. E tenta, em uma nota assinada por três jornalistas, convencer o leitor de que isso seria uma grave notícia.

Começa alertando, no título, que São Paulo pode ter um bispo da Universal como prefeito. No primeiro parágrafo, timidamente, aparecem as palavras “bispo licenciado”, que, caso houvesse interesse em informar, esclareceriam que Atílio Francisco, o tal vereador, não exerce o sacerdócio.

Quem lê o texto tem a impressão de que Atílio foi escolhido aleatoriamente, ou — pior — que foi escolhido por ser da Universal, já que é feito um esforço indescritível para associar toda a sua atuação política a um viés religioso. Outro veículo que reproduziu a matéria fez o título “quem é o bispo da Universal que pode assumir a prefeitura de São Paulo na ausência de Nunes”, como se a questão religiosa tivesse alguma relevância para a compreensão do fato. Por que não “quem é o vereador que pode assumir a prefeitura na ausência de Nunes”? De repente, Atílio perde o nome, é despersonalizado, e toda a sua atuação política é apagada e substituída por uma atuação evangélica, para delinear uma leitura preconceituosa. Voltamos aos tempos em que ser evangélico era motivo para apedrejar alguém.

Por que Atílio?

Qual foi o critério usado para selecionar Atílio? Nenhum dos três repórteres se dignou a informar detalhadamente, preferiram se resumir à fofoca: “sabia que ele é bispo licenciado da Universal?”

Por lei, na ausência do prefeito, ele é substituído pelo vice. Na ausência do vice, pelo presidente da Câmara, e na ausência deste, pelo 1º vice-presidente da Câmara. Se ele também não puder, o 2º vice-presidente assume a cadeira. É este o caso. O vereador Atílio Francisco substitui o prefeito porque os demais não estavam disponíveis, e ele, em 15 de dezembro, foi eleito 2º vice-presidente da Câmara Municipal. Mas o UOL não acha que isso é importante. Importante é a religião do vereador.

Nessa eleição, foram escolhidos o presidente, o 1º vice-presidente, o 2º vice-presidente, o 1º secretário, o 2º secretário e seus suplentes, além do novo corregedor-geral da Câmara. Mas o UOL não quer que você saiba disso, nem entenda as atribuições de cada um desses cargos. O importante é a igreja do vereador.

Atílio Francisco recebeu a confiança de quem o elegeu, certamente por sua atuação na vida pública e por seu caráter. Se toda a sua atuação se resumisse a questões religiosas, como a matéria faz parecer, certamente nunca seria eleito para nada dentro da Casa. Mas isso não importa ao UOL. O importante é alardear que teremos um cristão como prefeito por cinco dias.

O vereador assumiu o primeiro mandato 23 anos atrás, e hoje está em seu sexto mandato, foi relator do orçamento por três anos seguidos, é vice-presidente da comissão de finanças da Câmara Municipal e autor de mais de 200 projetos para beneficiar a população de São Paulo, principalmente nas áreas de saúde, educação e meio ambiente. Entre eles, o que propõe a obrigatoriedade da prefeitura na locomoção de enfermos, e a emenda que levou à canalização do córrego Diniz, ajudando a população do Campo Limpo, que sofria com as enchentes. Além de diversas outras obras de revitalização de áreas públicas, emendas para hospitais e apoio a centenas de ONGs. Mas para o UOL, você não precisa saber de nada disso, importante mesmo é o fato de ele ser evangélico.

O bicho-papão

A matéria segue, até o final, tentando passar a impressão de que Atílio trabalha exclusivamente para a igreja, minimizando sua atuação política e denunciando, nas entrelinhas, uma ameaça velada que só os preconceituosos são capazes de entender. É como se o título atribuído a ele fosse um tipo de bicho-papão autoexplicativo: “não veem? Ele é bispo licenciado da igreja Universal!”. Ainda completam com uma fala do prefeito: “Estou tranquilo, disse o prefeito sobre o tempo que ficará fora” — quase como se dissessem “nós não estamos”.

Quantas vezes na história um prefeito de São Paulo foi substituído pelo segundo vice-presidente da câmara? Seria esta a primeira? O UOL não se importa. Notícia é sacar um preconceito da cartola, na tentativa de fabricar um espetáculo de ilusionismo midiático.

Atílio Francisco segue fazendo o seu trabalho. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo de alguns veículos de comunicação.

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Colaborador

Da redação/ Foto: iStock