O impacto da alfabetização na formação do cidadão

O número de pessoas que não sabem ler e escrever no Brasil supera 9 milhões

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Ler uma placa informativa, o rótulo de um alimento ou mesmo uma receita médica. Essas são ações simples, que passam despercebidas para a maioria dos brasileiros, mas não para todos. Isso porque, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 9,3 milhões de analfabetos, ou seja, pessoas que não sabem ler e escrever. Cidadãos que por inúmeros motivos não tiveram acesso à educação e hoje se veem limitados.

A alfabetização tem um impacto profundo na vida de uma pessoa em termos de dignidade, desenvolvimento pessoal e oportunidades. “A alfabetização proporciona à pessoa o acesso à informação e, consequentemente, à capacidade de tomar decisões informadas, aumentando sua autonomia e autoestima. Além disso, a pessoa alfabetizada é vista frequentemente com mais respeito e consideração”, explica a pedagoga e gestora escolar Robelia Barreto. “Em termos de oportunidades de vida, a alfabetização abre portas para melhores empregos e salários, impactando a qualidade de vida das pessoas e de suas famílias, sendo considerada uma ferramenta poderosa para romper ciclos de pobreza”, completou.

É bem verdade que a taxa de analfabetismo no País tem caído. Segundo o último Censo, realizado pelo IBGE em 2022, a parcela da população que não sabia ler e escrever um bilhete simples era de 7%, enquanto em 2010 estava em 9,6%. Mas ainda há muito a ser feito, já que a educação é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal.

Fatores que impactam

O impacto da alfabetização na formação do cidadão

A questão educacional no Brasil não é um problema atual e está relacionada a diversos fatores, como a falta de investimentos. De acordo com o relatório Education at a Glance 2023, o Brasil investe menos em educação do que os países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o relatório, em 2020 o Brasil investiu R$ 21,5 mil por estudante, enquanto os países da OCDE investiram, em média, R$ 57,8 mil. Além do baixo investimento, muitas vezes os recursos ainda são usados de forma ineficiente.

Um outro estudo internacional, realizado em 2021 em 65 países, colocou o Brasil em uma das últimas posições quanto a alfabetização, ficando à frente apenas de Irã, Jordânia, Egito, Marrocos e África do Sul. O maior percentual de alfabetizados foi identificado na Rússia, que após uma série de guerras adotou uma política radical de instrução pública para alfabetizar a população. Estima-se que entre 1920 e 1939 o número de russos de 9 a 49 anos de idade alfabetizados saltou de 44,1% para 89,1%.

Já no Brasil esse salto de aprendizagem não aconteceu. No estudo mencionado, por exemplo, o que chama atenção é que a participação do País se deu por meio de quase cinco mil alunos do 4º ano do Ensino Fundamental e apenas 13% deles poderiam ser considerados proficientes em compreensão leitora. Isso aponta para o analfabetismo funcional, ou seja, a incapacidade de interpretar textos de todos os demais participantes.

Metodologias inadequadas, infraestrutura precária, desigualdade regional e educação continuada ineficiente são alguns dos fatores que contribuem para essa defasagem. “Muitas vezes o ensino é focado na memorização e não no desenvolvimento da compreensão crítica e prática da leitura e escrita”, destaca Robelia. “Além disso, muitas escolas sofrem com a falta de recursos materiais e de professores, quadro que é ainda pior nas áreas mais vulneráveis, agravando as desigualdades”, completa.

Tomando as rédeas

Para corrigir esse percurso inadequado seguido pelo Brasil é preciso esforço e trabalho coletivo, começando pela valorização dos profissionais da educação. “Uma das estratégias para acelerar a alfabetização funcional é investir na capacitação dos professores para utilizar metodologias mais eficazes que promovam a compreensão crítica. Além disso, criar iniciativas que envolvam a comunidade na promoção da leitura e da escrita”, afirma ela. Melhores remunerações dos profissionais envolvidos e mais infraestrutura também são essenciais.

Sem dúvida, as ações governamentais são essenciais para mudar esse quadro e o nosso papel, enquanto cidadãos, é cobrarmos os governantes e ficarmos atentos às eleições municipais, uma oportunidade de ouro para escolhermos prefeitos e vereadores que se importam com a educação. Temos visto muitos discursos rasos e provocações entre os candidatos, mas quais são aqueles que realmente têm uma proposta para a educação municipal com foco real na aprendizagem?

Analisar o plano dos candidatos para a educação é nosso papel, portanto, vamos desempenhá-lo com consciência.

Projeto Ler e Escrever

Uma forma de levar a alfabetização a quem não teve oportunidade ainda na infância é por meio de projetos sociais. A Universal, por exemplo, conta com o projeto Ler e Escrever que oferece aulas gratuitas para pessoas analfabetas de 15 a 90 anos. Presente em todos os Estados brasileiros, o projeto atua em parceria com o grupo Calebe. Para mais informações, procure a sede estadual da Universal em seu Estado ou entre em contato com o grupo Calebe pelo telefone (11) 2178-1191.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Cabuscaa, FG Trade e Ildo Frazao/GettyImages e Reprodução